MEMÓRIA – Meu trabalho, minha vida

Lindiomar Fornazari Pires (14/02/1927 – 20/02/2022)

Este era o lema da vida da Lindiomar.

Desde criança se encantou com os trabalhos manuais que aprendeu com sua primeira professora do curso primário.

Nasceu em Tietê e morou no sítio em Jumirim, criança, andava sete quilômetros para ir à escola.

Na adolescência, a família mudou para Tatuí, trabalhou no “Bar 80” e frequentou a Escola Industrial “Sales Gomes”, onde aprimorou suas habilidades na costura e bordados.

Contava com orgulho que auxiliava a professora a consertar os trabalhos das colegas.

Costurava vestidos com panos de saco nos tempos de carestia.

Casou-se com Josué Fernandes Pires (que a chamava carinhosamente “nosso palanque”) e seguiu seu propósito de vida, sempre servindo e compartilhando seu saber e habilidade.

Confeccionava enxovais para recém-nascidos e roupas para crianças, varando noites acordada nessa função.

Nos anos 50, com esforços, inaugurou a loja “A Cirandinha”, de roupas infantis, quase tudo feito por ela, amparada pelo entusiasmo de Josué.

Em meio a tantas funções, auxiliava Josué a tirar cópias das plantas de casas que ele desenhava para engenheiros da cidade. Essa era a renda extra dele, além do magistério.

Teve seis filhos, dos quais quatro sobreviveram: Jorge, Sônia, Jenner e Séfora.

Nos anos 60, vendeu a Cirandinha para permanecer em repouso na gestação.

Continuou as costuras e, por necessidade de obter aviamentos, começou a loja Rendamar, com apenas cinco caixas de mercadorias: linhas, zíper, elásticos, rendas, ponto-russos.

Incansável, confeccionou uniformes para várias escolas (os famosos blusões dupla face, azuis forrados em flanela xadrez e uniformes de ginástica e fanfarras).

Na loja, seguia ensinando crochê, tricô, macramê, bordados diversos, sempre disponível para orientar nas dúvidas dos clientes.

Enérgica e rigorosa nos compromissos, teve fortes percalços e, quando uma contadora fez um desvio nas contas dos encargos fiscais – um grande “rombo” econômico -, Lindiomar apenas disse:  “Vou continuar trabalhando, porque é o que sei fazer, sempre trabalhei e vou pagar tudo novamente”.

Exemplo da determinação e comprometimento.

Trabalhava com alegria, amava o que fazia e sempre esteve ao lado dos projetos de seu marido que ansiava por mais justiça social.

Até seus últimos meses de vida, manteve a atenção voltada para a sua loja, fazendo suas flores de crochê, mesmo quando suas mãos não conseguiam mais (ria quando os dedos ficavam endurecidos pelo esforço).

Realizada, despediu-se no dia 20 de fevereiro, com 95 anos.

“Querida mãe, nossa gratidão infinita por nos dar a vida e amparar nossos sonhos. Só somos o que somos por termos tido o privilégio de tê-la como nossa mãe.”

Seus filhos, Jorge, Sônia, Jenner e Séfora.