A VE (Vigilância Epidemiológica) de Tatuí aconselha a todos que vão viajar para as regiões de Ribeirão Preto e para o Estado de Minas Gerais a tomarem a vacina contra febre amarela.
O governo mineiro confirmou a morte de oito pessoas em decorrência da doença, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo vetor da dengue, febre chikungunya e zika.
De acordo com a enfermeira Elis Diniz, da VE, mesmo os moradores que não forem viajar para localidades afetadas pela febre amarela silvestre devem tomar a vacina.
Entretanto, não há motivo para correria aos postos de saúde. A maioria da população já está imunizada contra a doença. O reforço da vacina é recomendado após dez anos da primeira dose.
“Por enquanto, a procura está normal, sem aglomeração, até mesmo porque, na nossa região, não teve casos. Algumas pessoas se assustam e vêm nos procurar ou ligam pedindo informações”, contou.
A vacinação contra a febre amarela já faz parte do calendário nacional de imunização. A vacina é recomendada a partir do nono mês de idade.
“Mesmo quem vai viajar para regiões com casos da doença e tomou a vacina dentro da validade de dez anos pode ir sem nenhum problema, não precisa tomar reforço”, esclareceu a enfermeira.
A rede pública local recebe mensalmente remessas de vacinas contra febre amarela. As doses vêm do DRS-16 (Departamento Regional de Saúde), de Sorocaba.
Em dezembro, o número de doses foi de 650. A VE informou que, neste mês, apenas cem doses chegaram à cidade. Apesar do número menor, não há risco de desabastecimento em Tatuí, conforme a enfermeira.
“Temos doses em estoques que atendem a todos os bairros da cidade. Nós costumamos ter um número extra de vacinas, sempre sobra remessa dos meses anteriores”, declarou.
Elis acredita que o número de doses fornecidas à cidade caiu devido ao esforço do Ministério da Saúde e da Secretaria Estadual da Saúde em realizar a imunização nas regiões onde foram registrados casos da doença em humanos e macacos.
Nas cidades de Ribeirão Preto, Jaboticabal e Monte Alto, no nordeste paulista, o governo estadual confirmou mortes de macacos das espécies bugio e sagui em decorrência de infecção por febre amarela.
No caso de Ribeirão Preto, o animal foi encontrado morto em uma praça do centro da cidade.
O Ministério da Saúde emitiu alerta para todo o Estado de Minas Gerais, que teve oito casos confirmados de mortes ocasionadas por complicações da febre amarela.
“O DRS diminuiu a distribuição para regiões onde não foram registrados casos, para priorizar outras, que estão com situações urgentes em relação a vacinação”, disse.
Segundo a enfermeira, 11 UBSs (unidades básicas de saúde) da cidade possuem salas de vacinas. As doses de febre amarela são disponibilizadas de um a dois dias por semana em cada uma das unidades (veja tabela).
A vacina é contraindicada para pessoas que têm alergia a ovo, ao antibiótico eritromicina e a gelatina, matérias-primas utilizadas na fabricação do imunizante.
A restrição se estende a pessoas com imunodeficiência resultante de doenças como HIV (vírus da imunodeficiência humana), leucemias e linfomas, ou resultantes de tratamentos com corticoides, quimioterapia ou radioterapia, e disfunção do timo (glândula integrante do sistema imunológico).
O Ministério da Saúde também não indica a vacinação de grávidas e mulheres que estejam amamentando.
“Nos casos de pacientes com doenças imunodepressivas, é necessária a consulta com o médico, que decidirá vacinar ou não. Em caso positivo, ele deve fazer uma prescrição para podermos fazer a imunização”, declarou.
Os casos de febre amarela registrados no país são considerados silvestres, por terem ocorrido em localidades próximas a matas, nas quais o macaco é o principal hospedeiro do vírus amarílico. Em ambiente de mata, a doença é transmitida pelos mosquitos Haemagogus, Sabethes e Aedes albopictus.
Segundo a enfermeira, a doença passa a ser um problema grande quando a transmissão começa a ocorrer em zonas urbanas. O Aedes aegypti, transmissor de infecções já conhecidos nas cidades, também é um vetor em potencial da febre amarela. O último registro da doença “urbana” ocorreu no Acre, em 1942.
Sintomas
O sintoma mais conhecido da febre amarela é a icterícia. A doença causa a caracterização amarelada de membranas e tecidos, como a pele, nos casos mais graves. Caso não seja tratada a tempo, a doença pode matar em cerca de uma semana.
O paciente com a infecção apresenta febre, dor de cabeça, nas costas e no corpo de modo geral, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza. Nos casos mais graves, ocorrem hemorragias no trato digestivo e insuficiência de múltiplos órgãos.
De acordo com o Ministério da Saúde, de 20% a 50% das pessoas que desenvolvem as formas mais graves morrem.
“A notificação da doença é obrigatória. Caso o paciente viaje para algum lugar com incidência da doença ou tenha os sintomas, aconselhamos a procurar o mais breve um médico para avaliação”, afirmou Elis.
As suspeitas são analisadas pela VE. Amostras de sangue do paciente são coletadas e enviadas ao Instituto “Adolfo Lutz”, de Sorocaba. Se confirmado, os sintomas são tratados. Os casos mais graves exigem internação.
Vacinação nas UBSs
Segunda-feira: Dr. Laurindo e CDHU “Orlando Lisboa de Almeida”
Terça-feira: Santa Cruz, Jardim Santa Rita de Cássia, vila Esperança, Jardim Rosa Garcia e Jardim Tóquio
Quarta-feira: Valinho, Centro de Saúde “Aniz Boneder” (centro) e vila Angélica
Quinta-feira: Jardim Gonzaga e vila Dr. Laurindo
Sexta-feira: vila São Cristóvão, vila Esperança e CDHU “Orlando Lisboa de Almeida”
As salas de vacinação estão abertas das 8h às 16h.