Psiu

Ondina, Itapoan, Jardim de Alá…

Arrebatadora paisagem com coqueiros à beira-mar solfejando canções no compasso do vento sossegado carregado de segredos.

Hotéis, bares e restaurantes chegaram e mudaram o mapa da noite baiana naquele pedaço boêmio por natureza.

Não sei se ainda existe, mas havia naquele tempo, naquele cenário boêmio, um bar curiosamente chamado “PSIU”.

Estávamos em um congresso de procuradores de estado de todo o país. Congresso que não conheceu nossas teses, porque elas nasciam e morriam na própria madrugada, antes do sol despontar.

Chegamos e nos instalamos nas mesas que juntamos em frente ao “PSIU”. Ali, ao ar livre, ficamos espiando a lua cheia desfilando, garbosamente, na passarela azul do céu baiano.

Misteriosamente, surgiu um violão. O violão até parece uma entidade abstrata que, de repente, se materializa e pousa, carinhosamente, no colo da gente.

As libações, àquela hora, já avultavam e ganharam mais intensidade com a chegada surpreendente do inefável pinho. Ele acordou vozes adormecidas…

A noite se diluiu numa rapidez deveras assustadora; a lua apressou-se em sua dengosa caminhada, o vento soprou os minutos, as canções nem chegaram a ser esgotadas, e, quando percebemos, o velho sol se erguia das águas do Atlântico, na fímbria do horizonte, e parecia nos repreender com um delicado e indiscreto “psiu”… Fomos embora.