Prefeitura e ONG realizam campanha de testes hepáticos na Fatec de Tatuí





Lucimara Salvador

Marilu Rodrigues da Costa, da VE, participou da realização de testes promovidos com apoio de organização

 

A Fatec (Faculdade de Tecnologia “Professor Wilson Roberto Ribeiro de Camargo”) foi sede, no dia 30 de janeiro, da primeira campanha de testes rápidos de hepatites virais tipos B e C. O incentivo fez parte do “trote solidário” do primeiro semestre.

Feitos na própria instituição, os testes foram organizados em parceria entre a ONG ABPH (Associação Brasileira de Portadores de Hepatite) e a Prefeitura, por meio da Vigilância Epidemiológica, da Secretaria Municipal da Saúde.

Para as avaliações hepáticas, a ABPH cedeu 300 testes. Foram feitos 107, todos com resultado negativo. Os exames aconteceram como complemento à 12A Campanha de Doação de Sangue de Tatuí.

“A maioria dos infectados não sabe que tem a doença. Podem conviver com ela durante 20 ou 30 anos e só descobrem na doação de sangue”, conta Virgínia Alves, coordenadora social da ABPH.

A coleta do material para analise consistiu em uma gota de sangue retirada do dedo. O procedimento dura dois minutos por pessoa. Já o resultado para os dois tipos de hepatite era entregue em até 30 minutos.

Segundo a representante da ONG, o foco foi examinar os estudantes por estarem expostos a situações de risco, como o compartilhamento de objetos cortantes sem assepsia.

“Estamos fazendo com os jovens porque a doença afeta mais essa faixa, através das tatuagens, ‘piercings’ e alicates de manicures, onde não tomam os cuidados adequados”, comentou Virgínia.

O vice-diretor da unidade, Anderson Luiz de Souza, contou que a ideia dos exames foi bem recebida e que a Faculdade de Tecnologia é composta por alunos de todas as idades. “Achamos interessante a campanha ser aplicada a todos e, principalmente, para a faixa de risco”, comentou.

Caso algum paciente fosse diagnosticado com a doença, ele seria encaminhado a médicos especializados da cidade, assim como confirmou a coordenadora do CTA (Centro de Testagem e Acolhimento) de Tatuí, Marilu Rodrigues da Costa. “Caso marque positivo em algum teste, a pessoa é direcionada ao infectologista imediatamente, para o tratamento adequado”, contou.

A inserção dos exames no trote solidário da Fatec nasceu pela coordenadora de campanhas de doação de sangue Rita Corradi de Azevedo.

“No ano passado, fui até as escolas para falar da campanha, e os alunos me perguntaram se poderiam doar, sendo que já tiveram hepatite. A partir daí, entrei em contato com a ONG e resolvemos fazer esta parceria”, lembrou.

A campanha durou seis horas e abrangeu estudantes dos cursos vespertinos e noturnos. A instituição de ensino também abriu as portas para moradores da região do Jardim Aeroporto, bairro onde está localizada a Fatec.

“Neste ano, além de trazer os testes contra a hepatite, a novidade também foi abrir as portas para toda a comunidade”, comentou Rita.

Tipos de hepatite

A hepatite é caracterizada por qualquer inflamação no fígado. A doença pode ser causada por diversos fatores, mas a viral é a forma mais comum de contágio.

Segundo o Ministério da Saúde, surgem por ano 33 mil novos casos de hepatite no Brasil. Existem cinco tipos ocasionados por vírus: A, B, C, D e E.

No caso da A e E, a transmissão é feita pela água, alimentos, objetos ou mãos contaminadas por fezes e levadas à boca. Isto acontece em regiões sem tratamento de água ou esgoto e com más condições de higiene.

As B, C e D têm formas de contágio semelhantes, acarretadas por transfusão de sangue contaminado, utilização de objetos cortantes sem esterilização ou relação sexual sem proteção.

Porém no caso da B, não há cura. Em contrapartida, existe vacina injetável que previne a segunda classe da enfermidade. Ela é fornecida em três etapas e faz parte do calendário básico infantil.

A hepatite C é a mais preocupante. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a doença é assintomática, ou seja, o paciente não sente os sintomas e, com isso, carrega o vírus sem saber.

A coordenadora da ABPH comenta que, quando surge algum indício físico, é porque o paciente já está na fase aguda da doença. Os sintomas aparecem quando o fígado já está comprometido. Então, o portador precisa de tratamento urgente.

Virgínia argumenta que a maioria dos infectados são “baby boomers”, ou seja, pessoas que nasceram entre 1945 a 1960, antes da descoberta das doenças hepáticas.

Essas pessoas podem ter sido expostas à enfermidade através de transfusão de sangue ou condutas de alto risco, como compartilhamento de materiais.

“A população sem informação fica mais suscetível à doença”, encerra Virgínia.