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Aventureiros fizeram paradas estratégicas até o ponto final, uma delas na cidade paulista de Analândia
Cachoeiras, vegetação de “transição” (entre o Cerrado e a Mata Atlântica) e contato com espécies ameaçadas de extinção integraram o cenário de “aventura” vivida por três universitários. Entre dezembro do ano passado e janeiro de 2015, eles percorreram mais de mil quilômetros de bicicleta. A distância soma ida e volta de Tatuí a Minas Gerais, com destino à Serra da Canastra.
A experiência que durou praticamente um mês ganhou repercussão em veículo de comunicação mineiro, entre os moradores das cidades pelas quais o trio passou e deve resultar em novas rotas. O objetivo dos aventureiros é divulgar a atividade na região, angariar mais adeptos e obter patrocínio.
“Na verdade, não foi um passeio, fizemos uma viagem”, contou Ana Laura Machado Módolo. A bióloga decidiu cumprir o percurso incentivada pelo namorado, Otávio Ferrarin Giatti, e pelo amigo de universidade Luan Ladeiro de Lima.
Os três conheceram-se durante a graduação na Uenp (Universidade Estadual do Norte do Paraná), e resolveram vivenciar uma experiência de contato mais próximo com a natureza por conta de dois fatores: curiosidade profissional e vontade de superar os próprios limites.
Giatti e Lima já tinham participado de uma pedalada extensa em 2012 e queriam repetir a dose. Naquele ano, partiram de Jacarezinho, com mais dois amigos, e chegaram a Florianópolis. “Isso me instigou”, contou Ana Laura.
Também influenciada pelos pais, pela formação e pelo aprendizado na infância, a bióloga somou-se ao namorado e ao amigo no desejo de “explorar novos horizontes”.
“Sempre tive esse espírito aventureiro. Via meu pai indo a Pirapora, a pé ou de bicicleta. Também fui escoteira por muito tempo. Acho que isso me ajudou”, disse.
O trio deixou Tatuí no dia 27 de dezembro, mas o trajeto para Giatti e Lima começou pouco antes: no dia 10 de dezembro, partindo da cidade de Bandeirantes. “Nós saímos da minha formatura e eu voltei para Tatuí. Os dois vieram de bicicleta até Avaré, onde ganharam carona até aqui”, contou a bióloga.
No trajeto até Minas Gerais, o trio também recebeu caronas e apoio (palavras de incentivo de motoristas que cruzavam com os aventureiros pelo caminho e comida oferecida por locais). “As ajudas nos salvaram em alguns trechos da caminhada. Fez com que terminássemos mais cedo”.
No caminho até Minas Gerais, os ciclistas fizeram várias paradas estratégicas. A primeira delas, em São Carlos, incluiu estadia de uma semana em uma ecovila. “Aprendemos muita coisa. O local é bem sustentável, com captação de água de chuva e comida vegana”, contou Ana Laura.
Segundo ela, a experiência contribuiu para a ampliação de conhecimento dos amigos. Os três pretendem trabalhar com a chamada agroecologia, uma área considerada recente e que mistura conceitos de agronomia com biologia.
“Ela atua na bioconstrução, por exemplo, com edificação de casas a partir de produtos naturais, como bambus, fibras de cana-de-açúcar e de milho”, descreveu.
De São Carlos, os ciclistas passaram por Analândia e Pirassununga, onde pararam para descansar no rancho de amigo em comum. A viagem até a Serra da Canastra teve rota alterada. O objetivo inicial era entrar no parque nacional. Entretanto, o trio mudou o caminho para explorar novas cachoeiras.
O destino final foi o “pé da serra”, na cidade de Delfinópolis. Naquela região, Ana Laura, o namorado e o amigo conversaram com os locais, moradores de vilarejos, e trocaram vivências. “Foi um divisor de águas. O pessoal de Minas Gerais é muito hospitaleiro e sempre muito prestativo”, comentou.
Desafios
Tanto na ida como na volta, os aventureiros enfrentaram dificuldades. Além das altas temperaturas, alguns dos trechos não contavam com acostamento. Também tiveram o peso de mochilas e outros itens adicionados às bicicletas.
A solução para que barracas, lençóis, toalhas e outros itens não atrapalhassem tanto foi improvisar cestos nas garupas das bicicletas. “Preferencialmente, parávamos em posto de gasolina para descansar”, contou Ana Laura.
Em média, ela, o namorado e o amigo percorriam 50 quilômetros por dia. O maior trajeto era feito pelas manhãs, quando pedalavam 30 quilômetros. No período da tarde, por conta do sol, o percurso era mais curto. “Percorríamos 20 quilômetros por conta do desgaste”, explicou a bióloga.
A rotina dos três começava às 6h30 e terminava às 21h, sendo alterada conforme ganhavam carona. “Isso nos rendeu dois dias de pedalada”, contou.
No total, os três estimam ter percorrido mil quilômetros, entre a saída de Tatuí, os passeios nos vilarejos e a chegada até a região da Serra da Canastra.
Ana Laura retornou a Tatuí no dia 17 de janeiro, quase um mês depois da partida, e disse que o custo desse tipo de viagem é bem menor que a “convencional”.
“Quem passa um mês fora de casa, com R$ 700?”, indagou. “Essa é uma viagem de baixo custo, que nós vimos ser possível de acontecer”, emendou a bióloga.
Por essa razão, ela e os companheiros de aventura pretendem criar um roteiro, divulgá-lo e torná-lo acessível a qualquer pessoa, desde que preparada fisicamente.
A ideia é envolver os moradores das cidades a serem visitadas, para permitir uma vivência dos participantes com o cotidiano da vida no campo.
Ana Laura, Giatti e Lima também pretendem interagir com as pessoas que se interessam pelo assunto. Eles devem criar um blogue, ou um videoblogue (que prioriza vídeos). O canal seria alimentado com relatos, fotografias e vídeos feitos pelos aventureiros durante a experiência.
“Pretendemos montar trechos de viagens e ‘soltar’ para o pessoal que nos segue e gosta disso. Por meio de votação, eles poderão escolher onde gostariam que nós fôssemos, para que documentássemos em fotos e vídeos”.
Mais detalhes podem ser obtidos por meio da rede social Facebook. Os interessados devem entrar em contato com os ciclistas, procurando pelos nomes deles.