Tatuí tem junho mais ‘mortal’ desde 2015

Portal da Transparência indica salto de 44% no número de mortes em relação a 2019

Da reportagem

O município teve o mês de junho com o maior número de mortes há pelo menos seis anos. Os dados são apontados em levantamento do Portal da Transparência do Registro Civil, administrado pela Arpen-Brasil (Associação Nacional dos registrados de Pessoas Naturais), estudo que teve início em 2015.

Os dados do órgão apontam um total de 134 óbitos declarados em junho de 2021, 44,08% a mais que os 93 de junho de 2020. Em comparação com o sexto mês de 2019 (78), o salto no número de mortes deste ano representa 71,8%.

Ainda com relação ao sexto mês, em 2018, o Cartório de Registro Civil registrou 87 declarações de óbitos (indicando 54,02% a mais neste ano). Em 2017, foram 77 mortes (74,02% a mais agora); em 2016, ocorreram 87 mortes (54,02% a mais em 2021); e em 2015, quando houve 70 mortes, o percentual de aumento em 2021 indica 91,42%.

O Portal da Transparência é atualizado diariamente por todos os cartórios do país. As estatísticas se baseiam nas declarações (documentos preenchidos pelos médicos que constatam os falecimentos) que dão origem às certidões de óbitos, registradas nos cartórios para a liberação dos sepultamentos.

Desde o início da pandemia, a plataforma do Registro Civil passou a informar dados de óbitos por Covid-19 (suspeita ou confirmada) e, ao longo dos meses, novos módulos sobre óbitos por doenças respiratórias e cardíacas foram adicionados ao portal, com filtros por estado e município.

As mortes por causas naturais são resultado de doença ou mau funcionamento interno dos órgãos e, nesta classificação, estão inclusos os óbitos por Covid-19, a SRAG (síndrome respiratória aguda grave), pneumonia, insuficiência respiratória e septicemia, que é o choque séptico.

Até às 10h de quinta-feira, 1º, o registro apontava que, no mês de junho deste ano, sete pessoas perderam a vida por pneumonia, duas por insuficiência respiratória e três por septicemia. Não houve mortes por causa indeterminada (ligada a doença respiratória, mas não conclusiva) e nem por SRAG.

Além disso, o levantamento mostrava um total de 62 mortes por Covid-19 em junho deste ano. Contudo, a assessoria de comunicação do portal explica que, quando na declaração de óbito há menção de Covid-19, coronavírus ou novo coronavírus, considera-se como causa a Covid-19 (suspeita ou confirmada).

Entre as causas cardiovasculares, o levantamento apontava cinco mortes por AVC, 14 por infarto e oito por causas vasculares inespecíficas. Outros 33 óbitos estão relacionados a outros tipos de doenças.

Semestre

Os números levantados pelo portal ainda mostram que os casos de mortes por causas naturais, nos meses de janeiro a junho deste ano, tiveram aumento de 73,23% em comparação ao mesmo período do ano passado.

Conforme o relatório, no primeiro semestre de 2021, 809 mortes por diversas causas foram registradas na cidade. Já no ano passado, foram emitidas 467 declarações de óbitos nos seis meses e, em 2019 – antes da pandemia –, 420.

O registro do primeiro semestre deste ano aponta uma morte por SRAG, 69 por pneumonia, 36 por insuficiência respiratória, 44 por septicemia, uma por causa indeterminada e 307 por Covid-19 neste ano.

Entre as causas cardiovasculares, o levantamento apresenta 39 mortes por AVC, 47 por infarto e 66 por causas vasculares inespecíficas e outros 199 óbitos relacionados a outros tipos de doenças.

Nos mesmos seis meses de 2020, houve dois registros de morte por síndrome respiratória aguda grave, 77 por pneumonia, 27 por insuficiência respiratória, 44 por septicemia e 1 por causa respiratória indeterminada.

Além disso, no mesmo período do ano passado, 22 pessoas faleceram por Covid-19, 46 por AVC, 36 por infarto e 26 por causas vasculares inespecíficas – outros 186 óbitos estão relacionados a outros tipos de doenças.

Letalidade x natalidade

A alta mortalidade do dia 1º ao dia 30 de junho deste ano, elevada pela pandemia de Covid-19, fez a cidade contabilizar mais óbitos que nascimentos. No sexto mês, a letalidade no município foi 30,09% maior que a natalidade, com 134 mortes para 103 nascimentos.

Este é o segundo mês neste ano em que o número de registro de óbitos é superior ao de nascidos vivos. Do dia 1º ao dia 30 de abril, a cidade somou 206 mortes e 132 nascimentos, o que representou 56,06% mais óbitos.

Na tabela dos seis primeiros meses do ano, o saldo é de 6,14% mais mortes que nascimentos, com 812 óbitos (97 em janeiro, 88 em fevereiro, 153 em março, 206 em abril, 134 em maio e 134 em junho), para 765 nascidos (124 em janeiro, 121 em fevereiro, 154 em março, 132 em abril, 131 em maio e 103 em junho).

No mesmo período do ano passado, as certidões de nascimento ultrapassaram as de óbitos em 83,26%. O saldo mensal de nascimentos oscilava entre 40% e 60% a mais que o total de mortes declaradas.

Em 2020, foram 472 óbitos (72 em janeiro, 59 em fevereiro, 77 em março, 79 em abril, 81 em maio e 104 em junho), para 865 nascidos (179 em janeiro, 122 em fevereiro, 174 em março, 133 em abril, 122 em maio e 135 em junho).

A base de dados é abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos (naturais e violentos) registrados nos Cartórios de Registro Civil do país. Os números ainda podem ser alterados, uma vez que o portal tem prazo legal de até 14 dias para lançar os registros de óbitos.

A família tem até 24 horas após o falecimento para registrar o óbito em cartório, o qual, por sua vez, tem até cinco dias para efetuar o registro de óbito e, depois, até oito para enviar o ato à Central Nacional de Informações do Registro Civil, que atualiza a plataforma.