Tatuí terá núcleo para pessoa com câncer

Espaço centralizará os atendimentos dos pacientes em tratamento contra a doença

Casa que abrigará o Núcleo de Apoio e Assistência ao Paciente com Câncer em Tatuí (AI Prefeitura)
Da reportagem

Um Núcleo de Apoio e Assistência ao Paciente com Câncer será inaugurado em Tatuí, ainda no primeiro trimestre deste ano, visando garantir acesso, de forma centralizada, aos serviços e atendimentos voltados às pessoas em tratamento contra a doença.

O espaço será administrado pela prefeitura de Tatuí, por meio da Secretaria de Saúde, em parceria com a de Direitos Humanos, Família e Cidadania. A unidade fica na rua Martiniano Azevedo, 25, centro, em imóvel que passa por reforma. A previsão é de se inaugurar o espaço até o final de março.

De acordo com a secretária da Saúde, Roseli Mochi, pelo menos 600 tatuianos poderão ser atendidos na unidade. São pessoas que receberam o diagnóstico de câncer e fazem tratamento contra a doença em hospitais de Sorocaba, Itapeva, Jaú e Botucatu.

Roseli explica que a unidade oferecerá um serviço de saúde ambulatorial, especializado na assistência ao paciente, contando com assistência social, serviços farmacêuticos (para a dispensação de todos os insumos e medicamentos), monitoramento e acompanhamento do tratamento, além de consultas com nutricionista e psicólogo.

Segundo ela, a intenção é disponibilizar a maioria dos atendimentos de saúde e assistenciais em um só lugar, “facilitando o acesso aos serviços e oferecendo mais conforto aos pacientes, muitas vezes já debilitados pelo tratamento”.

O espaço contará com um coordenador, um assistente social, um enfermeiro, um técnico de enfermagem, um estagiário, um motorista, um nutricionista, um psicólogo e um atendente, para suprir todas as demandas.

“Se o paciente chega com uma receita, é feita a dispensa do medicamento na mesma hora; se ele precisa de um exame, a assistente social já liga na unidade e marca; isso para que ele não precise ir em dois ou três lugares para resolver as coisas”, salientou a secretária.

“Nós vimos a necessidade dos pacientes. Eles vão para os hospitais, fazem quimioterapia, saem de lá debilitados e ficam correndo atrás das unidades, às vezes, até passando mal na rua. Então, o núcleo seria uma central de atendimento. Ali, ele já vai ter tudo o que precisa”, reforçou Roseli.

A secretária dos Direitos Humanos, Família e Cidadania, Elaine Miranda, ressaltou que a intenção do núcleo é garantir o atendimento humanizado às famílias e aos pacientes, oferecendo uma atenção diferenciada e centralizada aos pacientes.

“A ideia é oferecer tudo o que o paciente precisa, de diversos departamentos, em um só lugar, evitando que o doente ou o cuidador tenha que ficar indo atrás dos serviços, que muitas vezes ficam separados e longe um do outro”, reforçou Elaine.

No espaço, além de acolhimento e consultas, o paciente encontrará suplementos, materiais para curativos, fraudas e medicamentos, entre outros itens de saúde e insumos indicados para o tratamento oncológico.

A secretária explica que alguns serviços serão realizados na própria unidade, e o que não estiver disponível, como exames e outros serviços, o núcleo terá autonomia para agendar e encaminhar os pacientes aos serviços da rede de saúde e da assistência social.

“Até então, para ter uma fralda ou um suplemento, o paciente precisa ir buscar no departamento social; no caso dos medicamentos, precisa pegar na assistência farmacêutica, e assim por diante, andando de um lado para o outro. Com o núcleo, a pessoa sai do hospital e já pode fazer tudo em um lugar só”, acrescentou Elaine.

Outro serviço oferecido no núcleo de apoio de Tatuí será o acompanhamento do tratamento oncológico e pequenos procedimentos, como curativos. O núcleo também estuda a possibilidade de fazer a retirada dos clipes metálicos de acesso – colocados de forma cirúrgica nos pacientes em tratamento com radioterapia.

