Aprovado pedido de socorro contra violência às mulheres

Vítimas podem solicitar ajuda expondo ‘X’ em palma da mão

Sinal de socorro deve ser em formato de 'X' preferencialmente feito com batom vermelho
Da reportagem

A instituição do “Sinal Vermelho Contra a Violência Doméstica”, uma campanha permanente de proteção às mulheres, criada pela AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) recebeu aprovação unânime dos parlamentares, durante sessão extraordinária nesta segunda-feira, 2.

A adoção da campanha em Tatuí foi sugerida por meio do projeto de lei 11/21, de autoria dos vereadores Valdir de Proença (Podemos) e Renan Cortez (MDB), o qual ainda recebeu uma emenda apresentada por Eduardo Dade Sallum (PT).

A campanha trata do Programa de Cooperação e Código Sinal Vermelho, como forma de pedido de socorro e ajuda para mulheres em situação de violência doméstica ou familiar, medida de combate e prevenção à violência doméstica, conforme a lei federal 11.340, de 7 de agosto de 2006, a “Lei Maria da Penha”.

O código “sinal vermelho” permite que a mulher   sofrendo algum tipo de violência ou perseguição possa sinalizar e efetivar o pedido de socorro expondo ao menos uma das mãos com uma marca no centro em forma de um “X”, preferencialmente feito com um batom vermelho.

“Em caso de impossibilidade, a marca deve ser feita com caneta ou outro material acessível – se possível, na cor vermelha -, a ser mostrada com a mão aberta para clara comunicação do pedido”, acrescenta o documento.

O protocolo básico do programa determina que, ao ser identificado o pedido de socorro, atendentes de farmácias, repartições públicas e instituições privadas, portarias de condomínios, hotéis, pousadas, bares, restaurantes, lojas ou supermercados coletem o nome da vítima, endereço ou telefone, e liguem imediatamente para o número 190 (emergência da Polícia Militar) para reportar a situação.

O PL autoriza a prefeitura a promover ações para a integração e a cooperação junto ao Poder Judiciário, ao Ministério Público, a órgãos de segurança pública, à AMB, ao CNJ e a associações nacionais e internacionais.

As ações também poderiam ser realizadas com representantes ou entidades representativas de estabelecimentos, das quais os funcionários teriam de identificar o pedido de ajuda e contatar a PM, com o objetivo de promover e efetivar o Programa de Cooperação e Código Sinal Vermelho, em consonância com a Lei Maria da Penha.

O Executivo ainda poderia promover campanhas e atividades para construção de protocolos específicos de assistência e segurança às mulheres em situação de violência através de diálogos com a sociedade civil, equipamentos públicos de atendimento às mulheres, conselhos e organizações e entidades que atuam no combate e prevenção à violência contra a mulher.

Conforme a justificativa do PL, “lamentavelmente, a violência contra a mulher cresceu de forma assustadora no período de pandemia, sendo preciso combater essa covardia”. “O projeto de lei tem a finalidade de oferecer mais segurança, proteção e amparo às mulheres vítimas de violência doméstica”, reforça.

Os parlamentares frisaram que, para que o PL realmente tenha eficácia, é necessário conscientizar os munícipes sobre a importância de auxiliar as mulheres que estão enfrentando situação de violência.

“Há uma cultura que, em briga de marido e mulher, não se mete a colher, mas tem, sim, de se meter a colher, ainda mais quando se resulta em violência contra a mulher”, destaca Sallum.

“É preciso que as pessoas tenham a consciência de que se deve ligar para a polícia quando verem o ‘X’ vermelho na mão das mulheres. Espero que essa lei realmente seja cumprida e esteja na cultura e na consciência das pessoas”, completou o vereador.

Um dos autores do projeto, Cortez declarou que a violência contra a mulher não deve, “de forma alguma, ir à tona somente quando ocorrem tragédias e, logo na sequência, ser esquecida”.

“É um assunto que deve ser tratado, dia a dia, semana a semana, mês a mês, semestre a semestre e ano a ano, para que isso possa tomar ‘corpo’ nas ruas do município”, ressaltou Cortez.

O parlamentar João Éder Alves Miguel (MDB) reconheceu que a violência contra as mulheres ainda é recorrente, tanto em Tatuí como em todo o país.

“As mulheres precisam ser defendidas e nós, enquanto poder público, temos de criar instrumentos para permitir que isso ocorra. Fica a torcida para aquilo que os vereadores pleitearam através do projeto seja, de fato, executado”, concluiu.