A administração municipal anunciou a conclusão, antes do encerramento do atual mandato, em dezembro, de alguns dos projetos iniciados neste ano. É o que prevê o vice-prefeito Vicente Aparecido Menezes, Vicentão.
Em entrevista na quarta-feira da semana passada, 26 de outubro, por conta de reunião de transição, ele não confirmou se fará oposição, mas falou a respeito de divergências políticas e comentou sobre o resultado das eleições municipais.
Vicentão voltou a frisar que a atual equipe de governo enfrentou questões externas, como a recessão brasileira e a oposição da maioria dos vereadores da Câmara Municipal, nos anos de governo.
Ele também antecipou que a Prefeitura está preparando um material de divulgação à imprensa para esclarecer “pontos junto à população”.
Entre as obras a serem entregues pelo prefeito José Manoel Correa Coelho, Manu, está a revitalização da praça “Orlando Lisboa”, que fica no CDHU (Conjunto de Desenvolvimento Habitacional e Urbano). O espaço recebe novo projeto de jardinagem, grades e uma pista de caminhada.
“Parece que vai dar tempo, mas, lamentavelmente, tem muita informação negativa correndo contra a nossa administração”, disse ele, ao mencionar a reconstrução da ponte do Marapé.
O dispositivo de acesso caiu no dia 10 de março por conta de uma forte chuva. Na ocasião, a Prefeitura informou que a estrutura da ponte não resistira à pressão provocada pelo volume da chuva que elevou o ribeirão Manduca.
A reconstrução teve início no dia 1º julho deste ano, com previsão de conclusão até o fim do ano. Entretanto, a obra avançou somente 20%, conforme medição repassada pelo vice-prefeito. Vicentão sustentou que, dos R$ 800 mil provisionados pelo governo do Estado, apenas R$ 100 mil chegaram.
“Disseram que o dinheiro do governo já estava no caixa da Prefeitura e a obra está parada por incompetência nossa, mas não é verdade”, declarou.
Conforme ele, o Estado libera o recurso na medida em que a obra é realizada. Desta forma, os pagamentos são feitos à empresa vencedora de licitação conforme a construção avança.
Os repasses acontecem após medição por técnicos, da mesma forma que vem ocorrendo com a revitalização da avenida Vice-prefeito Pompeo Reali, na vila São Cristóvão.
Conforme o vice-prefeito, o Estado liberou somente 50% dos recursos, que correspondem ao estágio da obra. A outra metade, segundo ele, não chegou ao município.
As duas obras têm previsão de conclusão até o fim do ano. Entretanto, Vicentão disse que o cronograma pode atrasar em função de um “fator externo”.
O município deve enfrentar o início do período chuvoso, que compreende os meses de dezembro, janeiro e fevereiro. “As chuvas vão atrapalhar”, justificou.
Em outro aspecto, mas com “efeito semelhante”, Vicentão alegou que a Câmara também contribuiu para que o Executivo tivesse dificuldades.
Na opinião dele, a oposição “extrapolou a missão de fiscalizar em alguns momentos e atrapalhou o andamento do município”. Ele citou o caso do projeto de lei que permitiria a construção de um futuro shopping na cidade.
Nove vereadores – dos 17 – divergiram da proposta encaminhada pela Prefeitura. A matéria previa mudança na lei de zoneamento, para atender a exigências de loteadores. Os empresários acordaram com o Executivo que fariam a construção de uma avenida de ligação ao centro comercial.
Em contrapartida, exigiam a redução da metragem mínima dos loteamentos, para comercialização. A Câmara permitiu a revisão apenas da região do futuro shopping center, após o Executivo ter apresentado modificação.
Além de criticar a postura dos vereadores, o vice-prefeito enfatizou que “jamais fez oposição à cidade”. Acrescentou que, por conta dessa posição, deseja “muito sucesso à prefeita eleita (Maria José Vieira de Camargo)”. “Espero que ela consiga colocar em prática tudo que assumiu no plano de governo”, disse.
Vicentão também afirmou esperar que a Câmara desempenhe papel fiscalizador junto à nova administração e declarou, de antemão, que contribuirá “da maneira que puder como cidadão, uma vez que não exercerá função pública”. “Tenho certeza que o Manu e a nossa equipe pensam da mesma forma” acrescentou.
De momento, o vice-prefeito afirmou que a administração está focada em concluir o mandato. “Nossa função é levarmos a Prefeitura até o dia 31 da melhor forma possível, apesar da queda significativa da arrecadação”, declarou.
Com menos dinheiro, Vicentão afirmou que o prefeito enfrentou uma “dificuldade enorme”. Ele citou que, além da redução de arrecadações com tributos e repasses dos governos federal e estadual, o município precisou lidar com a inflação e os custos de reajuste salarial enfrentados pela “máquina”.
De modo a tornar essa contabilidade “mais clara”, Vicentão disse que a equipe de governo está preparando relatórios que serão divulgados à imprensa. Os documentos serão, basicamente, comparativos de arrecadações por ano.
O vice-prefeito disse querer demonstrar, por meio de dados e planilhas, a evolução da queda da arrecadação nos quatro anos de mandado de Manu.
“Nós pegamos a maior crise econômica da história do país”, disse ele, alegando, inclusive, que muitos prefeitos nem chegaram a cogitar a reeleição por conta das dificuldades.
“A maioria não conseguiu sucesso porque, lamentavelmente, quando o cobertor é curto, a situação complica. Sem contar a dificuldade que as prefeituras têm de receber recursos dos governos federal e estadual”, alegou.
Em Tatuí, Vicentão disse que a Prefeitura tem enfrentado problemas, principalmente, na área da Saúde. Ele alegou que os governos não estão repassando remédios que abastecem os postos de saúde e a Farmácia Municipal.
Conforme ele, a responsabilidade do envio de medicamentos é do Estado. Vicentão afirmou que a Furp (Fundação para o Remédio Popular), do governo paulista, deixou de comprar matéria-prima para a fabricação dos remédios. Em consequência, passou a produzir e a repassar menos medicamentos.
“Isso não é choro de quem perdeu eleição. Nós aceitamos os resultados das urnas e desejamos muito sucesso para o próximo governo que se inicia no dia 1º”, disse.
Questionado se vai à oposição, Vicentão disse que o momento exige outras prioridades. Conforme o vice-prefeito, é preciso que os políticos “zerem suas contas”.
“Começa um novo processo. Quem for eleito vai ter que governar a partir de janeiro, e quem perdeu a eleição vai para casa, vai lamber suas feridas”, concluiu.