R$ 373 mil já estão aprovados para o MIS

Prédio do antigo matadouro que abrigará o MIS (foto: Diléa Silva)

O Conselho de Orientação e Controle (COC), do Fundo de Melhoria dos Municípios, dia 23 de setembro, aprovou recurso de R$ R$ 373.874,11 para a revitalização e a finalização da nova infraestrutura do prédio do antigo matadouro, que abrigará o MIS (Museu da Imagem e do Som) de Tatuí.

Em reunião, o COC ainda aprovou outros 56 pleitos de 34 cidades, referentes ao ano de 2019. Os recursos, destinados aos MITs (municípios de interesse turísticos) serão recebidos do governo do estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Turismo e do Dadetur (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios Turísticos).

A aprovação foi anunciada pelo presidente da Amitur (Associação Brasileira dos Municípios de Interesse Cultural e Turístico), Jarbas Favoretto, durante o 2º Encontro Municipal de Turismo, promovido na terça-feira da semana passada, 24 de setembro, no Sítio do Carroção.

A O Progresso, Favoretto afirmou que Tatuí – MIT desde 2017 – está “no caminho certo” na busca pela elevação a estância turística e que o projeto deverá contribuir para estruturar o município e atrair novos visitantes.

“É agradável saber que uma cidade está preocupada em fazer museu e não só em limpar praça. É claro que limpar praça é importante, mas também é preciso pensar grande, e Tatuí está de parabéns”, declarou o presidente.

A proposta de investir os recursos do Dadetur na revitalização e ampliação do antigo prédio do Matadouro Municipal, situado na avenida Domingos Bassi, esquina com a avenida João Batista Correia Campos, já havia sido apresentada e aprovada pelo Comtur (Conselho Municipal de Turismo), em reunião no dia 28 de agosto deste ano.

De acordo com o secretário do Esporte, Cultura, Turismo, Lazer e Juventude Cassiano Sinisgalli, a avaliação e aprovação do COC é o primeiro passo, dentro da Secretaria Estadual de Turismo, para a assinatura do convênio e liberação do recurso.

“Agora, a prefeitura vai entregar a documentação para análise técnica do Dadetur, até novembro, e, após a aprovação, é formalizado o convênio. Depois disso, a prefeitura licitará a obra, executará o convênio e o recurso será liberado”, explicou o secretário.

Segundo ele, a liberação do recurso do programa MIT garantirá a reforma e a finalização de toda a parte estrutural do prédio que abrigará o MIS. Contudo, as ações referentes à instalação do novo equipamento incluem uma segunda etapa, referente à formação de curadoria para coordenar o espaço.

“Toda a parte da infraestrutura a gente vai conseguir terminar com o recurso. Agora, a parte de expografia ainda estamos correndo atrás de leis de incentivo e de algumas empresas que vão nos ajudar”, afirmou Sinisgalli.

Ainda conforme o secretário, o total do investimento completo é avaliado em, aproximadamente, R$ 900 mil. “Já conseguimos R$ 337 mil só na parte de infraestrutura; agora, a gente vai percorrer o percurso para fazer toda a expografia como foi definido pelo projeto”, completou.

Conforme Sinisgalli, a revitalização do prédio e a ativação do Museu da Imagem e do Som devem colaborar com a busca pelo título de estância turística e valorizar os pontos de visitação e atrativos turísticos já existentes.

A revitalização do prédio do primeiro matadouro municipal – datado de 1859 – começou no final do outubro de 2017. Para a prefeita Maria José Vieira de Camargo, além de fundamental do ponto de vista histórico, o restauro contribui para o reforço de uma das principais características de Tatuí.

“O trabalho é decorrente de uma obra que se iniciou por necessidade (a reconstrução da ponte do Jardim Junqueira), mas atende a critério do MI”, contou.

Desde maio do ano passado, Tatuí integra a lista de cidades paulistas que começaram a receber recursos do governo de São Paulo para investimento em turismo. Mas, até então, a obra estava sendo realizada com recursos próprios.

Maria José ressalta que o recurso do Dadetur permitirá ao município agregar novo dispositivo de atração de visitantes, cumprindo meta de permanência entre os MIT, submetidos a reclassificação periódica.

A prefeitura quer viabilizar, no novo espaço, apresentações musicais, exposições permanentes e itinerantes, entre outras ações. Para a prefeita, a obra marca a entrega de um novo ponto turístico. Também permite aos tatuianos e visitantes conhecerem um pouco mais da história da cidade.

“Este edifício centenário estava totalmente jogado entre as árvores. Hoje, estamos revitalizando, para dar mais visibilidade a ele, e, com o MIS, poderemos valorizar o passado, contando a história daquelas pessoas que fizeram parte da história de Tatuí”, comentou a prefeita.

De acordo com a arquiteta Veridiana Petinelli – responsável pelo projeto de restauração -, o intuito da ação junto ao futuro MIS é diagnosticar as patologias encontradas em vários pontos do edifício e corrigi-las com técnicas construtivas e materiais utilizados no passado.

“Fizemos um trabalho de garimpo por todo o prédio, e pode-se dizer que executamos um trabalho parecido com o de um arqueólogo”, afirmou Veridiana.

Ela explica que, para iniciar a restauração, a equipe responsável pelo projeto precisou levantar quais tijolos foram utilizados na construção, desenterrar peças escondidas e limpar os tijolos da fachada principal.

“Com isso, descobrimos quais eram os tamanhos das aberturas originais, e, desta forma, estamos procurando deixar o prédio o mais próximo possível do que foi no passado”, explicou a profissional.

Para a arquiteta, “restaurar é um trabalho que garante a permanência dos sistemas construtivos e da história para gerações futuras”.

“Com este trabalho, estamos colaborando com a sociedade de várias formas, como cultural, turística, intelectual e outros. Por isso, temos que valorizar cada vez mais o pouco que nos resta e fomentar políticas públicas para incentivar, de maneira efetiva, a preservação do nosso patrimônio histórico”, comentou.

A arquiteta reforçou que, apesar de muitas partes do prédio terem sido alteradas ao longo do tempo, algumas “relíquias” foram encontradas durante os trabalhos iniciais.

A equipe responsável pelo restauro descobriu portas de folha de madeira fixa, uma série de ganchos (chumbados na parede), usados para pendurar peças de carnes bovinas, e tijolos com características e dimensões únicas, datados do século 18.

“Neste trabalho especificamente, confesso que tivemos sorte: encontramos uma porta original e duas janelas, porém, em péssimo estado de conservação, pela ação do tempo. Elas serviram de modelo para a construção de réplicas que serão instaladas no museu”, contou ela.

Além da restauração interna, o projeto inclui paisagismo e iluminação na área frontal, construção de banheiros e adaptação na área externa para atender ao público.