“Depois que a pessoa termina o tratamento, o clipe é retirado por um procedimento simples. Porém, até então, as pessoas precisam ir até o hospital onde se tratam para poder fazer isso. Se isso puder ser feito no núcleo, a pessoa já pode vir e fazer, não precisa pegar a van e viajar horas só para isso”, adiantou a gestora da DHFC.

Para realizar este tipo de procedimento, conforme a secretária da Saúde, a unidade ainda precisa ser autorizada. “Alguns tipos de procedimento precisam ser feitos no hospital, mas nossa intenção é oferecer o máximo de atendimento possível em um só lugar”, destacou Roseli.

Apesar de independente, o núcleo vai funcionar como um braço da Capec (Casa de Apoio aos Pacientes com Câncer), mantida pela prefeitura em Jaú (SP), sob a gestão da Litac (Liga Tatuiana de Assistência aos Cancerosos).

“O núcleo será um serviço complementar ao da Capec, atendendo a todos os pacientes oncológicos tatuianos que fazem tratamento em Jaú, já cadastrados aqui na secretaria, e, também, os tratados em outros hospitais da região”, informou Elaine.

Somente em Jaú, são 366 pacientes. Todos são atendidos pela Capec – espaço que abriga os pacientes tatuianos e os acompanhantes deles durante o período de tratamento no HAC (Hospital “Amaral Carvalho”).

Na residência, os tatuianos que agendam pernoite e alimentação têm à disposição, além de um lugar para descansar durante o tratamento, as refeições básicas, como café da manhã, almoço e jantar.

Localizada a 400 metros do hospital, a residência tem três quartos; sala com cama hospitalar motorizada e cadeira de rodas; sala com TV; sala de jantar; banheiros adaptados com sanitário elevado, ducha higiênica e assento retrátil para banho, além de banheiro para funcionários; cozinha equipada com forno elétrico, geladeira, micro-ondas, fogão industrial e freezer; serviço de Internet; garagem; área de convivência; área de serviço com máquina de lavar; e quarto para motoristas.

Cuidando de quem cuida

A SDHFC ainda iniciou, em janeiro deste ano, o programa “Cuidando de quem Cuida”. A ação é voltada aos familiares e, principalmente, aos cuidadores dos pacientes em tratamento contra o câncer.

Conforme Elaine, o programa oferece apoio psicológico e social aos cuidadores e surgiu a partir das queixas deles sobre as angústias de lidar com a doença de alguém próximo, com o futuro incerto e ainda cuidar da própria saúde e de assuntos e necessidades básicas diárias.

“Pesquisas mostram que uma boa parte dos cuidadores de pacientes com câncer, principalmente em fase terminal, acabam morrendo antes do próprio doente. Isso porque o paciente está sendo assistido, mas o cuidador fica em torno das necessidades do outro e, às vezes, deixa de fazer coisas básicas, como cuidar da saúde própria”, apontou a secretária

Com o programa, são realizadas visitas nas residências das famílias cadastradas. Uma assistente social do departamento vai até as moradias, conversa com os familiares, identifica as dificuldades e despacha as demandas aos departamentos competentes, conforme a necessidade.

“Por ficarem sobrecarregados com a rotina de cuidados, muitos não têm tempo de marcar um médico, não conseguem sair de casa para nada, deixam de agendar exames de rotina ou de matricular as crianças na escola”.

“Enfim, a assistente social identifica as demandas e aciona os departamentos que podem resolver a situação da pessoa, na saúde, educação, social e outros”, explicou a secretária.

O serviço, por enquanto, é oferecido pela SDHFC para as famílias dos 366 pacientes tatuianos em tratamento no HAC de Jaú – já cadastrados na secretaria devido ao atendimento da Capec.

“Como já temos os cadastros, já pedi para a assistente social fazer as visitas. Inauguramos a casa em setembro do ano passado e, vendo a dificuldade dos cuidadores, decidimos montar esse projeto de apoio. O tratamento humanizado é acolher toda a família, não somente o paciente”, concluiu a secretária.