Vanessa Gardini
Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos, recentemente fizeram progressos importantes na compreensão das causas do zumbido no ouvido, condição que afeta milhões de pessoas globalmente. Esse estudo, publicado na revista Scientific Reports da Nature, traz novas luzes sobre esse problema intrigante que desafia muitos profissionais de saúde.
Segundo a fonoaudióloga especialista em reabilitação auditiva, Dra. Vanessa Gardini, da Pró-Ouvir Aparelhos Auditivos, de Sorocaba (SP), o zumbido é invariavelmente causado pela perda auditiva, mesmo que seja em grau leve. “Com menos som entrando no sistema auditivo, toda a via auditiva passa por alterações em sua atividade neuronal, incluindo regiões do cérebro associadas à audição, que se tornam hiperativas e causam o zumbido”, explica.
O zumbido, frequentemente descrito como um chiado, apito ou assobio, sem uma fonte sonora externa, pode ser bastante debilitante. Os pesquisadores de Harvard descobriram que, em alguns casos, mesmo quando os testes auditivos são normais, pode haver uma perda auditiva “oculta”. Esta condição é marcada pela degeneração das células nervosas da cóclea – perda de neurônios que transportam sinais sonoros do ouvido para o cérebro –, que não é detectada por testes auditivos tradicionais.
Os pesquisadores descobriram esse fenômeno pela, primeira vez, em pesquisas de laboratório em 2009. A partir dessa descoberta, sugeriram que a perda dessas fibras nervosas em pessoas com testes auditivos normais poderia estar associada ao zumbido. Estudos subsequentes começaram a confirmar essa ligação. O estudo mais recente, considerado o maior até o momento, recrutou quase 300 pessoas com audição normal e as dividiu em grupos de pacientes com zumbido crônico, sem zumbido ou com zumbido intermitente.
A pesquisa demonstrou que o zumbido crônico está associado à perda de fibras nervosas auditivas e ao aumento da atividade cerebral. “Isso se encaixa na ideia de que, devido à perda auditiva ou mudanças na via auditiva periférica, o cérebro aumenta sua atividade, o que pode explicar por que você ouve um som que não vem de uma fonte externa”, destaca a fonoaudióloga.
Tratamentos e perspectivas futuras
Os aparelhos auditivos têm se mostrado extremamente eficazes para aqueles que apresentam perda auditiva detectável e sofrem com o zumbido. Esses dispositivos não apenas ajudam a amplificar os sons externos, facilitando a audição, mas também reduzem a percepção do zumbido, promovendo um alívio significativo. Ao restaurar parcialmente a capacidade auditiva, os aparelhos auditivos ajudam a normalizar a atividade neuronal no cérebro, diminuindo a hiperatividade que contribui para o zumbido. Além disso, eles melhoram a qualidade de vida dos pacientes, permitindo uma melhor comunicação e interação social.
Para aqueles com perda auditiva mensurável, os aparelhos auditivos são altamente recomendados para corrigir a perda e aliviar o zumbido. Esses dispositivos são eficazes na melhora da audição e na redução do incômodo causado pelo zumbido, proporcionando uma melhor qualidade de vida aos pacientes.
Enquanto novas terapias não estão disponíveis, existem algumas estratégias para lidar com o zumbido:
Terapia sonora: introduzir sons monótonos no ambiente, como ruído branco ou sons da natureza, pode ajudar o cérebro a perceber menos o som do zumbido.
Terapias mente-corpo: terapia cognitivo-comportamental e tratamentos baseados na atenção plena podem ajudar a redirecionar pensamentos e emoções negativas associadas ao zumbido, além de auxiliar no controle do estresse e da ansiedade.
Redução do estresse: atividades que promovem bem-estar e ajudam a focar no momento presente podem reduzir a intensidade e a percepção do zumbido.
Estilo de vida saudável: bom sono, exercícios diários, alimentação equilibrada e moderação no consumo de álcool podem diminuir a frequência e a intensidade do zumbido.
“Para aqueles que se incomodam com o zumbido, existem várias medidas disponíveis para tratá-lo e tornar o ruído o menos perceptível possível”, afirma a fonoaudióloga Dra. Vanessa Gardini. “Os aparelhos auditivos, por exemplo, são altamente recomendados para aqueles com perda auditiva detectável, ajudando a corrigir a perda e aliviar o zumbido. Em outras palavras, o zumbido no ouvido tem tratamento! Com a estratégia adequada e a orientação correta, todo paciente pode recuperar a sua qualidade de vida”, completa a especialista da Pró-Ouvir.
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