Alunos recebem premiação ‘Paulo Setúbal’

Centenário de lançamento de “Alma Cabocla” do escritor tatuiano foi tema do certame

Rogério Vianna conduziu a cerimônia ao público presente e virtual, de forma simultânea (foto: Eduardo Domingues)
Da reportagem

Estudantes das redes pública e privada de ensino estiveram no teatro do Centro Cultural, na noite de sexta-feira, 6, para a cerimônia de premiação do 19º Concurso Paulo Setúbal – Literatura e Artes Visuais, de abrangência municipal, promovido pela prefeitura, por meio do Museu Histórico “Paulo Setúbal”.

A cerimônia contou com a presença de público reduzido, ocupando 50% da capacidade do teatro. Simultaneamente, foi transmitida, ao vivo, pela internet, através de canais oficiais da Secretaria Municipal de Esporte, Cultura, Turismo, Lazer e Juventude, e do MHPS no YouTube e Facebook.

O evento, integrante da 79ª Semana Paulo Setúbal, reuniu o titular da pasta, Cassiano Sinisgalli, a professora Elisângela Cecílio, representando a Secretaria Municipal de Educação, membros da família Setúbal e integrantes das comissões organizadora e julgadora do concurso.

A noite teve apresentações virtuais da Banda Sinfônica e do Gripo de Choro, ambos do Conservatório Dramático e Musical “Doutor Carlos de Campos”, e foi conduzida pelo diretor municipal da Cultura e gestor do museu, Rogério Vianna. Ele relembrou os desafios enfrentados durante a pandemia para a concretização do concurso.

Vianna recordou a suspensão das atividades presenciais e a criação do projeto “#MuseuPauloSetubalEmSuaCasa” e do canal no YouTube para suprir a demanda educativa do museu.

Na sequência, foi realizada homenagem à professora Cimira Cameron, lembrada como grande incentivadora da arte e da cultura tatuiana, participando como jurada dos certames Paulo Setúbal desde 2002.

Durante a homenagem, foram transmitidos vídeos da jornalista Deise Juliana Voigt, do promotor de eventos e colunista de O Progresso Jorge Rizek, e Vianna ainda leu uma mensagem de Malu Cameron, filha da homenageada. Cimira faleceu em 30 de janeiro de 2020.

Antes da divulgação dos premiados, Vianna destacou a comemoração do centenário de publicação de “Alma Cabocla”, obra do escritor tatuiano. Em celebração, o MHPS produziu cem medalhas, entregues aos alunos, professores, diretores e unidades escolares vencedoras do certame.

A medalha, fundida em bronze 70 (latão), cor ouro, com estojo em veludo preto, segundo o MHPS, visa salvaguardar a obra literária publicada em 1920. A primeira edição do livro, de 3.000 exemplares, esgotou-se em um mês e é composta de vários poemas, em quatro capítulos.

O centenário da obra de Paulo Setúbal aconteceu no ano passado, mas a pandemia acabou provocando a suspensão do concurso em 2020 e o tema acabou sendo mantido para este ano.

Para 2021, a comissão instituiu um novo formato de participação. Os estudantes puderam elaborar os textos e os desenhos a partir de tutoria online. “Trata-se de uma nova maneira de chegar até o aluno e facilitar o recebimento das obras”, segundo a organização.

O 19º concurso foi dividido em cinco categorias, sendo duas na modalidade artes visuais e três em literatura. Os trabalhos em artes visuais consistem em desenho envolvendo o livro “Alma Cabocla”, produzidos por estudantes do ensino fundamental, na categoria entre 1º e 2º ano e na categoria com estudantes do 3º, 4º e 5º ano.

Em literatura, os trabalhos consistiram na produção de textos, também com base no livro de Paulo Setúbal, por estudantes nas categorias: 6º e 7º ano e 8º e 9º ano, além do ensino médio, por estudantes do 1º ao 3º ano.

O certame distribuiu a premiação total de R$ 11 mil. O primeiro lugar de cada categoria recebeu medalha e R$ 600 em dinheiro; o segundo lugar, medalha e R$ 400; e o terceiro, medalha e R$ 300 – a premiação para a terceira colocação é novidade da atual edição.

Os professores dos alunos classificados do primeiro ao terceiro lugar também ganharam prêmio de incentivo, de R$ 300; e as escolas dos alunos contemplados receberam o “Selo Literário do Concurso Paulo Setúbal 2021”.

Entre escolas e alunos premiados, a rede pública teve destaque, obtendo 25 das 32 premiações e menções honrosas. Das 15 instituições que tiveram alunos contemplados, 13 são públicas e duas, privadas.

