Chico Pereira ganha hino e projeto de videodocumentário em produção





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Busto em homenagem a Chico Pereira

 

Citado no livro Confiteor, de Paulo Setúbal, Francisco Evangelista Pereira de Almeida, o Chico Pereira, está prestes a ganhar mais uma homenagem póstuma. Um dos mais ilustres cidadãos de Tatuí, o professor virou hino que será cedido para a escola estadual a qual é patrono. A apresentação da música acontece na manhã desta segunda-feira, 11, durante o desfile cívico de 11 de Agosto.

O projeto surgiu a partir de iniciativa de docentes da Escola Estadual “Chico Pereira”. A ideia original era produzir um videodocumentário sobre a vida do patrono. No entanto, a proposta aumentou, com a colaboração do professor Pedro Henrique, e do maestro Marcelo Afonso, da Associação Cultural “Pró-Arte”.

O hino começou a ser produzido há dois meses, tendo sido baseado em poesia escrita por Henrique. Professor aposentado, ele passou a ajudar os docentes da escola estadual depois de receber um convite para auxiliar na captação de imagens.

Henrique e um dos professores da unidade participaram de uma oficina de produção de videodocumentário, em 2012. A partir dos conhecimentos, a escola passou a trabalhar a proposta, de modo a obter depoimentos de pessoas ligadas ao patrono, que conviveram com ele ou que tinham algum registro.

“Ele (Henrique) foi convidado a fazer um levantamento do histórico do Chico Pereira. Entrevistou pessoas, e, depois, veio falar comigo”, comentou Afonso.

O maestro recebeu do professor uma poesia sobre Chico Pereira que passou por “lapidação”. “Ele a trouxe para mim e eu dei uma organizada”, descreveu ele.

Afonso relatou que realizou pesquisa para a construção do hino e acrescentou, ainda, melodia e arranjos. De modo a “fidelizar” a letra da música, ele consultou a “biografia mais fiel” de Chico Pereira: o livro de Paulo Setúbal.

Partindo da estrofe “Chico Pereira, escola querida, Chico Pereira, escola bendita, Chico Pereira, mestre imortal na caridade e educação”, ele adicionou os demais “ingredientes”. A melodia surgiu às 4h da manhã de um dia da semana, horário no qual o maestro costuma iniciar suas atividades.

“Daí, comecei a escrever no computador. Às 7h, já estava pronto”, descreveu. Na semana seguinte, o maestro entregou o hino para a escola. Conforme ele, alunos e professores já estão ensaiando para apresentá-lo nesta segunda.

Além da melhoria, Afonso produziu os arranjos de piano e para banda. O resultado será entregue na solenidade de 11 de Agosto para a diretoria da escola estadual. Uma cópia do trabalho também será cedida ao prefeito José Manoel Correa Coelho, Manu.

O hino é resultado de trabalhos voluntários e, para o maestro, uma oportunidade de resgatar o civismo e o respeito. “Eu até fomentei, há uns anos, a ideia de cada escola ter seu hino, porque é interessante”, comentou o músico.

Em Tatuí, possuem hinos as Emefs (Escolas Municipais de Ensino Fundamental) “João Florêncio”, “Eunice Pereira de Camargo” e “José Tomás Borges”. O hino dessa última foi gravado por grupos do Conservatório de Tatuí.

Afonso citou que o resultado é “muito interessante para o aluno”. Na “Eunice Pereira”, ele afirmou que há solenidade de hasteamento das bandeiras com execução de hinos que acontecem toda quarta-feira, pela manhã e à tarde.

Egresso da Escola do Sesi (Serviço Social da Indústria) e da “João Florêncio”, o maestro comentou que os atos ajudam na formação dos estudantes. Além do trabalho voluntário junto à unidade escolar, ele comanda a Associação Cultural “Pró-Arte”, entidade “sem fins lucrativos e dividendos”.

Por meio da instituição, ele atende 60 crianças da rede pública. Elas frequentam curso de música gratuito, que é ministrado as terças, quartas, quintas e sextas-feiras, no horário das 19h às 22h. Também formam a Banda de Jovens.

Também colaborador do projeto, o professor Pedro Henrique começou a apoiar a escola a partir da ideia do videodocumentário. Inicialmente, ele passou a organizar entrevistas, passando, depois, a garimpar personagens ligadas a Chico Pereira.

Uma das mais importantes é Dirce Graziano, falecida aos 97 anos de idade. “Fiz uma gravação com ela em dezembro do ano passado. Ela conheceu ele (Chico Pereira) quando era criança. Tinha lembranças e curiosidades”, disse Henrique.

A exemplo do maestro, o professor iniciou as pesquisas sobre o patrono da escola no livro de Paulo Setúbal. Da referência em diante, ele passou a visitar lugares, como o Lar São Vicente de Paulo, lar da “última morada” de Chico Pereira e entidade que ele ajudou a fundar, integrando as primeiras comissões.

Incluiu, no trabalho, a existência da lei municipal 3.868, de 15 de setembro de 2006, que criou o “Dia de Chico Pereira”. A data é celebrada em 12 de agosto. No mesmo ano, Chico Pereira ganhou um busto produzido por Cláudio Camargo.

Somando-se ao hino, a escola fará uma homenagem a Chico Pereira com cenários como a casa dele. Segundo Henrique, o trabalho está sendo organizado pelo professor Ismael Cleto, conta com colaboração de Angélica Prestes.


 

Hino a Chico Pereira

O homem mais rico da minha terra
Citado por Paulo Setúbal,
Das páginas do livro Confiteor
De grande beleza sincera

Rico sem ter riqueza
Rico de paz e amor
Conforme ensinou o evangelho
Ditado por nosso senhor

Chico Pereira, escola querida
Chico Pereira, escola bendita
Chico Pereira, mestre imortal
Na caridade e educação