Procura por seguranças durante fim de ano tem aumento em Tatuí





Com a proximidade das festas de fim de ano, o comércio entra em ritmo especial de funcionamento e passa a trabalhar em horário estendido. Acompanhando essa mudança, cresce a contratação de seguranças por parte dos comerciantes, que buscam garantir mais tranquilidade para suas lojas e para os clientes.

Washington Rodrigues dos Santos, 38, trabalha como segurança há 15 anos. Proprietário de microempresa voltada para segurança particular e patrimonial, ele reconhece que a procura por vigias aumenta nessa época do ano. De acordo com ele, a demanda parte “de todos os tipos de lojas, empresas e, até mesmo, bancos”.

“As agências também aumentam a busca por vigilantes. Não sei se é coincidência ou uma programação que os bancos fazem, mas muitos vigilantes fixos tiram férias no mês de dezembro. Então, são chamados outros para cobrir esse serviço”, explica.

No comércio, a função de seguranças, vigias e vigilantes deve ser preventiva: antecipar-se e precaver-se para evitar acontecimentos desagradáveis, ou mesmo perigosos nos estabelecimentos. “Nós trabalhamos para prevenir qualquer ocorrência. Não adianta agir com violência. As ‘maiores armas’ que um segurança pode ter nas mãos é uma caneta, um pedaço de papel e um telefone. Procuramos fazer anotações de placas, fisionomias, características e comunicar quem for preciso sobre qualquer atividade suspeita”, detalha Santos.

Como o trabalho é preventivo, os principais atributos de um segurança estão mais voltados para as características pessoais e emocionais. “Tudo conta um pouco: o respeito, a educação, a atenção auditiva e visual, a calma, o preparo psicológico, o conhecimento que ele adquiriu durante toda a vida e o que ele tem pra transmitir”, afirma.

Manter a calma e saber dialogar também são pontos fortes, de acordo com o microempresário. “Nunca podemos assustar alguém que esteja invadindo um local, praticando um assalto ou algo do tipo. Cada palavra dita deve ser cuidadosa e, apesar de irônico, devemos nos reportar de maneira calma e educada com quem está naquela situação”, revela.

Esse trabalho também deixou de ser uma função exclusivamente masculina. As mulheres estão se enquadrando cada vez mais no perfil ideal dos profissionais de segurança e ganhando campo. “Vejo essa realidade na minha equipe. As mulheres normalmente, são mais dispostas, permanecem mais atentas e dão mais valor para as situações, principalmente, porque elas querem provar que não são do sexo frágil”, conta Santos.

A jornada de trabalho e a forma de contratação dos seguranças podem variar conforme a necessidade do contratante. Santos explica que existem contratos feitos por mês, por semana, por dia ou mesmo por hora. A rotina também é variada: pode-se trabalhar de domingo a domingo, em diversos horários.

A maior reclamação do segurança é quanto à desvalorização da profissão. “É um processo totalmente banalizado. Normalmente, perguntam quanto o segurança cobra e já pedem para que ele diminua o preço, dizendo que outros cobram menos”.

O empresário disse que existe uma tabela de valores, mas que essa fica a critério de cada caso. “Podemos colocar um mínimo de R$ 10 por hora. Mas, mesmo sendo o mínimo, poucos cumprem. Sempre jogam o valor para baixo e muitos seguranças se sujeitam a trabalhar por valores ainda menores”, relata.

A utilização de armas é uma questão delicada quando o assunto é a contratação de vigias. Somente profissionais devidamente legalizados e que possuam porte de arma podem trabalhar equipados com armamentos.

Segundo Santos, a maioria das empresas opta por ter vigilantes que trabalhem desarmados. “A arma serve para transmitir uma falsa sensação de tranquilidade”, diz o segurança.

“Quem entra num local para provocar alguma situação, irá fazer independente de quem ou o que está do outro lado. Nós não temos que bancar os heróis, temos que prevenir. Quem previne não precisa de uma arma”, ressalta.

O capitão Kleber Vieira Pinto, comandante da 2a Companhia da Polícia Militar de Tatuí, alerta que, nos casos em que o segurança trabalhe com armamento não legalizado, os problemas podem recair até mesmo sobre o próprio lojista. “Se ele tinha conhecimento dessa irregularidade, pode ser interpretado como conivente”.

De forma geral, o comandante recomenda que o segurança não trabalhe armado e concorda que o perfil desse profissional deve ser de prevenção. “Ele precisa estar atento ao que acontece dentro da loja, nas proximidades daquele comércio e agilizar a comunicação com o proprietário”.

Segundo Kleber, os registros de confrontos entre seguranças e bandidos em Tatuí são muito baixos. “Quase não há incidência”, concluiu.