Na categoria ensino fundamental, 1º e 2º ano, em artes visuais, a comissão optou por distribuir sete menções honrosas, reconhecendo: Jhones Gabriel de Paulo Oliveira, Maya Bertucci Freire, Lívia Machado C. Arruda, Talles Leonel Paes, Kamilly Vitória da Costa Silva, Maria Alice Paulino Galera e Luiz Miguel F. S. da Costa.

Os dois primeiros lugares da categoria foram de alunas da Emef “Professor Firmo Antônio de Camargo Del Fiol”: Alice Mendes Dias, na primeira colocação, e Clara Lis Prestes de Paula, na segunda. A terceira posição foi alcançada pela estudante Nalu Pavanelli Silveira, da Emef “Professora Terezinha Vieira Camargo Barros”.

Pelo ensino fundamental, 3º, 4º e 5º ano, em artes visuais, seis estudantes, de cinco escolas, receberam menções honrosas: Nicolas Grusner Valentim, Maria Eduarda Ribeiro Silva de Oliveira, Lorena Alves de Oliveira, Théo Pavanelli, Jhessyca Oliveira de Paula e Rafaela Oliveira Bidim Lélis.

As premiações desta categoria foram conquistadas por: Pedro Henrique Freire Vieira, da Emef “Professor Firmo Antônio de Camargo Del Fiol”, na primeira colocação; Rayanne Carollyne Gomes Dias, da Emef “Maria Eli da Silva Camargo”, na segunda; e Paula Couto de Aquino, do Colégio Bem Me Quer, na terceira.

Pedro Henrique, de 11 anos, participou pela primeira vez do certame. Justamente devido à pandemia, ele produziu o trabalho na residência e, posteriormente, levou-o à professora Elis Regina Prestes Barbosa.

O estudante comentou que contara com a orientação da docente para melhorias na elaboração do desenho. “É um sentimento muito bom ser premiado, porque gosto muito de desenhar”, garantiu Pedro Henrique.

Já entre os alunos do ensino fundamental, 6º e 7º ano, pela categoria literatura, não houve menções honrosas, sendo premiados dois estudantes da Emef. “Professora Maria Helena Machado”.

A obra “Férias na Fazenda” garantiu ao aluno Kayk Teixeira Martins a primeira posição da categoria, enquanto o texto “Escritor Paulo Setúbal” colocou Gleice Pakes Lopes como segunda colocada.

As obras realizadas por alunos do 8º e 9º ano, também na categoria literatura, além dos premiados, renderam quatro menções honrosas, reservadas a: “Tatuí, Minha Terra Natal” e “A Melhor Cidade do Mundo”, ambas de Priscila Rodrigues de Oliveira; “A Eterna Imortalidade”, de Tatiane Galvão de Oliveira; e “Sonhos de Uma Vida”, de Thalyta Fênix Oliveira de Souza.

Pelo segundo certame consecutivo, a professora Mariana Calviño – docente de alunos contemplados em diversas edições -, do Colégio Anglo, entregou a premiação às irmãs Luiza Valdrighi Marinho e Laura Valdrighi Marinho.

Nesta categoria, a primeira posição foi da obra “Um Lugar Distante a Esse”, de autoria de Laura. Completaram o “pódio” os textos: “Vida na Roça”, de Maria Eduarda de Oliveira Obrelli, da Escola Estadual “Chico Pereira”; e “A Nossa Mata”, de Luiza.

Ainda na categoria literatura, porém, aos estudantes do 1º e 2º ano do ensino médio, a comissão julgadora destinou menções honrosas aos trabalhos literários: “Recordações de Nossa Gente” e “Melodia Nostálgica”, escritos por Bruno Ribeiro Teles e Maria Eduarda Xavier Soares, respectivamente.

A primeira colocação foi alcançada por Hellen Soares das Graças, da Etec “Sales Gomes”, com “A Saudade de Onde Pertenço”, seguida por Isabella Koyama, do Colégio Anglo, autora de “Onde o Sol Repousa”, e Jheneffer Nataly Oliveira de Paula, da Fatec de Tatuí, extensão da Etec “Sales Gomes”, com “Lembranças de uma Garota do Campo”.

Estudante do 1º ano do ensino médio, Jheneffer Nataly participa do Concurso Paulo Setúbal – Literatura e Artes Visuais há uma década, desde o primeiro ano do ensino fundamental. Neste período, ela recebeu algumas menções honrosas, mas foi vitoriosa pela primeira vez.

