Vamos redobrar nossos cuidados com a dengue; a vacina que protege!

Dr. Jorge Sidnei Rodrigues da Costa - Cremesp 34.708*

Agora, em decorrência das chuvas, devemos voltar nossa atenção para os focos de mosquito da dengue que podem começar a aumentar muito e o risco da doença, também. A dengue – ou o dengue – é uma doença viral e febril transmitida pelo mosquito fêmea do Aedes aegypti e é considerada um dos principais problemas da saúde pública do mundo.

O Aedes aegypti é um arbovírus. Em média, cada mosquito vive em torno de 30 dias e a fêmea chega a colocar entre 150 e 200 ovos de cada vez. Ela é capaz de realizar inúmeras posturas no decorrer de sua vida, já que copula com o macho uma única vez, armazenando os espermatozoides em suas espermatecas (reservatórios presentes dentro do aparelho reprodutor).

Os ovos não são postos na água, e sim milímetros acima de sua superfície, em recipiente como latas e garrafas vazias, pneus, calhas, caixas d’água descobertas, pratos de vasos de plantas ou qualquer outro recipiente que possa armazenar água de chuva.

Quando chove, o nível da água sobe, entra em contato com os ovos que eclodem em pouco mais de 30 minutos. Em um período que varia entre cinco e sete dias, a larva passa por quatro fases até dar origem a um novo mosquito.

O Brasil não está preparado para uma epidemia de dengue hemorrágica, pois não há leitos suficientes nem mesmo para os pacientes que pegaram a dengue clássica. Por isso, o controle dos vetores é a melhor saída para evitar a doença.

Transmissão

Sua principal forma de transmissão é quando uma fêmea do Aedes aegypti pica uma pessoa infectada, daí o vírus da dengue que circula no sangue dessa pessoa é ingerido pelo mosquito, infectando o mesmo, que pode picar outras pessoas e transmitir o vírus; mas existem registros de “transmissão vertical” (da gestante infectada para o bebê) e, também, por transfusão de sangue.

O mosquito contaminado é capaz de disseminar a doença durante todo o seu ciclo de vida (cerca de seis a oito semanas).

Sorotipos

Pesquisas indicam que existem quatro tipos diferentes de sorotipos do vírus da dengue. Quando um indivíduo se infecta por um deles, consequentemente ele fica imune parcial e temporariamente contra este que lhe infectou, podendo contrair algum dos demais sorotipos.

São eles: DEN-1, DEN-2, DEN-3, DEN-4. A infecção pode ser assintomática, leve ou até causar doença grave com risco de morte. Em média, 550 mil doentes precisam ser hospitalizados e 20 mil deles morrem em consequência da doença. Quando um indivíduo tem a dengue uma primeira vez, se ele tiver uma segunda contaminação corre mais risco de desenvolver uma dengue hemorrágica.

Sintomas

O período de incubação dura de quatro a dez dias. A infecção pode ser assintomática ou causar um amplo espectro de quadros clínicas, desde formas pouco sintomáticas até quadros mais graves, com ou sem hemorragia.

Normalmente, o primeiro sintoma é a febre alta de início súbito, durando de dois a sete dias, podendo ser acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, abatimento do estado geral, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção (vermelhidão) na pele e coceira. Perda de peso, náuseas e vômitos são comuns.

Nessa fase inicial, pode ser difícil de diferenciá-la de outras doenças febris. Geralmente, entre o terceiro e o sétimo dia da doença, ocorre uma diminuição ou desaparecimento da febre e alguns casos evoluem para a recuperação e cura; outros, porém, podem apresentar sinais de alarme, evoluindo para as formas graves da doença.

Os principais sintomas são: dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, sangramento de mucosas (nariz, gengivas), hipotensão (queda da pressão arterial), letargia, sonolência ou irritabilidade e tontura. Na presença destes sinais, o paciente deve imediatamente procurar atendimento médico, que provavelmente tratará internado.

Tratamento

Não existem medicamentos específicos para combater o vírus. O tratamento visa ao controle dos sintomas, hidratação EV e estabilização do paciente.

Prevenção

Uma das formas de prevenção, como todos já sabem, é combater os focos criadouros do mosquito Aedes aegypti (se reproduz em água limpa e parada em algum local). A outra e a mais moderna e atual forma de prevenção é através da vacina.

Hoje já existe uma vacina disponível nas clínicas particulares de vacinação. A vacina é composta dos quatro sorotipos do vírus (DEN1, DEN 2, DEN3 e DEN 4) e reduz muito o risco de contrair a dengue grave (93%). Reduz em 80% o risco de hospitalização por dengue. Evita dois a cada três casos de dengue.

A vacina está indicada para crianças a partir de nove anos de idade, adolescentes e adultos até 45 anos. O esquema é feito com três doses da vacina com intervalo de seis meses entre cada dose.

A vacina está indicada para as pessoas que já tiveram dengue pelo menos uma vez, pois, quando têm a doença, ela é provocada por um tipo de vírus, o que não protege a pessoa de ter dengue pelos outros três tipos.

Contraindicações

A vacinação não requer qualquer cuidado prévio, porém se deve adiar a vacinação em caso de doença febril aguda (moderada a grave), e também é contraindicada para pessoas imunodeprimidas, gestantes, e mulheres que estejam amamentando.

Referências: WHO, SBim, boletim epidemiológico do Ministério da Saúde; Fiocruz

* Médico com título de especialista em pediatria pela AMB (Associação Médica Brasileira) e SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), membro da SBim (Sociedade Brasileira de Imunizações), diretor clínico da Clínica de Vacinação de Tatuí “Sou Doutor Cevac Dr. Jorge Sidnei”, sita à rua Assunção Ribeiro, 81, centro, Tatuí (SP). Tels.: 3305-4358 e 99606-6136