GCM reforça patrulha com viatura, quer evitar choque e visa projetos





Arquivo O Progresso

Área do antigo estande de tiros do Tiro de Guerra será utilizada pela Guarda Municipal

 

Neste mês, a GCM (Guarda Civil Municipal) passa a contar com “um reforço a mais” para as rondas na região central. O patrulhamento ostensivo – como é chamada a ação de prevenção ao crime – ganhou mais uma viatura, conforme informou o comandante da corporação, Doraci Dias de Miranda.

Somando às rondas feitas pelos guardas a pé (e em dupla), a viatura é considerada uma espécie de “resposta à população”, por conta do aumento dos índices de furto e roubo registrados no município no primeiro semestre do ano.

A elevação em mais de 50% no comparativo entre 2013 e 2014 gerou reportagem publicada por O Progresso no mês passado, mobilizando a Polícia Militar.

Na ocasião, o capitão da 2ª Companhia da PM (Polícia Militar), Kleber Vieira Pinto, divulgou números de produtividade da corporação, com prisão de mais de 20 pessoas em um período de uma semana.

A GCM começou a reforçar o patrulhamento também em julho, conforme antecipado pelo novo diretor do Departamento Municipal de Segurança Pública, delegado Onofre Machado Júnior. Em entrevista ao jornal, o responsável pelo departamento anunciou que os guardas iniciariam patrulhamento a pé.

“São duplas que passam em determinadas ruas. Atualmente, temos essa patrulha na Capitão Lisboa até a 11 de Agosto”, disse Miranda. De acordo com ele, os planos são de ampliar o trecho percorrido pelas equipes para a rua Prudente de Moraes. “Teremos uma terceira patrulha em breve”, antecipou.

O comandante também afirmou que a GCM reforçou a ação preventiva com inclusão de mais uma viatura por dois motivos: a proximidade com o Dia dos Pais e o aniversário do município.

No primeiro caso, há aumento de movimentação de pessoas no comércio, para compra de presentes; no segundo, pelas atividades da programação de comemoração dos 188 anos de Tatuí.

O veículo é usado na chamada “ronda comercial”, que é o patrulhamento na região onde estão concentrados os estabelecimentos comerciais da área central. Ainda assim, o comandante da corporação afirmou que há riscos de crimes.

“Nossa parte nós estamos fazendo, que é o preventivo. Talvez, nós vamos inibir o roubo aqui (no centro), mas da maneira que está aumentando, em virtude das viaturas no centro, talvez os bandidos roubem em outro lugar”, declarou.

De acordo com o comandante, a concentração de policiamento em um determinado lugar faz com que os criminosos migrem. Segundo ele, uns mudam de área e outros, de “modalidade criminosa”. Outros, ainda, passam a cometer vários delitos. Caso de flagrante registrado pela GCM no final do mês passado.

Miranda informou que guardas recuperaram dois veículos furtados no dia 25 de julho, após a detenção de uma pessoa na vila Angélica.

“A pessoa foi presa com drogas. Em virtude do tráfico, uma equipe se deslocou até a casa dela para buscar documentos e acabou suspeitando da procedência dos veículos”, relatou.

Por essa razão, a corporação pensa em desenvolver um plano de ação conjunta. O foco são vistorias e fiscalizações em oficinas mecânicas e desmanches.

Miranda deverá apresentar a proposta a Machado Júnior e ao capitão da PM nos próximos dias. A intenção é tentar identificar potenciais receptadores.

Para promover as fiscalizações, a Guarda solicitará cumprimentos de mandados de busca e apreensões. Em princípio, serão fiscalizadas oficinas situadas em “bairros isolados”, caso dos Jardins Gonzaga e Santa Rita de Cássia. Com isso, o comandante da GCM quer reduzir o número de furtos e roubos de veículos.

A análise do comandante é de que os crimes ocorrem porque há “um mercado”. Segundo Miranda, os veículos furtados ou roubados podem tanto serem revendidos (para clonagem) ou terem as peças retiradas (desmanchados).

Também conforme o comandante da GCM, esse tipo de comercialização é mais comum – e fácil de ocorrer – com veículos antigos. Modelos como Gol 1.000 (“quadrado”) e Voyage, ambos da Volkswagen, costumam ser os mais visados.

“Esses veículos são fáceis de serem desmanchados. É questão de horas para que um mecânico possa desmontá-los por inteiro”, disse o oficial.

No caso dos assaltos a comércio, o comandante afirmou que ações já foram tomadas pela GCM e PM. Além das rondas (prevenção), Miranda disse que as corporações trabalham na identificação dos suspeitos para eles sejam indiciados e, posteriormente, detidos. O objetivo é reduzir a sensação de impunidade.