A irmã dela, Jhessyca, foi uma das estudantes que receberam menção honrosa na categoria artes visuais do 3º, 4º e 5º ano, do ensino fundamental. Cristiane Oliveira de Paula ainda revelou que um outro filho recebera menção honrosa em edição anterior. “É uma benção da família”, celebrou a mãe.

Dois grupos de jurados ficaram responsáveis por escolher os melhores trabalhos literários e de artes visuais. Os textos dos ensinos fundamental e médio foram avaliados pelo editor de O Progresso, Ivan Camargo, pela professora Denise Badin e pelo escritor Ary Roberto de Souza Pinto.

Já os desenhos da categoria artes visuais foram avaliados pelo publicitário Rodrigo Vieira de Campos e pelos artistas plásticos Jaime Pinheiro e Mingo Jacob.

A comissão organizadora da 79ª Semana Paulo Setúbal esteve composta por: Sinisgalli; Vianna; Cristiano Rodrigues Motta, representando o Conselho de Políticas Culturais de Tatuí; Cristiano Guimaraes de Camargo, do Comtur (Conselho Municipal de Turismo); Márcia Aparecida de Oliveira Freitas, da Secretaria Municipal de Educação; e Maria Augusta Barbará.

A cerimônia de premiação, conforme Sinisgalli, é a prova de que as ações relacionadas à cultura no município não pararam, apesar do período pandêmico. “Lançamos os certames e planejamos um concurso novo para Tatuí. Isso mostra que a cultura segue produzindo”, destacou.

O secretário reforça que a pasta passou a promover o projeto “Música na Praça” por meio de lives e realizou diversas ações culturais na cidade, além do cadastro municipal com mais de 500 artistas inscritos. “O cadastro é um norte para os próximos editais”, ressaltou Sinisgalli.

Para o titular, a Semana Paulo Setúbal, a cerimônia de premiação com público reduzido e outros eventos previstos para agosto evidenciam a retomada “consciente” das atividades na cidade. “É muito importante termos a consciência de que o vírus ainda está aí, temos de ter muita cautela nessa retomada”, ponderou.

A última ação cultural realizada presencialmente da qual Vianna havia participado ocorreu em março do ano passado. O diretor municipal de cultura reconhece que este período foi difícil e, sendo ator, admite sentir falta do público.

“Sem o público, é muito triste, é muito estranho, e faltam os aplausos e a respiração. A cultura e a arte fazem o ser humano viver e, de repente, não tivemos mais o ser humano para viver. Tivemos de aprender a viver em isolamento”, lamenta.

A oportunidade de contar com público, mesmo de forma reduzida, de acordo com a Vianna, “deu uma outra vida ao evento”. “É uma grande alegria. Espero que todos os eventos culturais possam ser realizados de forma presencial”, torce.

O gestor do MHPS expôs que conduzir a solenidade ao público presente e ao virtual, de forma simultânea, foi um grande desafio. Segundo ele, era preciso preocupar-se tanto com quem estava na casa, para que se interessasse pela cerimônia, como com as pessoas no teatro do Centro Cultural.

“Quando é presencial, a respiração de uma pessoa na plateia auxilia no ritmo. Quando também temos o virtual, há um outro tempo, que precisa ser respeitado”, observou.

“É um projeto que a pandemia irá nos deixar como lembrança. Uma pandemia jamais deixa coisas boas, mas é algo que vamos aprender a executar na cultura”, complementou.

Além deste desafio, a solenidade ainda reuniu público diversificado. Fora o relacionado diretamente à arte e à cultura, havia a presença dos estudantes. “São faixas etárias distintas, públicos diferenciados. No entanto, essa união é de extrema importância”, completou Vianna.

Festival inédito

Após a premiação dos alunos contemplados no certame de abrangência municipal, Sinisgalli realizou a entrega de 33 troféus aos artistas que terão os respectivos projetos na programação do 1º Festival de Arte e Cultura de Tatuí, o qual ocorrerá de 20 de agosto, uma sexta-feira, até 16 de dezembro, uma quinta-feira.

Os troféus foram destinados a: Adriana Afonso Oliveira, do projeto “Neste Buraco Tem Tatu, Sim, que Eu Ouvi!”; Alan Feliciano De Souza, de “Voz de Saudade – A História Não Contada do Clube São Martinho”; Ana Cristina Silva Machado, de “Descompasso”; Anelissa Nunes da Silva Fructuoso, de “Videodança ‘À Deriva Em Tempos Remotos’”; Caio Cesar Nascimento Ferreira, de “Caminhando pelo Brasil”; e Cildete Saroba Vieira dos Santos, de “Sussurros e Risadas, Uma Noite no Cadeião”.

