Amart mantém mostras e visa ‘circuito’





Cristiano Mota

Peças de cerâmica, batique e fotos contextualizam cultura africana dentro do projeto de grupo de Caraguatatuba

 

Reestruturada há mais de um ano, a Amart (Associação dos Artistas Plásticos de Tatuí e Região) mantém duas exposições abertas à visitação. As mostras “EntreCores”, da artista plástica Raquel Fayad, e “Projeto Origens: Um Resgate de Nossas Raízes”, do grupo Ubuntu Cerâmica, do litoral norte de São Paulo, podem ser vistas na Fatec (Faculdade de Tecnologia).

As atividades são duas das ações que a entidade programa para este ano. Em 2015, a Amart completa 11 anos. “Revigorada”, ela tem planos de expandir seus trabalhos com a viabilização de um circuito cultural, formado por faculdades. Como meta, possui a ideia de fomentar debates sobre a produção cultural.

O início deste “processo” se deu com a exposição de Raquel. “EntreCores” traz uma retrospectiva colorida e é um desdobramento de pesquisas feitas pela artista.

Aberta no dia 29 do mês passado, a mostra permanece em cartaz até o fim deste mês, no Complexo Educacional “Wilson Roberto Ribeiro de Camargo”. O endereço é a rodovia Mário Batista Mori, 971, no Jardim Aeroporto.

“EntreCores” é composta por telas produzidas pela artista e mescla obras de séries anteriores e inéditas. O trabalho abriu a programação anual da Amart, sendo integrado ao “Minuto Musical”, projeto de estudantes da faculdade. A abertura da exposição contou com apresentação do músico Theodoro Nagô.

A mostra ocupa parte do saguão do prédio um. Outra parte abriga peças de cerâmica, batique (um tipo de tecido) e fotos que contextualizam a cultura africana. Elas compõem a mostra feita por artistas plásticos da cidade de Caraguatatuba.

Os trabalhos que contextualizam a cultura africana trazida pelos escravos no período colonial puderam ser vistas pela população no Centro Cultural Municipal até o dia 5 deste mês. De lá, a exposição itinerante seguiu para a Fatec.

Integrado por artistas plásticos, ceramistas e pintores, o grupo Ubuntu formou-se com objetivo de pesquisar as origens dos povos que colonizaram a região em que vivem. O trabalho tem foco nos usos, costumes cotidianos e bagagem cultural.

Na primeira etapa do projeto artístico, o Ubuntu abordou a cultura afrodescendente. Para tanto, baseou-se em visitas monitoradas ao sítio arqueológico São Francisco, uma antiga fazenda escravagista situada em São Sebastião.

A partir da vivência, seus componentes deram início à elaboração de obras de arte que compõem o projeto. Num primeiro momento, eles reuniram-se em um ateliê para produzir e discutir em conjunto o desenvolvimento dos trabalhos. A orientação técnica ficou a cargo do ceramista Ben Hur Vernizzi.

“Essas exposições são uma iniciativa da Amart em parceria com a Fatec”, explicou o presidente da entidade, o professor Luis Antonio Galhego Fernandes.

A ideia da diretoria da instituição é viabilizar novos espaços para que trabalhos como esses, de arte, possam ser compartilhados pela Amart em outras instituições. Para isso, a associação está conversando com outras faculdades.

“Estamos em busca de espaços universitários para que a Amart viabilize um circuito. Temos esse desejo de conseguir expor aqui e, a partir de então, levarmos para outras faculdades. Nós estamos negociando com algumas”, antecipou.

Pelo menos uma das instituições já deu “sinal verde”. Fernandes preferiu não adiantar o nome da faculdade, uma vez que ela está viabilizando espaço necessário.

No momento, as exposições da Amart ficam alojadas somente na Fatec. Os trabalhos das duas mostras estão dispostos no entorno do estúdio de produção fonográfica.

Entretanto, o presidente da associação afirmou que o uso do complexo educacional varia. “Depende muito da exposição. Nós tivemos o outro prédio (o de número dois) com trabalhos da exposição dos azulejos republicanos de Itu”, disse.

Fernandes afirmou que as montagens levam em consideração “a circulação do público”. Também ressaltou que o objetivo de promover as mostras artísticas na instituição é de levar “um pouco de cultura para o estudante universitário”.

“Como nós trabalhamos com cursos tecnológicos, a parte de ciências exatas é muito forte. Então, nós damos uma equilibrada oferecendo aos alunos as exposições, as músicas e outras atividades mais que estiverem ligadas às artes”, disse.

A Amart desenvolve atividades na Fatec há um ano, por conta do término do Ponto de Cultura, programa de incentivo do governo do Estado de São Paulo. Até então, ela tinha como sede barracão locado e que pertence ao Lar São Vicente de Paulo. Por conta do encerramento, a instituição não teve aporte financeiro suficiente para arcar com as despesas do aluguel e de funcionamento.

Em entendimento com a direção da faculdade, a diretoria da época decidiu transferir a Amart para a instituição. Desde então, ocupa um espaço fixo no primeiro dos dois prédios do complexo educacional. No ano passado, a associação promoveu diversas ações voltadas à cultura e à divulgação da classe artística.

Apesar de as atividades serem desenvolvidas na faculdade, Fernandes explicou que a associação tem sede em outro endereço. “A sede dela não é exatamente na Fatec, mas as coisas acontecem lá, como reuniões e debates”, falou.

Na instituição de ensino, os planos da direção são de fomentar discussões a respeito da produção cultural. “Queremos retomar esse trabalho que a Amart já fazia no passado e trazer mais artistas e simpatizantes”, concluiu o presidente.