Termômetro

Para definir as ações a serem desenvolvidas (se patrulhamento com viaturas e a pé) e em quais regiões do município, a GCM utiliza dados estatísticos.

Além da SSP, são consultadas as Polícias Civil e Militar, para que o patrulhamento seja realizado de modo efetivo. Baseado nas informações, a corporação municipal desenvolve estratégia de trabalho e desloca as viaturas.

Já em agosto, o novo comandante da GCM pretende afinar o discurso com o capitão da PM. A meta é evitar que haja um direcionamento sem necessidade.

“Não dá para fazer o mesmo. E queremos nos comunicar melhor para não ter choque (quando uma viatura da GCM atende a mesma ocorrência que a PM)”, citou.

Completando duas semanas no cargo, o comandante disse que pretende voltar a atuar “nas ruas”. Ele afirmou que quer “acompanhar mais de perto o trabalho que é prestado de apoio para as Polícias Militar e Civil”.

Miranda é primeiro-sargento reformado da PM e esteve à frente da GCM entre 2009 e 2012. Ainda em entrevista, ele afirmou que o número de apreensões de drogas feitas pelos guardas tem aumentado.

Sem citar números, disse que o tráfico virou “uma epidemia que atinge não só Tatuí”. Também citou que, na maioria dos casos, os menores são usados pelos traficantes para comercializar drogas.

Conforme ele, houve aumento, também, no número de menores apreendidos. Em Tatuí, o comandante afirmou que os adolescentes voltaram a ser recolhidos para a Fundação Casa.

Entretanto, em função da quantidade de apreensões, eles tendem a permanecer em internação por até 45 dias. “Depois disso, alguns já retornam para o crime”, declarou o comandante.

Levando-se em conta que os menores não exigem o pagamento de advogados para serem liberados, o oficial afirmou que eles acabam se tornando atrativos para os traficantes. Miranda disse que muitos adolescentes entram “no mundo do tráfico” por conta de ilusão cujo chamariz é o dinheiro fácil.

“Embora isso aconteça, nós estamos apreendendo e prendendo. Agora, imagine se nós não estivéssemos prendendo, de que modo isso estaria?”, questionou.

A média de idade dos menores envolvidos como tráfico, no município, varia entre 14 e 17 anos. Contudo, a GCM tem dados que são considerados preocupantes. Segundo o comandante, há registros de participação de meninos com 12 anos. “Já temos conhecimento que está nessa linha”, disse.

De acordo com ele, a presença dos menores no tráfico ocorre “no município todo”. “Já se alastrou. Temos conhecimento de que até na área rural está ocorrendo”, afirmou.

“É um tanto quanto complicado, mas estão sendo apreendidos, e é o que importa para nós, que estamos tirando da rua”, completou.

Para tentar coibir o avanço do ingresso de menores junto ao tráfico e outros delitos, Miranda afirmou que a GCM cogita realizar novos projetos. Entre eles, está a implantação da base móvel. A ideia já havia sido apresentada pelo próprio oficial, quando ocupou a função na administração anterior.

O comandante disse que a ideia poderá ser retomada, a partir de decisões de Machado Júnior. “Essa é uma vontade dele (novo diretor do Departamento Municipal de Segurança Pública) também. Vamos tentar buscar reforço a esse respeito”, declarou.

Os planos são de adaptar uma Sprinter (modelo de “van”) para a implantação da base móvel. Com ela, a equipe da GCM poderá percorrer diversas regiões da cidade. “Poderíamos estacionar numa praça e ficar parada ali, com um GCM, enquanto os demais fazem patrulha”, cogitou Miranda.

A Prefeitura precisaria adquirir ou locar um veículo, custo considerado pequeno com relação ao ganho, na opinião do comandante. “Economizaríamos em número de viaturas tendo uma base com maior efetivo”, disse.

O policial que permanecesse no veículo poderia, também, prestar serviços de orientação junto à população. “Daí, abre um leque de opções”, destacou.

De acordo com ele, dependendo do local – e de uma série de procedimentos burocráticos junto à Polícia Civil e ao governo do Estado de São Paulo –, a Sprinter poderia ser utilizada para registro de boletins de ocorrência.

Além da base móvel, o comandante citou que há intenções de transferir a sede da corporação. Atualmente, a Guarda funciona em prédio na rua Chiquinha Rodrigues, na vila Dr. Laurindo.

Projeto anterior, antecipado pelo prefeito José Manoel Correa Coelho, Manu, previa mudança para a área do estande de tiros do extinto TG (Tiro de Guerra), no bairro Inocoop.

“No momento, estamos priorizando deslocamentos de viaturas para inibir a prática de furto e de roubo. Mas, a base móvel e a nova sede estão nos planos. Pretensão existe, até porque o espaço em que estamos é pequeno para o número de viaturas, mas ainda assim conseguimos administrar”, concluiu.