Da reportagem
A Paróquia Santuário Nossa Senhora da Conceição deu mais um passo na busca pela elevação da Igreja Matriz de Tatuí a basílica menor. O paroquiano Leonardo Costa de Camargo Barros esteve em Roma, nesta semana, e entregou no Vaticano a documentação exigida para o processo de concessão.
Barros participou de reunião com o secretário ecônomo da Sagrada Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos do Vaticano, dom Salvatore, na segunda-feira, 23, na qual entregou um questionário respondido pela paróquia e um processo completo do local, com fotos, histórico e arquitetura detalhada do templo religioso.
“Durante a reunião, pude entregar os documentos do processo – cerca de 10 quilos de papel -, explicar um pouco sobre a história do Santuário Nossa Senhora da Conceição, bem como elucidar a importância do templo para a população local”, informou Barros.
Finalizando o encontro, o paroquiano participou de missa presidida pelo cardeal prefeito Mauro Gambetti, na qual fez a leitura e pôde cantar a aclamação ao evangelho, na Capela Lateral de São José, na Basílica de São Pedro.
No Vaticano, o paroquiano ainda participou de audiência pública com o papa Francisco e entregou ao pontífice uma cópia resumida do relatório sobre o processo de elevação canônica, além de uma pasta personalizada do Santuário Nossa Senhora da Conceição, de Tatuí.
“Fizemos a nossa parte, agora aguardamos, esperançosos e em oração, a chancela final do papa Francisco para obtermos, enfim, o título de basílica menor”, comentou o reitor do santuário, padre Élcio Roberto de Góes.
O Vaticano enviou o questionário à paróquia em setembro do ano passado, solicitando dados para a possível concessão, após ter autorizado e aceitado analisar o pedido de elevação canônica.
Desde então, uma comissão formada por lideranças paroquiais ficou responsável pelo preenchimento do material. Por meio dos dados apresentados, a Santa Sé definirá se o santuário atende aos requisitos necessários para ser elevado.
De acordo com o pároco, o preenchimento do questionário e a entrega do material completo sobre o templo religioso são considerados um dos passos mais importantes dentro do processo de elevação.
Ele explicou que o título é concedido pelo Vaticano “após análise minuciosa”. A elevação é autorizada pelo papa às igrejas consideradas importantes no que diz respeito à veneração popular, relevância histórica e beleza na arquitetura.
O processo de elevação da paróquia a basílica menor começou em fevereiro deste ano, sugerido em reunião entre os padres das comunidades tatuianas e o bispo da diocese de Itapetininga.
Na ocasião, foram encaminhadas duas cartas, uma dirigida à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e outra ao prefeito da Sagrada Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos do Vaticano, cardeal Robert Sarah.
A CNBB deu parecer favorável ao pedido de elevação no dia 11 de maio, em carta assinada pelo arcebispo metropolitano de Belo Horizonte (MG), dom Walmor Oliveira de Azevedo.
Já o Vaticano autorizou o processo de análise e enviou o questionário ao bispo diocesano no dia 12 de junho, em carta assinada por dom Arthur Roche, arcebispo secretário da Sagrada Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos do Vaticano.
Caso o pedido seja aceito pela Santa Sé, o Santuário de Nossa Senhora da Imaculada Conceição será o segundo templo religioso da diocese de Itapetinga a receber o título de basílica.
No dia 25 de maio de 2018, o cardeal Sarah assinou o decreto de concessão do título de basílica menor à Igreja Santuário de São Miguel Arcanjo, situada nessa cidade.
Segundo Góes, a elevação ao título de basílica menor traz mudanças na estrutura física e espiritual do templo religioso, “em virtude das muitas graças que uma basílica pode conceder aos fiéis”.
“Espiritualmente, a basílica passa a ser uma Igreja de comunhão mais ampla, mais próxima ao Vaticano. Além disso, passa a ter elementos próprios de uma basílica – que nos remetem à figura do papa e são próprias dessas igrejas”, explicou o reitor.
“Ela também passa a oferecer graças especiais, como as indulgências plenárias em seis datas ao ano, tudo isso próprio de uma basílica. Além de se tornar referência de beleza, arquitetura e, principalmente, de uma vida litúrgica vivida a partir dos ensinamentos da igreja”, completou.
Conforme o reitor, outra diferença é a disposição de quatro sinais visíveis que distinguem a basílica: o brasão do Vaticano na cadeira do presidente; a “Umbela” (o guarda-chuva com as cores e brasões do Vaticano, do papa, do bispo diocesano, da basílica, do reitor e da cidade), usada em procissões de rua; o “Tintinabulo” (brasão do vaticano com um sino); e a “Virga Rubra” (que acompanha as procissões).
“Já demos alguns passos e, agora, chegamos a uma fase crucial desta caminhada rumo à elevação. Contamos com as orações e ajuda de todos, para que, se for da vontade da Igreja, possamos, em breve, chamar o santuário de Basílica Nossa Senhora da Conceição”, concluiu Almeida.
História
O templo religioso foi tombado por decreto municipal em junho de 2007. O prédio é patrimônio histórico que preserva detalhes arquitetônicos do século 19 e possui afrescos pintados pelo artista plástico piracicabano Mário Tomazzi.
A pedra fundamental do prédio, que tem porte e estilo de catedral, foi instalada no dia 9 de agosto de 1884, sendo a primeira obra da cidade a utilizar tijolos cerâmicos.
Para a construção do edifício central – já com dois pavimentos – e das duas torres de 30 metros de altura cada, foram gastos 550 mil tijolos, 355 carradas (cargas de um carro) de pedra e 8.000 sacas de cal.
O templo foi eleito, em 8 de dezembro de 2006, patrimônio histórico e cultural da cidade e, em 2007, com o tombamento, passou a integrar o conjunto de prédios históricos do município.
Já em dezembro de 2009, na comemoração dos 180 anos, a pedido do padre Milton de Campos Rocha, a diocese de Itapetininga elevou a paróquia ao título de santuário.