Pollyanna Rodrigues Gondin *
O ano de 2020 marcou nossas vidas de modo significativo. Diversos dos nossos hábitos foram modificados e adaptados a uma nova realidade. Assim, deixamos ou ao menos diminuímos nossas idas às festas, confraternizações.
Para muitos, a moradia passou a ser também local de trabalho (home office), aumentaram as compras pela internet, além do uso obrigatório de máscaras e utensílios de higiene, dentre outros.
Este ano, será então um daqueles períodos, narrados, em páginas de internet e livros de história, como o epicentro de grandes modificações estruturais na sociedade global.
De repente, diante de uma pandemia, a economia mundial viu suas relações serem modificadas, o que impactou e têm impactado no PIB (Produto Interno Bruto) dos países, no desemprego, no consumo, nas novas relações de trabalho, de tal modo que, cada país vêm adotando medidas para, ao menos, diminuir os impactos negativos.
Impactos estes que já são sentidos no Brasil, por exemplo, com alto número de pessoas infectadas e mortas, aumento considerável do desemprego e queda do crescimento econômico, fazendo inclusive, agências de grande renome, projetarem que o Brasil sairá do ranking das dez maiores economias mundiais.
Soma-se a isso o aumento do preço de produtos essenciais, a desvalorização do câmbio e o estresse gerado pelas incertezas do cenário econômico e o isolamento social.
Assim, as famílias brasileiras se veem diante de um contexto de insegurança, o que necessariamente impacta nos seus hábitos de consumo. Mas por que impacta?
Diante de uma possível retomada da economia, viu-se o aumento do desemprego. Com mais pessoas desempregadas, haverá menos consumo e também menor renda para fazer frente às despesas essenciais.
O que acaba gerando maior retração da economia e também um aumento do endividamento da população, que viu sua renda diminuir e, ao mesmo tempo, os gastos aumentar com o aumento do preço de produtos essenciais.
A esse respeito, segundo pesquisa realizada pelo IBGE, 24,2% da população brasileira teve rendimento menor que o normalmente recebido, sendo então que grande parte recorreu a empréstimos para fazer frente às dívidas e necessidades diárias, além de adquirirem novos hábitos financeiros para tentar driblar ou diminuir os impactos da crise.
Assim, de acordo com pesquisa realizada pela Opinion Box, 65% da população entrevistada deixou de comprar itens não essenciais, 31% postergou o pagamento de uma conta ou dívida, para fazer frente às necessidades primárias, 27% da população renegociou contratos de telefonia e aluguéis.
E o que se espera para o futuro em relação ao consumo e situação econômica do país? Espera-se que o governo tome medidas que de fato impactem positivamente na geração de postos de trabalho (dos setores em geral), que sinalize medidas para conter o aumento dos preços de produtos essenciais, decorrente, dentre outros, do aumento das exportações frente ao câmbio desvalorizado.
Assim, medidas para manter a empregabilidade da economia brasileira, e consequente consumo da população, juntamente com os novos hábitos financeiros adquiridos por parte da população, podem corroborar para uma melhora dos nossos indicadores econômicos e sociais.
* Economista e tutora do curso superior de Blockchain, criptomoedas e finanças na Era Digital do Centro Universitário Internacional Uninter.