Setor social reforça “acolhida” dos moradores de rua nas noites de frio

Cidade oferece ajuda e abrigo a pessoas em situação de vulnerabilidade

Equipe do Creas aborda pessoas em situação de rua (foto: AI Prefeitura)
Da reportagem

Com a queda na temperatura, ocorrida nos dias recentes, a prefeitura, por meio da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, em parceria com o Creas (Centro de Referência de Assistência Social) e a Casa de Apoio ao Irmão de Rua São José, está intensificando o Serviço Especializado em Abordagem Social, direcionado a pessoas em “situação de rua”.

O secretário da Assistência e Desenvolvimento Social, Alessandro Bosso, conta que, desde segunda-feira, 24, a equipe do Creas tem saído a campo para abordar pessoas em situação de rua, com o objetivo de encaminhá-las ao serviço de acolhimento e protegê-las do frio intenso.

A ação, chamada “Operação Acolhida”, começou pela praça Santa Cruz, seguindo aos arredores do Mercado Municipal “Nilzo Vanni”, praças centrais, rodoviária e estação ferroviária.

“O objetivo foi identificar os espaços públicos nos quais as pessoas em situação de rua utilizam como moradia, obtenção de renda e sobrevivência, ou situações em que haja violações dos direitos fundamentais dos indivíduos ali inseridos”, explicou o secretário.

Segundo ele, na primeira busca ativa, foram identificadas 13 pessoas em situação de rua, sendo 11 homens e duas mulheres. Para eles, foi ofertado o serviço de acolhimento na Casa de Apoio ao Irmão de Rua São José. Porém, apenas três aceitaram ser acolhidos. Os demais preferiram permanecer no local, recebendo cobertores pela ação social

“Todos os anos nós reforçamos a acolhida no inverno, contudo, neste ano, também estamos realizando a entrega dos cobertores para proporcionar uma noite mais quente para aqueles que não aceitam o acolhimento na Casa de Apoio”, comentou Bosso.

O secretário ter a ação de inverno como uma intensificação do serviço já oferecido durante todo o ano. Segundo ele, em todos os dias, equipes trabalham na busca de pessoas em situação de rua para ampará-las e incluí-las nos serviços de atendimento social.

Quando há consentimento por parte dessas pessoas, a equipe as leva até o serviço de acolhimento, para que possam se alimentar, realizar a higiene pessoal e dormir até o amanhecer, para que não fiquem expostas ao frio.

Bosso conta que muitos deles não aceitam ajuda e acrescenta que o trabalho realizado pelo setor é contínuo.  Quando a equipe não consegue convencer essas pessoas a aceitarem a ajuda oferecida, ela retorna nas noites seguintes.

No início da atual gestão, em janeiro de 2017, havia 37 pessoas em situação de rua em Tatuí. O último levantamento registrou diminuição significativa neste número, baixado de 37 (2017) para 25 (2021).

Bosso ainda ressalta que a população em situação de rua é confundida com usuários de álcool, com quem formam laços de amizade, gerando confusão quanto a quem, de fato, está sem moradia.

“Algumas das pessoas que vemos pedindo esmolas, na verdade, não são moradores de rua. Eles têm casa e, após passar o dia perambulando, acabam voltando para a moradia deles no período da noite”, contou Bosso.

Ele lembra que, devido ao fato de Tatuí estar próxima a grandes centros urbanos, como Sorocaba, Campinas e São Paulo, e por ser margeada por duas importantes rodovias paulistas, a Castello Branco e a Raposo Tavares, o fluxo migratório de pessoas em situação de rua é alto.

Entre quem está nessa condição e migrando para outras cidades, há registros de que o Serviço da Casa de Apoio ao Irmão de Rua São José atenda, em média, de sete a dez pessoas por dia, totalizando entre 210 e 300 ao mês.

Essas pessoas são tidas como “transitórias”. Conforme o secretário, a prefeitura tem promovido diversas ações com o intuito de oferecer ajuda. Uma delas é a abordagem social, em que a equipe busca promover a acolhida através do diálogo.

Também é feito o apoio socioassistencial com psicólogos e assistentes sociais, que analisam as demandas dos usuários e promovem orientação individual e grupal, “visando oportunizar a construção de novos projetos de vida”, além de encaminhamentos a outras políticas públicas, como atendimento de saúde e provisão de documentação civil.

Outro serviço oferecido é a possibilidade de pernoitar na Casa de Apoio ao Irmão de Rua São José, organização da sociedade civil conveniada com o município. O secretário salienta que, na casa, também é disponibilizado atendimento assistencial.

Para receber esse público, durante a pandemia, a casa de passagem intensificou todas as rotinas de higiene e, como medida preventiva, está acomodando os novos acolhidos em um espaço separado.

Dos 50 leitos de acolhimento disponíveis na “Casa”, 20 são destinados ao alojamento provisório, onde os novos abrigados permanecem isolados por 15 dias, sem qualquer contato com os demais acolhidos, para evitar a disseminação do novo coronavírus.

Outra medida existente é a alimentação do Sistema de Registro dos Dados de Pessoas em Situação de Rua, bem como o encaminhamento à cidade de origem, quando há interesse por parte do usuário.

Bosso lembra que a população também pode contribuir com o projeto, praticando “ações simples”. Ele afirma que a mais importante é não dar esmolas, devido ao fato de que, muitas vezes, o dinheiro doado pelos munícipes é utilizado na compra de bebidas alcoólicas e drogas.

O secretário explica que a maioria das pessoas que está em situação de rua enfrenta problemas com drogas e álcool e que, quando recebe esmolas, isso acaba estimulando o vício e acarretando a permanência nas ruas, colocando em risco a saúde delas e dificultando o trabalho da equipe da Assistência Social.

Ele reforça que, ao ver uma pessoa em situação de rua, é necessário encaminhá-la ao serviço social e explica que, durante o dia, é disponibilizado o atendimento pela equipe do Creas, na rua 13 de Fevereiro, 396, centro. O atendimento, presencial ou pelo telefone 3259-0704, é feito de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 17h.

Já no período da noite, a Casa de Apoio ao Irmão de Rua São José fica à disposição dos munícipes que queiram relatar casos de pessoas pedindo esmolas. A Casa fica na rua São José, 46, Jardim Wanderley.

Quem preferir, também pode entrar em contato com o serviço de busca ativa da entidade, ligando para o telefone 3305-3895, à disposição da até às 23h.

Além disso, durante a noite, especialmente nesta época de frio, quem encontrar pessoas em situação de rua buscando abrigo deve entrar em contato com a Guarda Civil Municipal, ligando para o número 199, que funciona 24 horas.