Para o futuro, um país de verdade

Joguinhos de palavras à parte, vivemos em um país de verdade, real. Ocorre que a realidade é tenebrosa e, infelizmente, com grande possibilidade de piorar ainda mais. Querer o que para o futuro, portanto?

Na melhor das hipóteses, que o tal país para os nossos filhos ao menos garanta-lhes a possibilidade de poderem sustentar suas opiniões sem levarem bala na testa ou facada no bucho.

Não obstante, esse país minimamente tolerante e justo passa por momento decisivo, posto ser do resultado destas eleições as consequências determinantes para o futuro.

E, então, o grande dilema eleitoral: nem todos querem harmonia, tampouco a mesma coisa. Inacreditável e surpreendentemente, muitos preferem um futuro sombrio, claramente ignorando as naturais perversidades do autoritarismo.

A equivocada opção acontece em nome de suposta “mudança” extrema, rogada para exterminar com todos os problemas nacionais de um instante a outro, miraculosamente.

Mas, calma! Fé em Deus, sim, mas sem qualquer desrespeito ao estado laico e com os pés no chão. Milagres não são banais e, neste momento, já é de se questionar se um povo a dar cada vez menos valor à vida do próximo, ao respeito, à dignidade e às liberdades individuais, de fato, merece a benevolência divina…

Figuradamente, incontáveis brasileiros parecem estar entorpecidos, dançando lambada à beira do precipício, ignorando que um simples descuido pode levar a todos para o fundo de um buraco econômico e social, de cuja a escalada à luz levaria outros tantos anos, senão décadas.

E tanto faz se essa balada satânica acontece à margem esquerda ou direita da brecha maldita. O extremismo é sempre prejudicial a todos, indistintamente.

Por certo, muitos são induzidos a erro, acreditando estarem seguindo no melhor caminho enquanto ajudam a empurrar o país ao fosso da desagregação social e caos econômico.

No entanto, já é hora de dar mais atenção às informações corretas, a partir de fontes confiáveis, em detrimento às fake news e aos sectarismos onipresentes nas redes sociais.

É termo da moda a expressão “influenciador” – a figura que atinge grande público por meio da internet. Pois bem, se esse indivíduo é influenciador, aquele que o acompanha é o que, senão “influenciado”?

O cidadão brasileiro, se busca mesmo um futuro menos tenebroso, antes, precisa não se deixar influenciar por mal-intencionados – precisa ter mais personalidade própria, em outras palavras…

Para tanto, não pode prescindir de um mínimo de trabalho na busca de informações e consequente reflexão, afastando-se da condição de mero gado em meio à manada digital, levada a bater os chifres desembestadamente.

Refletir, por exemplo, que o agressor, a despeito de quem seja e contra quem tenha atacado, deve ser punido, sempre e sob o maior rigor da lei. Ponto!

Também, que não é correto, tampouco justo, culpar a vítima pela agressão sofrida – a princípio, algo a denotar oportunismo e covardia. No entanto, não deixar de observar que, se gentileza atrai gentileza, a brutalidade e os discursos de ódio não têm como resultar em perfumados lírios no campo político.

Observar, com muita atenção, todos os postulantes e exercitar o pensamento, intuindo sobre quais inspiram ódio. Imaginar se este ou aquele – que lhe parece melhor, ou menos ruim – provoca a inquietação ou instiga a conciliação.

(Um pensamento interessante: imagine o candidato de sua predileção levando um soco no queixo. Se a cena não lhe causa “tanta” estranheza, é porque ele não possui perfil de um verdadeiro líder nacional, capaz de inspirar admiração, respeito e confiança para unir a nação).

O eleitor ainda precisa entender outro ponto vital: que voto branco e nulo não são “sinais de protesto”. Na prática, são ótimos e podem ser determinantes, exatamente, a favor dos extremistas.

Da mesma forma que vaquinha de presépio não tem direito a voto na política da fazenda, influenciados por equívocos apenas se colocam à parte das decisões do curral nacional quando, deliberadamente, abrem mão do maior direito de exercer a cidadania.

Por tudo isso, é imprescindível, sim, pensar no futuro, raciocinar sobre o país que queremos, não apenas para nós, mas para nossos filhos e netos.

Muito além da competência e da honestidade, a delicadíssima condição política nacional já impõe outras prioridades, como a manutenção da própria democracia e o resgate imediato dos valores de tolerância, harmonia e paz – fundamentais a um país de verdade.