Também foram contemplados: Diego Wilian do Nascimento Ramos, do projeto “Preleção Sobre Expressão Artística”; Eduardo Augusto de Almeida Silva, de “Bravo Electro”; Emerson Henrique Dias Pontes, de “Apenas Dance (Breaking para Todos)”; Guilherme de Souza Silveira, de “Bate Tambô – Gui Silveiras Solo”; Jessé Jackison de Souza Ramos, de “Didática das Brincadeiras na Musicalização Infantil”; e José Pinto de Moraes, de “Compositor da Terra”.

Lucas Gonzaga Rosa, com “Alma Pueril”, Luís Bernardo Fróes Trindade, com “Os Satimbancos – Teatro Musical”, Luís Fernando da Silva Pinto, com “Pegadas Nordestinas – Quadrilha Junina e Xaxado”, Marcelo Araújo Gasparini, “Capital Da Música – Músicas sobre Tatuí”, Maria Cristina Siqueira, com “Poema ‘Praça da Matriz’”, e Maria Inês de Camargo Machado, com “Noite da Seresta com Ternura – Canta Roberto Rosendo”, também receberam troféus.

Outros sete artistas gratificados foram: Merlise Moreira Sousa, do projeto “Ópera Bastien Und Bastienne (Wolfgang Amadeus Mozart)”; Nicolás Mariano Noya, de “Realismo Fantástico no Interior”; Renata Cristiane Ramos, de “Tem Ar… Te!”; Ricardo Hiroaki Oba, de “A Arte das Ruas (O Hip Hop Vai até Você)”; Robson Rogério de Moraes, de “Roque Batera”; Rubens Vieira de Paula, de “Caninha Verde – Uma Variante do Cururu”; e Simone Brites Pavanelli, “Aula Espetáculo Circense”.

Além de: Talita de Oliveira Camargo, de “Contação de História: A Folha Sonhadora”; Tamires Freire de Carvalho, de “Asas no Quintal do Paulo Setúbal”; Thiago de Castro Leite, de “A Incomum Arte de Não Prestar Nada”; Tiago Augusto Marcos, com “O Tesouro de Tatuí”; Vivian Emanuelle Pires Rodrigues, de “Espetáculo ao Vivo via Plataforma Zoom “As Lavadeiras””; William de Oliveira Lima, de “Doces Relatos”; Yuri Calistini, de “A Fauna Tatuiana pela Visão da Arte Urbana”; e Zacarias Camargo, de “Canturiões de Tatuí – Uma Mostra de Cururu”.

Concurso nacional

O evento ainda teve o lançamento do tabloide com os trabalhos dos vencedores do 18º Prêmio Literário Paulo Setúbal – Contos, Crônicas e Poesias, de abrangência nacional, promovido em 2020 pelo Departamento Municipal de Cultura, da Secretaria Municipal de Esporte, Cultura, Turismo, Lazer e Juventude.

A publicação também chega aos leitores do jornal O Progresso neste dia 11 de agosto, como encarte no especial de aniversário da cidade.

Com 2.714 inscrições, oriundas de 526 cidades dos 26 estados e do Distrito Federal, o resultado da 19ª edição do certame, por sua vez, será divulgado em solenidade agendada para 5 de novembro, uma sexta-feira.

A O Progresso, Vianna informou que a comissão organizadora decidiu prorrogar o prazo a pedido dos jurados. “Devido ao número recorde de inscrições deste ano, eles pediram mais tempo para analisar as obras”.

Na 17ª edição, em 2018, o júri analisou 544 trabalhos, a partir de 102 cidades de 19 estados brasileiros e do Distrito Federal, sendo 42 obras de autores tatuianos.

Na edição do ano passado, a possibilidade de inscrições por um sistema online, seguindo as orientações dos órgãos de saúde quanto ao distanciamento social, permitiram um recorde no número de inscritos.

No encerramento do prazo, dia 19 de junho de 2020, 2.349 obras estavam inscritas nas três modalidades do concurso, sendo 869 na categoria contos, 485 crônicas e 995 poesias, com participantes de 424 cidades de todos os estados do Brasil.

“O novo recorde de inscrições de cidades de quase todas as regiões do país mostra a importância da Semana Paulo Setúbal para a cultura e a arte para o município. Tatuí não é somente música, também é literatura e artes”, finalizou Sinisgalli.