Trio com capuz invade condomí­nio, faz famí­lia de médico refém e atira





Três bandidos encapuzados invadiram o Residencial Colina das Estrelas na noite de quarta-feira, 19. Os criminosos – até o momento não identificados – fizeram refém a família de um médico anestesista. O trio, que exigia joias e dinheiro, baleou um segurança do condomínio e conseguiu fugir em dois veículos.

O crime ocorreu por volta das 22h19, na avenida Professor Olavo Avalone, e já está sendo investigado pela Polícia Civil. Além de seguranças do residencial e de investigadores, policiais militares e guardas civis municipais atenderam à ocorrência. Vizinhos das vítimas acionaram as forças de segurança.

As testemunhas informaram o andamento do crime à segurança da portaria e à PM, depois de serem avisadas pelo anestesista. O médico estava na garagem da casa. Em depoimento, ele contou aos investigadores ter visto a esposa e o filho sendo rendidos.

Os criminosos abordaram, primeiro, a esposa do médico quando ela estava na garagem da propriedade. Depois, renderam-na, junto com o filho e o anestesista. Dominados, os três foram obrigados a entrar na propriedade e acabaram amarrados.

No imóvel, os bandidos passaram a ameaçar as vítimas. Conforme o médico, os homens encapuzados pediam que a família entregasse os bens de valor. Enquanto intimidavam o médico, a esposa e o filho dele, os bandidos ouviram disparos de arma de fogo.

Os tiros foram disparados contra um porteiro do residencial. Um dos projéteis atingiu o funcionário, de 36 anos, na mão esquerda. Conforme o delegado titular do município, Emanuel dos Santos Françani, o disparo transfixou o pulso do porteiro.

A vítima precisou ser levada ao Pronto-Socorro Municipal “Erasmo Peixoto”, onde permaneceu sob observação. Entretanto, não corre risco de perder a vida.

O segurança chegou a ser ouvido pelos investigadores ainda na madrugada de quinta-feira. Ele contou à equipe encarregada do caso que o veículo da segurança do condomínio fora alvejado no para-brisa e no vidro da porta do motorista.

Por conta do barulho, os bandidos que estavam na residência desistiram do assalto. As vítimas informaram que, com a chegada da segurança, os criminosos alertaram uns aos outros sobre a possível chegada da PM. Temendo confronto ou serem detidos, eles fugiram sem levar nenhum bem.

A PM manteve patrulhamento durante toda a madrugada no condomínio e entorno. Os militares informaram ao delegado plantonista, Hélio Momberg de Camargo, que não houvera nenhum disparo de arma de fogo pela equipe. A Guarda também enfatizou não ter chegado a fazer uso de armamento.

Depois de ouvir as vítimas, o plantonista requisitou exame de corpo de delito junto ao IML (Instituto Médico Legal), de Itapetininga, para o segurança, e exame pericial na residência, no entorno e no veículo da segurança.

Moradores do residencial entraram em pânico em função da movimentação policial e do aparato disponibilizado pelas forças de segurança. Alguns deles chegaram a enviar áudios, por meio de aplicativo de conversa, relatando que havia um crime em andamento e pedindo socorro.

A Polícia Civil instaurou inquérito na manhã de quinta-feira, 20, e, inicialmente, não trabalha com a hipótese de essa tentativa de roubo estar ligada ao crime ocorrido no dia 19 de abril deste ano.

Na data, um grupo de oito assaltantes armados e encapuzados invadiu o condomínio. O bando entrou por um buraco feito no muro da divisa do residencial e invadiu uma das residências.

Em abril, os assaltantes também praticaram o crime perto da meia-noite. Eles entraram na casa por volta das 23h. Quatro tomaram o carro da vítima e fizeram-na refém. Eles mandaram que o proprietário apontasse os moradores “mais ricos”. Circularam com a vítima por, aproximadamente, uma hora.

Depois disso, desistiram de realizar novos roubos e voltaram para a casa do morador. O bando levou R$ 800, joias e relógios. Na fuga, os ladrões ordenaram ao morador que somente chamasse socorro passada uma hora da fuga deles. No buraco aberto pelos assaltantes, foi encontrada uma bolsa de lona.

Conforme o delegado, os dois crimes têm padrões diferentes. Françani afirmou que, no primeiro caso, a quadrilha entrou no residencial por meio de um buraco.

“Eles se dirigiram a uma parte do condomínio que é envolta por espinhos. Cortaram uma parte e, como não tinha ninguém vigiando, abriram uma passagem”, detalhou.

Além disso, no crime ocorrido em maio, a PC suspeita que os bandidos não tivessem informações a respeito do residencial. Françani ressaltou que a quadrilha não sabia quem eram os moradores, onde residiam e como seria circular pelo local. “Tanto que entraram aleatoriamente numa casa”, enfatizou.

Desta vez, os assaltantes pareciam saber como se movimentar pelo residencial, uma vez que escolheram a residência mais distante da portaria e, portanto, da equipe de segurança. Além disso, eles não teriam usado o mesmo método para entrar. Conforme o titular, a quadrilha não teria, pelo menos pelo levantamento inicial, invadido o residencial por meio de um buraco.

Françani disse que outro fato a reforçar a teoria de que os bandidos não são os mesmos é a escolha pela “propriedade mais próxima”. O raciocínio do delegado é que, se os criminosos tinham informações privilegiadas, não iriam agir de um modo amador. “Eles teriam de melhorar a tática do roubo”.

A Polícia Civil já oficiou a administração do residencial para informar se houve melhoria no sistema de segurança. O objetivo é verificar se os responsáveis instalaram, ou não, câmeras de segurança.

Segundo o delegado, a implantação de monitoramento por filmagem foi anunciada como melhoria após o crime ocorrido em abril. Em caso positivo, o delegado vai requerer as imagens.

As filmagens devem auxiliar os investigadores na identificação dos bandidos – apesar dos capuzes – e também na confirmação de informação repassada à equipe que está cuidando do caso.

Conforme o titular, dois veículos com placas de outras cidades teriam dado cobertura para a fuga dos criminosos. Françani disse que a informação não consta em boletim de ocorrência, mas foi repassada aos investigadores na manhã de quinta-feira.

Segundo o delegado, os veículos foram vistos apenas dando fuga aos ladrões. A PC quer saber, desse ponto em diante, se eles foram flagrados por sistemas de seguranças de um condomínio ao lado. Para tanto, também vai requisitar possíveis imagens.

A suspeita é de que os veículos possam ter deixado os bandidos nas imediações do condomínio e, posteriormente, sido chamados para facilitar a fuga.

Já nesta semana, a PC dará início à fase de oitivas (depoimentos) das vítimas e principais testemunhas.

Inicialmente, não há nenhum indício que possa facilitar a identificação. Françani afirmou, também, que a perícia não havia encontrado, até a manhã de quinta-feira, nenhum projétil disparado pelos criminosos.