Habilitação deve ter aumento de R$ 300 com uso de simuladores





Jheniffer Sodré

Foto demonstra uso de equipamento adquirido por CFCs da cidade

 

A partir do dia 1º de julho, todos aqueles que tiverem interesse em tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para carro deverão desembolsar cerca de R$ 300 a mais. A taxa que custa atualmente, em média, R$ 1.500, terá valor de pelo menos R$ 1.800, a partir do segundo semestre.

Isto porque todos os aspirantes a motoristas terão de fazer aulas práticas em simulador de direção veicular antes de dirigir um automóvel de verdade.

Essa mudança já vem sendo estudada pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) desde 2010, com a resolução 538, mas só em junho do ano passado, com a publicação da resolução 444/2013, é que as regras foram revistas e atualizadas.

O primeiro prazo estipulado pelo Contran, para os Centros de Formação de Condutores (CFCs) se adequarem às exigências era o dia 31 de dezembro de 2013, para que, já no dia 1o de janeiro de 2014, todos os alunos das autoescolas tivessem aulas nos simuladores.

No entanto, no dia 11 de fevereiro deste ano, o Conselho Nacional de Trânsito prorrogou a data para o dia 30 de junho, a fim de dar mais tempo para que os estabelecimentos cumpram todos os requisitos e normas técnicas estipulados.

Em Tatuí, alguns CFCs já compraram o equipamento e estão se preparando para a nova realidade na formação de motoristas.

A Autoescola Nogueira, por exemplo, investiu cerca de R$ 40 mil na compra de um simulador de direção veicular em agosto do ano passado. Mas, até agora, não recebeu o aparelho, que estava programado para chegar em novembro de 2013.

O atraso, segundo o diretor do CFC Nogueira, Gediael Nogueira, se dá pelo grande número de pedidos recebidos pelo fornecedor.

“Eu entrei em contato com a empresa Real Simuladores, onde comprei o equipamento, e eles me informaram que a nova previsão de entrega era fevereiro. Mesmo assim, ainda não recebi, e eles justificaram que a demanda está muito alta. Por isso, há atraso nas entregas”.

Nogueira explica que comprou o simulador no segundo semestre de 2013, pois sabia que, em janeiro deste ano, já teria que estar tudo preparado para as aulas no aparelho.

“Nosso prazo era o dia 31 de dezembro, e nós estávamos preparados para isso, mas, agora, diminuiu um pouco a pressa, porque a data foi prorrogada para o dia 30 de junho”, ressalta.

Além do investimento na compra do simulador, o Centro de Formação de Condutores Nogueira precisou fazer algumas mudanças na infraestrutura da autoescola, pois o artigo 5o da resolução 444/2013 exige que o estabelecimento providencie uma sala com 15 metros quadrados somente para as aulas no aparelho.

“Tivemos que viabilizar um curso de formação para um profissional do CFC, para que ele fosse preparado para instruir os alunos e para operar o simulador”, relatou Nogueira.

Outra autoescola que também já adquiriu o simulador e está se preparando para a nova realidade é o CFC Barros.

Embora o equipamento ainda não tenha sido entregue, o gerente e instrutor teórico Fábio Silva acredita que estarão prontos para o início das aulas em julho.

“Estamos no processo de adequação, já solicitamos o simulador e viabilizamos a sala. Só falta mesmo o equipamento chegar”, frisa o gerente.

É importante lembrar que os centros de formação de condutores não são obrigados a comprar o simulador. Eles podem enviar os alunos para fazerem apenas as aulas no equipamento em outra autoescola. Nesse caso, o valor de R$ 300 a mais será pago para o estabelecimento que possui o aparelho.

Aulas no simulador

Mesmo com a inserção das aulas no equipamento como requisito para tirar a carteira de habilitação, o tempo para finalizar todo o processo não deve sofrer mudanças, segundo o diretor da CFC Nogueira.

Ele explica que se leva, em média, de dois a três meses para tirar a CNH na categoria AB (carro e moto). Esse período não deve aumentar.

Além de fazer as aulas teóricas, as práticas de carro e de moto, o aluno da autoescola deverá participar das aulas no simulador de direção veicular, que têm carga de 45 horas/aula.

“É possível fazer as aulas no equipamento ao mesmo tempo em que se está fazendo as aulas teóricas, por isso o processo para tirar a carteira de motorista não vai ficar mais longo”, garante Nogueira.

Já na opinião de Silva, esse tempo pode se estender um pouco mais por conta das aulas no simulador. “Como a carga horária da formação será maior, o processo todo pode levar, sim, mais que quatro meses. Mas, também, só poderemos ter uma noção mais precisa quando virmos na prática como vai funcionar”.

O simulador possui três telas, reproduzindo, inclusive, os ângulos de visão dos retrovisores de um carro, além de possuir todos os componentes de um veículo de verdade, como pedais, câmbio de marcha e painel indicador. E o mais importante: não será um jogo.

Segundo Nogueira, uma das exigências do Contran é de que o simulador seja muito mais que um simples jogo de videogame. Por isso, houve um investimento grande para desenvolver um software sofisticado e capaz de reproduzir, da maneira mais real possível, diversas situações no trânsito.

Cada aula ministrada no equipamento deverá prever pelo menos dez situações que retratem as normas gerais de circulação e conduta presentes no Código de Trânsito Brasileiro.

O conteúdo apresentado pelo simulador está dividido em cinco temáticas: conceitos básicos, aprendendo a conduzir, aprendizado da circulação, conduta segura e situações de risco.

Durante essas aulas, os alunos aprenderão a mudar de marcha, fazer curvas, estacionar, ultrapassar, circular em vias urbanas e rurais, conduzir sob chuva, neblina e tráfego intenso, além de outras questões.

Não existe reprovação no aparelho e, ao término de cada aula, o simulador elabora um relatório com todos os erros e infrações cometidos pelo aluno.

“Com esse documento, será possível saber se o aluno esqueceu de sinalizar ou se causou algum acidente, por exemplo”, explica o diretor da Autoescola Nogueira.

Todas as aulas ministradas no equipamento serão acompanhadas por um instrutor do próprio centro de formação de condutores, e são uma etapa obrigatória para o aluno iniciar as aulas prática.

Na opinião de Nogueira, “elas vêm justamente para acrescentar e potencializar o processo de aprendizagem dos futuros motoristas”.

“Às vezes, o aluno faz as 20 aulas práticas exigidas, mas não vivencia nenhum tipo de situação adversa. Então, o equipamento chega para cobrir esta lacuna. É claro que isso ainda não é o ideal, mas já vai melhorar bastante a formação dos condutores”, destaca Nogueira.