Subsede da Apeoesp arrecada cestas básicas para professores sem salário

Distribuição de cestas terá como prioridade profissionais sem aulas (foto: divulgação)
Da reportagem

A subsede da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) lançou neste dia 20 a campanha “Solidariedade nas Subsedes”, com o objetivo de arrecadar cestas básicas a serem distribuídas a professores e famílias em situação de vulnerabilidade social em meio à pandemia causada pela Covid-19.

A coordenadora da entidade explicou que a distribuição das cestas básicas terá como prioridade os profissionais que estão sem aulas durante a quarentena, como, por exemplo, os professores eventuais e terceirizados, “que estão sem nada a receber”.

Segundo ela, os profissionais considerados eventuais não entram no programa de auxílio emergencial do governo federal por constarem em cadastro aberto na Apeoesp e, assim, com a paralisação das aulas, estão sem renda fixa.

Jaqueline De Nicola, de 48 anos, é uma das profissionais atingidas. Antes da suspensão das aulas, ela trabalhava prestando serviços a uma empresa terceirizada, como cuidadora de uma aluna com autismo severo, em uma escola da rede estadual.

Segundo ela, o salário de R$ 1.200 era fundamental na casa em que ela mora com o marido, os quatro filhos e o neto de um ano. O marido, de 55 anos, está desempregado desde 2018. A única pessoa com emprego fixo na família é uma filha do casal, de 19 anos, que trabalha na área de computação e recebe cerca de R$ 1.800.

“Está sendo muito difícil. Estou completamente arrasada e sem chão. O jeito agora é rezar, porque as contas não param de chegar. Ninguém suspendeu pagamento de água, luz ou internet”, diz Jaqueline.

Ela conta que, ao menos, outras 215 pessoas que também trabalhavam na empresa de terceirização foram demitidas. Elas foram informadas de que seriam dispensadas por meio de uma mensagem de WhatsApp encaminhada pela companhia, que disse que o Estado havia cancelado o contrato, por não haver previsão para que as aulas retornassem.

A subsede local abrange as cidades de Quadra, Boituva, Cesário Lange, Capela do Alto e Cerquilho. Segundo Fátima, todas abriram o comitê de solidariedade “com intuito de prover as necessidades dos professores que estão sem aula”.

A coordenadora declara que a situação de Jaqueline foi o motivo do início da ação em Tatuí. Ela conta que a entidade já começou a receber doações e tem cerca de dez pessoas cadastradas para receber auxílio, contudo, o número deve aumentar nos próximos dias.

“Até agora, a adesão foi baixa, mas, como o Estado paga os professores eventuais com aproximadamente três meses de atraso, há expectativa de que o número de pedidos por cestas básicas aumente nos próximos meses”, salientou a coordenadora.

Em Tatuí, a unidade também beneficiará alunos em situação de vulnerabilidade. “Recebi o telefonema de uma aluna que estava sem nada para comer na casa e surgiu a ideia de estender a campanha para os estudantes em situação de vulnerabilidade também”, acentuou Fátima.

As primeiras doações serão entregues à Escola Estadual “Professora Lienette Avalone Ribeiro”, do Parque Santa Maria. A unidade atende estudantes dos bairros Guaxingu, Congonhal, Americana, Mirandas, Santuário e outros rurais.

“Entregando cestas básicas para as famílias, nós também trabalhamos com outras questões domésticas e sociais, porque a angústia por não ter o que comer, o desespero pela situação e raiva, também são portas abertas para situações de violência”, observou a coordenadora.

Todas as 94 unidades da entidade sindical no estado estão recebendo doações de alimentos, produtos de limpeza e itens de proteção individual para montar kits aos professores, por iniciativa da presidente da Apeoesp, deputada estadual e professora Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel (PT).

“Nós estamos profundamente engajados na defesa da vida, não apenas defendendo a continuidade do isolamento social, mas também realizando essa campanha de arrecadação de alimentos. Esses itens também serão distribuídos às pessoas que necessitarem”, destacou Bebel em nota à imprensa.

Ainda na nota, a professora assegura que continuará “pressionando o governo do estado de São Paulo para garantir uma renda mínima aos profissionais da categoria sem vínculo de trabalho e para que conceda uma renda de pelo menos R$ 1.500 a cada professor eventual”.

Os interessados em doar os mantimentos podem entrar em contato com a coordenadora pelo (15) 99157-8743, ou procurar a subsede da Apeoesp em Tatuí, à rua 11 de Agosto, 757, Centro.