A Revolução Constitucionalista de 1932





Ao contemplarmos a BANDEIRA PAULISTA com suas treze listras, lembramos das Entradas e Bandeiras, da Revolução Constitucionalista de 1932, do MMDC – Miragaia, Martins, Dráuzio e Camargo. A revolução fora vencida, mas a vitória desses ideais viria em 1934, com a promulgação da Constituinte.

A Revolução Constitucionalista de 1932

Aconteceu em São Paulo e foi uma insurreição contrária ao novo quadro político que se instaurou no país após a Revolução de 1930.

As elites paulistas, as classes mais favorecidas pelo sistema que vigorou na Primeira República, almejavam, com essa agitação, reaver o domínio político que haviam perdido com a Revolução de 1930.

Além deste fato, a demora do governo provisório de Getúlio Vargas em convocar a Constituinte suscitava muita insatisfação, especialmente no Estado de São Paulo. No começo do ano de 1932, o Partido Republicano Paulista (PRP) e o Partido Democrático (PD) lançam uma campanha a favor da Carta Constitucional do país e do término da interferência federal nos estados.

A repercussão popular é grande, o sentimento de patriotismo brota nos corações paulistas, tornando mais forte o ideal de liberdade e a disposição de se lutar por ele.

No dia 23 de maio de 1932, durante a realização de um ato político no centro da cidade de São Paulo, a polícia coíbe os manifestantes, ocasionando a morte de quatro estudantes.

Em homenagem a esses quatro jovens, o movimento passa a chamar-se MMDC, as iniciais de Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo, os mortos e amplia a base de apoio entre a classe média.

A imprensa paulista defende a causa dos revoltosos. No rádio, o entusiasmo de César Ladeira faz dele o locutor oficial da Revolução Constitucionalista.

Uma intensa campanha de mobilização é acionada. Em 9 de julho começa a rebelião armada, está deflagrada a Revolução Constitucionalista.

Quando se inicia o levante, uma multidão sai às ruas em seu apoio. Tropas paulistas são enviadas para os fronts em todo o Estado.

Mas as tropas federais são mais numerosas e bem equipadas. Aviões são usados para bombardear cidades do interior paulista. Com 35 mil homens de São Paulo enfrentam um contingente de 100 mil soldados.

Um grande número de civis ingressa espontaneamente no corpo de Infantaria e é transferido para as três grandes frentes de batalha, no limite entre Minas Gerais, Paraná e Vale do Paraíba.

O Estado se mobiliza, milhares de pessoas de todas as classes sociais doam pratarias, joias e alianças para ajudar financeiramente a revolução e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo a Fiesp, incumbiu as empresas brasileiras de fabricar armamento militar.

Organizações civis forneciam fardas, auxílio, alimento e ajudavam na inscrição de voluntários. Todo o Estado, unido, trabalhava com garra para a vitória da causa paulista.

Os comandantes militares, Isidoro Dias Lopes, Bertoldo Klinger e Euclydes Figueiredo, no entanto, sabiam que as forças federais eram superiores.

Eles contam com a união e a ajuda garantida por outros estados, como Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Mas o apoio não chega, e São Paulo é cercado pelas tropas legalistas.

Após ajustes, envolvendo indulto aos rebeldes e facilidades para o exílio dos líderes civis e militares do movimento, os paulistas anunciam sua rendição em 3 de outubro de 1932. Estatísticas oficiais apontam 830 mortos.

Estima-se que centenas a mais de pessoas morreram sem constar dos registros oficiais. A Revolução Constitucionalista de 1932 foi o maior confronto militar no Brasil no século XX.

A derrota paulista em sua luta por uma constituição, dois anos depois da revolução, em 1934, uma Assembleia eleita pelo povo promulga a nova Carta Constitucional.