Toth pede participação ativa da sociedade





Amanda Mageste

Odaílson Toth acredita que é necessário descentralizar a cidade para melhorar a fluidez do trânsito

 

O novo titular da Secretaria de Governo, Segurança Pública e Transportes, Odaílson Toth, afirmou que, para melhorar os problemas de transporte e segurança na cidade, espera participação ativa da sociedade junto à Prefeitura.

O secretário é pós-graduado em gestão pública, graduado em direito e jornalismo. Foi vereador constituinte, assessor técnico legislativo e atuou como gestor da Secretaria de Administração, Finanças e Assuntos Jurídicos de Buri. Antes de assumir o cargo de secretário de Governo, atuava como ouvidor municipal.

Toth adiantou que pretende continuar o trabalho desenvolvido por Vicente Aparecido Menezes, que deixou o cargo para dedicar-se às eleições deste ano. E agradeceu a confiança do prefeito José Manoel Correa Coelho, Manu, em nomeá-lo.

“Para mim, é um orgulho muito grande continuar o trabalho que ele vinha desenvolvendo. Evidentemente, não vou conseguir à altura dele, pois cada um tem um foco. Eu sou mais técnico, embora tenha veia política”, afirmou Toth.

O secretário disse que, apesar de Vicentão ter deixado o cargo, ele continua auxiliando e sendo o “braço direito” de Toth.

O gestor afirmou que pretende buscar recursos para oferecer melhorias à população. “Nós temos muitas coisas boas, interessantes, que sairão nos próximos meses e até o fim do mandato do prefeito Manu”.

Toth antecipou que pretende iniciar um projeto chamado GGIM (Gabinete de Gestão Integrada Municipal), que visa unir “todas as forças do município, sejam oficiais, em termos policiais, Judiciário e a sociedade civil, para desenvolvermos planos e metas para trabalhar com informações e buscar recursos nos governos”.

De acordo com Toth, a intenção é, por meio de projetos, conseguir aplicações para melhorar a segurança pública. Ele disse que é importante trabalhar com informações e enviar os dados e levantamentos ao governo federal, para constá-los.

“Hoje, para se ter uma ideia, se formos solicitar dinheiro para fazer um trabalho de prevenção ao tráfico de drogas, ou ao consumo, no banco de dados do governo federal, aparece que Tatuí não tem esse problema. Isso acontece porque não é passado para eles. É difícil definir a razão disso”, afirmou o secretário.

Conforme Toth, o projeto ainda não foi iniciado, pois é “bem complexo”. Ele disse que uma das ações que envolvem o GGIM é o chamado “observatório”, que deverá funcionar junto à Ouvidoria Municipal e recepcionará informações de toda a sociedade.

“Por isso, é necessário o envolvimento da sociedade. Você não consegue, hoje, fazer segurança, fazer qualquer plano ou projeto público, se não envolver a sociedade”, argumentou.

“No Brasil, não temos culturalmente esse hábito de a sociedade participar. A sociedade critica o governo, fala mal, porém, raramente participa, raramente dá sua contribuição. Temos participações isoladas.”, ressaltou Toth.

Segundo o secretário, a intenção é contar com a ajuda de todos os conselhos da cidade, para conseguir essa participação popular. Ele disse que a contribuição da sociedade é uma medida, provavelmente, de longo prazo. “Mas, de qualquer forma, será um avanço grande”.

Toth afirmou que pode demorar a conseguir a participação ativa da sociedade no governo, porque “ainda é difícil colocar em prática todos os avanços do Brasil”.

Segundo ele, para conseguir que o projeto funcione, será necessário um “avanço cultural”, de conscientização, para que o dever do cidadão esteja à frente da obrigação.

Conforme o secretário, durante as audiências públicas que acontecem na cidade, é possível verificar a falta de participação da população.

“É onde a sociedade deve participar e falar: ‘Olha, nós precisamos disso ou daquilo’. Porém, ela não está organizada e acostumada, ainda, de forma a ter essa participação”, avaliou.

A cooperação da comunidade nesse sentido, para Toth, provavelmente, vai demorar. “Cada sociedade tem um ritmo e uma velocidade. Então, basta a gente, como governo, como dirigente, ter a percepção de olhar, analisar e saber do que realmente a sociedade necessita. Esse é o grande segredo”.

Para Toth, a segurança pública é um setor “muito complicado” não somente em Tatuí, mas para o Estado, o país e, até, internacionalmente. Ele acredita que, para diminuir problemas relacionados à segurança, será importante trabalhar com ações preventivas.

Trânsito

Toth pretende continuar com as mudanças no trânsito que Vicentão iniciou quando ainda era secretário.

Há um pacote de mudanças no trânsito por ser efetivado ainda este ano, mas o secretário preferiu não adiantá-lo. “Nós ainda temos algumas vias nas quais vamos interromper o tráfego de um dos sentidos”, afirmou Toth.

No decorrer da semana, o Demutt (Departamento Municipal de Trânsito e Transporte), provavelmente, irá proibir o estacionamento em alguns locais da rua São Bento, no centro. “Vai dar um fluxo e uma fluidez um pouco maior no trânsito”, explicou.

Para Toth, essas mudanças são importantes para melhorar a mobilidade, “que é um problema crucial na cidade”. Apesar de ouvir muitas críticas referentes às alterações no trânsito, Toth afirmou que as medidas são muito necessárias.

“Como, por exemplo, a mudança da rua Capitão Lisboa: antes, tinha que parar em cada esquina, porque as preferenciais eram das transversais. Com a mudança dessa prioridade, foi criada uma via de acesso mais rápida e direta ao pronto-socorro, dando fluidez”, analisou o secretário.

Para Toth, as pessoas não são adeptas às mudanças e estranham quando acontecem, mas ele garante que as medidas estão melhorando a mobilidade da cidade e diminuindo acidentes.

O secretário acredita que um dos problemas no tráfego é reflexo do que acontece no Brasil, com a ascensão de uma “nova classe C”, pessoas que saíram da miséria, passaram a ser consumidoras e a ter mais acesso aos veículos.

As ruas estreitas da cidade, oriundas de antigamente, para Toth, também são fator determinante para a falta de fluidez e locais de estacionamento.

“Tatuí é uma cidade antiga, principalmente o centro. São ruas estreitas que continuaram desde o tempo de carroças. Elas foram desenhadas para passar dois animais, um indo e outro vindo”, avaliou o secretário.

Para corrigir a situação, Toth acredita que uma das soluções pode ser a descentralização – a qual, evitaria, inclusive, a destruição ou demolição de prédios históricos para transformá-los em estacionamentos.

Toth disse ser favorável ao deslocamento do centro administrativo da área comercial, assim se estimulando o desenvolvimento em outra região da cidade.

“Nosso próprio Plano Diretor vai contemplar isso. Nós temos que abrir e crescer em sentido à Castello Branco, para o nosso próprio desenvolvimento”, ressaltou Toth.

Para o secretário, é importante que a população auxilie, apontando os problemas no trânsito. Com isso, seria possível a identificação do que é necessário mudar.

Toth ressaltou que, embora seja adepto às sugestões, “é importante que as pessoas saibam o que estão falando para emitir opiniões”.

“Crítica é você conhecer da matéria, entender e emitir uma opinião. Quanto mais você entende da matéria, mais a sua opinião vai ser valorizada”.

“A sociedade tem que ter uma participação, e a gente só vai conseguir melhorias se ela tiver a consciência do dever de participação”, concluiu Toth.