Stand da Bí­blia tem ‘pausa’; pode voltar em 2017 e tornar-se bienal

 

Realizado pela primeira vez em 1996, o “Stand da Bíblia” surgiu com dois objetivos: “universalizar o acesso à leitura da Palavra de Deus e unir pessoas de diferentes denominações religiosas”. Incumbências que o Conpas (Conselho de Pastores) do município decidiu “postergar”.

A entidade confirmou, nesta semana, “uma pausa” na realização do evento. O Stand é realizado anualmente e surgiu por iniciativa do pastor Luís Donizetti Vaz.

A O Progresso, o religioso informou que o conselho decidiu, em comum acordo, não realizar a 21ª edição em 2016. Segundo ele, a decisão é estratégica, permitirá “fôlego” para a organização e acompanha a realidade do país.

O Stand da Bíblia deve voltar em 2017 e, conforme os planos dos organizadores, pode se tornar bienal. As alterações são decorrentes da “realidade do público”.

Fruto da ideia apresentada por Vaz ao Conpas, por conta do ingresso dele no órgão, o Stand da Bíblia levou seis anos para acontecer. “Em 1990, pensei em fazer alguma coisa para beneficiar a população”, recordou o religioso.

Naquela década, o conselho estava inativo. Seis anos depois e um ano após o reinício dos trabalhos em grupo dos pastores, o projeto saiu do papel.

Em Tatuí, o Conpas funcionou na década de 1980, tendo como um dos membros o pastor José Gentil de Campos. Ele é o único integrante da composição anterior que permanece no conselho atual, reativado por Darci Borba em 1995.

A ideia de Vaz era facilitar a leitura da Palavra de Deus, independentemente do credo religioso a que as pessoas pertencem. “Até porque a Bíblia é uma leitura universal e considerada obrigatória”, disse o idealizador.

Buscando uma maneira de abranger mais pessoas, Vaz chegou ao formato utilizado em todas as edições até o ano passado. Desde 1996, os exemplares do Livro Sagrado são vendidos à população a preço de custo. Para atrair mais pessoas, a organização resolveu realizar o Stand em “local neutro”.

O conselho levou a proposta para imóveis que não tivessem relação com nenhuma religião e pudesse ser frequentado por mais pessoas. “Posso dizer que isso (a ideia) foi um plano de Deus na minha vida, para ajudar as pessoas”, falou.

Em 1996, quando foi consagrado pastor (até então Vaz era presbítero), ele apresentou a proposta ao Conpas. Na época, o conselho era presidido pelo bispo Borba, da Igreja do Evangelho Quadrangular. “Como acabei indo para o conselho como pastor, mostrei o projeto na primeira reunião”.

A primeira edição aconteceu em um imóvel que abrigava bazares beneficentes e situava-se no cruzamento das ruas José Bonifácio com 11 de Agosto (prédio que abriga a unidade da Lojas Cem). A construção pertencia ao empresário Jonas da Silva Teles (falecido em janeiro de 2015).

No primeiro ano, o conselho registrou a venda de 643 exemplares, número superado em 1997. “Depois do primeiro ano, nunca vendemos menos que 643 exemplares, mas também não melhoramos, no segundo ano, na proporção”, argumentou.

Apesar de ter vendido 900 Bíblias na segunda edição, Vaz explicou que o Conpas não superou os números registrados na “estreia” por conta do “prazo do evento”.

Em 1996, o conselho realizou o Stand da Bíblia entre os dias 1º e 8 de dezembro. No ano seguinte, estendeu o período de comercialização dos livros para 15 dias. “Na proporção, não melhorou. Teríamos de vender 1.200”, avaliou.

O Stand é realizado em dezembro, em comemoração ao Dia da Bíblia. A data é celebrada em meses diferentes, sendo que os católicos celebram em setembro e os evangélicos, no segundo domingo de dezembro. “Em cima disso, nós definimos que as edições seriam promovidas no fim do ano”, contou Vaz.

Do terceiro ano em diante, a organização fixou uma meta: vender mil exemplares. No decorrer dos anos, conforme o pastor, o conselho conseguiu. Também em 1998, o Conpas determinou que o Stand acontecesse em dez dias.

“Estrategicamente”, o evento tem início em um sábado e termina em uma segunda. “No domingo, há um anúncio nas igrejas sobre o Stand. Então, quem não teve a chance de ir, pode ter tempo de participar e adquirir exemplar”.

A pausa deste ano acontece devido a “uma conjunção de fatores”. Em especial, a recessão brasileira e para reestruturação do formato atual. O conselho também pensa em agregar, para os próximos anos, uma feira evangélica.

Essa iniciativa seria realizada na metade do ano, por “razão das férias escolares”, segundo antecipou Vaz. “Nós ainda não conseguimos colocar essa ideia em prática por conta de dificuldades que envolvem logística, mão de obra e uma série de fatores, como locação e equipe”, sustentou.

A feira seria independente do Stand e teria mais opções de compra para os frequentadores. O projeto encabeçado por Vaz prevê comercialização de livros de várias editoras e não somente de caráter religioso. “De todos os segmentos”, disse.

Mesmo que pensado para ser um evento “pré-Stand”, a feira poderia criar concorrência com a programação de fim de ano do conselho. Por essa razão, Vaz disse que o conselho está avaliando o melhor modo de realizar ambos.

Considerando a crise econômica do país, o Conpas resolveu adiar a novidade e o Stand da Bíblia. “Tatuí não está alheia ao que está acontecendo no país. Então, conversando com o conselho, resolvemos não realizar o Stand neste ano. Mas, lembro de que foram 20 anos ininterruptos”, frisou.

Além de Bíblias, o conselho oferecia, a preço de custo, o chamado “material de suporte” para estudos. São dicionários, atlas bíblicos, livros de concordância bíblica e de harpas e cânticos. “Esses materiais são ligados diretamente ao uso da Bíblia, mas não respondiam pela maioria das vendas”, afirmou.

Para 2017, a ideia é tornar o Stand da Bíblia um evento bienal. Com isso, tanto a organização como o público devem ter “mais fôlego”. De acordo com o pastor, parte dos livros vendidos é entregue como presente, mas os demais ficam com os compradores. Como não são materiais de duração efêmera, as Bíblias costumam ser usadas por muito tempo pelos religiosos.

 

‘Baixa procura’

O Conpas também resolveu suspender o evento por conta da “baixa procura”, conforme citou o pastor. Vaz explicou que, em geral, o público o procura no início de setembro. Neste ano, somente 20 pessoas o questionaram sobre as vendas.

“Baseado em tudo isso, nós decidimos pensar melhor, repensar e aguardar. As pessoas que estão habituadas vão ficar um pouco surpresas, mas entendo que elas não se manifestaram em função de terem outras prioridades”, argumentou.

A “concorrência” com o meio eletrônico é também outro motivo de preocupação para a organização. Vaz afirmou que a internet tem democratizado o acesso à Palavra de Deus e refletido em redução das vendas de livros físicos.

Por fim, disse que, apesar das dificuldades, o conselho realizará o Stand em 2017.