Mosquito da dengue geneticamente modificado pode ser usado em Tatuí

Reunião discute chance de cooperação no combate à doença na cidade

Projeto é realizado com eficiência a partir de 95% (foto: reprodução)
Da redação

Um encontro virtual promovido na tarde desta sexta-feira, 16, a partir das 14h, pode resultar na utilização de mosquitos Aedes Aegypti geneticamente modificados para auxiliar no combate à dengue em Tatuí.

A reunião teve a participação dos secretários municipais da Saúde, Tirza Luiza Melo de Meira Martins, e do Governo, Luiz Paulo Ribeiro da Silva, da diretora geral da empresa Oxitec Brasil, Natalia Ferreira, do presidente da Câmara Municipal, Antonio Marcos de Abreu (PSDB), e de convidados.

A O Progresso, o parlamentar informou que a reunião ocorreu conforme planejado. Segundo Abreu, na segunda-feira, 19, a empresa deverá encaminhar um questionário à prefeitura, e, após o envio das respostas, os valores e a forma de utilização dos mosquitos geneticamente modificados deverão ser acordados.

A reunião foi marcada após a apresentação do requerimento 990/21, de autoria de Abreu,e assinado por Márcio Antônio de Camargo (PSDB), aprovado por unanimidade na reunião parlamentar de segunda-feira, 12.

O documento de Abreu solicita ao Poder Executivo informações sobre a possibilidade de celebração de parceria ou cooperação com a Oxitec. O objetivo do requerimento é a realização do projeto “Aedes do Bem”, ação que prevê o uso de tecnologia de ponta.

A iniciativa, voltada ao combate à dengue, também colabora no controle da disseminação dos vírus zika, chikungunya e da febre amarela. A justificativa do requerimento destaca que o projeto é realizado em Indaiatuba e Piracicaba, com percentuais de eficiência que vão de 95% a 98% no controle ao vetor.

A empresa informa que a ação é “uma ferramenta de controle biológico segura e amiga do meio ambiente”. O “Aedes do Bem” é composto por mosquitos machos que não picam ou transmitem doenças, ajudando a diminuir a população dos Aedes aegypti selvagens, sem prejudicar as pessoas, os animais ou o meio ambiente.

Conforme a Oxitec, são mosquitos machos que apresentam duas características que os tornam eficientes ferramentas no controle do mosquito da dengue: possuem um marcador fluorescente que serve para identificá-los em meio aos demais mosquitos; e a característica autolimitante, que promove o controle populacional do inseto no ambiente.

Quando os mosquitos modificados acasalam com as “parceiras” selvagens do Aedes aegypti, as fêmeas presentes na prole morrem antes de chegarem à fase adulta.

Já os machos, que naturalmente não picam e não transmitem doenças, sobrevivem e podem continuar o trabalho de controle da população de mosquitos por algumas gerações.

“Assim, com algumas liberações de ‘Aedes do Bem’, a população do mosquito transmissor de doenças pode ser reduzida”, aponta a empresa.

“Essa é uma solução segura, sustentável e ecologicamente correta, que visa a melhorar a vida dos moradores, já que o ‘Aedes do Bem’ consegue alcançar aqueles criadouros mais escondidos e de difícil acesso”, complementa.

Abreu indica que os mosquitos geneticamente modificados devem ser soltos nos locais de maior incidência da dengue.

“Quando inseridos no meio ambiente, esses mosquitos acasalam com as fêmeas, que são as responsáveis pelas picadas nos humanos e por transmitir as doenças. As fêmeas é que precisam do sangue para alimentar os ovos”, reforça o vereador.

Até a manhã de quinta-feira, 15, a Vigilância Epidemiológica, órgão da Secretaria Municipal de Saúde, havia confirmado 15.298 casos de dengue no município somente neste ano. Para Abreu, a partir da iniciativa, a doença pode ser controlada rapidamente na cidade.

“Todas as ações ajudam o município. Nós temos a ‘Operação Cata-Treco’, o fumacê e a verificação de focos do mosquito nas residências e imóveis. Tudo isso é muito importante, mas o uso de mosquitos geneticamente modificados é ainda mais, especialmente nesse momento”, finaliza o parlamentar.