Afonso Fiusa
No terceiro Raid, cerca de 60 veículos antigos vão sair de Tatuí e passar por Capela do Alto e Araçoiaba
No final de 2013, o município registrou um total de 69.512 veículos, entre carros, motos, caminhões, tratores e outros modelos. Destes, mais de 35 mil são automóveis e mais de 18 mil, motocicletas, segundo dados levantados pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).
Com esses números, Tatuí tem um veículo para cada 1,5 habitante, um carro para cada três pessoas e uma moto para cada seis. Se comparada com o ano de 2003, quando havia pouco mais de 30 mil veículos na cidade, a frota aumentou em 130%.
Enquanto o número de veículos novos não para de crescer, os apreciadores de carros antigos também vêm ganhando espaço. Só os 28 sócios do “Antigomobilismo Clube de Tatuí”, que não são apenas da cidade, mas também de Tietê e Cesário Lange, possuem 297 veículos antigos, entre carros, motos, caminhonetes, bicicletas e, até, avião.
Para ser considerado antigo, o veículo precisa ter pelo menos 30 anos de uso, ou seja, deve ter sido fabricado antes de 1985, de acordo com o presidente do clube e diretor regional da Federação Brasileira de Veículos Antigos, Afonso Fiusa, 46.
Ele conta que, no acervo do Antigomobilismo Clube de Tatuí, o veículo mais antigo é um Ford modelo T, fabricado em 1922. “Esse carro revolucionou a indústria automobilística mundial, pois foi o primeiro feito em linha de montagem por Henry Ford”.
O clube também conta com veículos nacionais, como o Opala e a Brasília; internacionais conversíveis, como o Corvette; além das caminhonetes clássicas da Ford e da Chevrolet.
Fiusa possui quatro carros na coleção, cada um de uma década diferente.
“Eu tenho um Ford 1935, um Chevrolet 1940, uma Pickup Chevrolet 1954 e uma Puma 1969 – a primeira fabricada pela Volkswagen, inclusive. Além desses quatro carros, tenho Vespas, bicicletas e, até, bomba antiga de gasolina”, relata.
O presidente do clube conta que a paixão por veículos antigos veio por influência do irmão mais velho dele. “Desde muito novo, eu via o entusiasmo dele com carros e velocidade, e fui gostando desse universo”.
“Gosto de carros antigos porque eles são coloridos, cromados e chamam a atenção de todo mundo, desde crianças que nunca viram algo parecido até idosos que relembram da época em que dirigiam esses tipos de veículos”, destaca.
O clube
Fiusa informa que há mais de 20 anos já existia um grupo de colecionadores de veículos antigos em Tatuí, que organizava passeios e participava de desfiles cívicos em cidades da região. “Não era nada oficializado, mas já havia uma movimentação”, reforça.
Alguns anos atrás, antes da fundação do Antigomobilismo Clube de Tatuí, houve uma exposição de veículos antigos na cidade, que contou com a presença de colecionadores de diversos municípios.
“A exposição durou dez dias, e foi nessa ocasião que percebemos que Tatuí era respeitada em outros lugares em relação às coleções de carros. Daí, eu e mais algumas pessoas nos reunimos e demos início ao clube”, relata.
A associação leva o nome do avô de Fiusa: João Liberaoscioli. “Ele era mecânico de carros na década de 20”. Hoje, a associação conta com 28 sócios e carrega o “slogan” “lazer e cultura”.
Segundo o presidente do clube, o número de associados é pequeno, mas isso faz com que o grupo seja “bastante unido”.
“Temos reuniões todo mês, além das festas, almoços e jantares de confraternização, também mensais, e os passeios que realizamos a cada duas semanas. Hoje, temos uma sede, no Jardim São Paulo, com salão de festas, refeitório e oficina mecânica”.
Para virar sócio, não é necessário ter algum tipo de veículo, mas ser amante de carros antigos e ser apresentado por alguém que já é associado ao clube. Fiusa lembra que o clube tem estatuto, normas e horários de funcionamento que devem ser respeitados.
O Antigomobilismo Clube de Tatuí também faz a certificação dos carros, a famosa “placa preta”, que garante que o veículo é original e restaurado.
“Esse certificado é tão importante quanto o documento do carro, pois ele isenta o veículo antigo de inspeção veicular e permite que ele permaneça com as características originais. Muitos desses carros não possuem cinto de segurança nem pisca, por exemplo”, explica.
Além dos carros dos sócios, o clube possui um acervo de revistas e livros especializados no assunto, à disposição dos associados.
Terceiro Raid
A partir dos passeios realizados a cada 15 dias, os membros do clube resolveram organizar um evento ainda maior: o chamado “Raid”.
“A gente sempre saía da cidade para ir almoçar em algum lugar diferente e andar com os carros. Com o tempo, começou a envolver mais gente, até mesmo de outras cidades”, relata Fiusa.
Foi então que, em 2012, o Antigomobilismo Clube de Tatuí realizou o primeiro “Raid de Veículos Antigos”, o qual contou com a participação de 53 veículos, entre carros e motos.
Na ocasião, os participantes saíram de Tatuí em um domingo e passaram pelas cidades de Cesário Lange, Pereiras, Jumirim, Cerquilho e Boituva. No segundo Raid, participaram 78 veículos, e foi feito o mesmo trajeto, mas ao contrário, começando por Boituva.
Fiusa explica que o “Raid” é um passeio em que os carros andam em fila e são numerados, mas não há corrida nem velocidade. “É só pelo passeio e pela diversão mesmo. E o interessante é que chama muito a atenção da população das cidades em que passamos”.
Neste ano, o terceiro Raid será realizado no dia 1o de junho, domingo, e vai passar pelas cidades de Capela do Alto e Araçoiaba da Serra. “Decidimos ficar em apenas dois municípios para dar mais tempo para as pessoas verem os carros, e também para interagirmos com a cidade”.
O número de participantes também será limitado nesta terceira edição: serão aceitas apenas 60 inscrições. “Quando vai muito carro, acaba atrapalhando o trânsito das cidades pequenas, pois alguns são muito grandes”.
De acordo com o presidente do clube, com 60 carros, já há um total, aproximado, de 200 participantes. Para participar do Raid, é preciso ter uma moto ou um carro antigo, mandar e-mail para raidcarrosantigostatui@yahoo.com.br e pedir a ficha de pré-inscrição.
Depois de preencher a ficha, a participação do candidato será avaliada e, posteriormente, aceita ou não. Há taxa para cobrir as despesas do evento, como alimentação, já que haverá almoço na volta.
Um dia antes do passeio, em 31 de maio, será feita uma exposição de veículos antigos em uma concessionária da avenida Firmo Vieira de Camargo, no centro. Para visitar, o público é convidado a doar casacos ou cobertores em bom estado.
“A entrada é franca, mas nós estamos pedindo uma ajuda para a Campanha do Agasalho, já que, em junho, o tempo já começa a ficar frio”, explica Fiusa.
