Sistema dos Bombeiros aponta rua 11 como ponto com mais acidentes





Com mais de quatro quilômetros de extensão, a rua 11 de Agosto é uma das principais vias de acesso do município. Além de concentrar boa parte do comércio central, ela detém um recorde nada pomposo. É o ponto da cidade com maior número de acidentes.

Os dados são do sistema próprio do Corpo de Bombeiros em funcionamento no Estado de São Paulo há pouco mais de dois anos. Em Tatuí, que tem mais de 113 mil habitantes conforme o Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), o RAC (Relatório de Análise Crítica) vem acumulando informações que são referentes a todo o ano passado.

Divulgada pela primeira vez pelo comandante Cláudio Augusto Antunes da Silva, a ferramenta é “alimentada” com dados das ocorrências atendidas pelo Corpo de Bombeiros. “Funciona dentro do nosso sistema, que identifica, entre outras coisas, quais são os pontos críticos da cidade”, explicou.

Após o cadastro dos dados, as informações são armazenadas digitalmente, e compiladas pelo RAC. O resultado do levantamento realizado durante todo o ano passado resultará em ações preventivas a cargo dos próprios bombeiros.

“Em Tatuí, o sistema opera há algum tempo. Nós organizamos os dados e, agora, vamos começar a realizar a segunda parte do trabalho”, disse o comandante.

Por meio do Relatório de Análise Crítica, os bombeiros identificam não só a natureza das ocorrências, mas um ponto específico no qual elas são mais frequentes. No caso da cidade, a rua 11 de Agosto é apontada pelo sistema como o ponto que mais concentra acidentes de trânsito, sendo a maioria com motociclistas.

Os dados apurados pelo subgrupamento da cidade permitem esse tipo de verificação não só em Tatuí, mas na região (nas cidades onde o quartel atua). Para isso, os bombeiros seguem um protoloco que inclui o preenchimento de um formulário pela equipe das viaturas, todas as vezes que elas deixam o quartel para atendimentos – seja dentro do município, seja fora dele.

“Quando a viatura sai, esse levantamento dessa ocorrência vai para o sistema”, relatou Antunes da Silva. Conforme ele, há precisão porque o cadastro requer dados como endereço, tipo de ocorrência e, se disponível, motivo.

O “raio-X” realizado pelos bombeiros na cidade levantou a rua 11 de Agosto como ponto com mais chamados. Todos, envolvendo ocorrências de trauma (lesão de extensão, intensidade e gravidade variável). No caso de uma das maiores vias públicas da cidade, eles são provocados por acidentes de trânsito.

“Pelo tamanho da rua 11, nós identificamos dois pontos nos quais mais ocorrem acidentes”, disse o comandante. Conforme ele, o RAC apontou que quedas de moto e colisões envolvendo carros e motocicletas são mais frequentes na altura do número 3.740 (Jardim Lucila) e do número 1.400 (Santa Emília).

Sem divulgar quantidade, Antunes da Silva disse que a proporção de acidentes é maior entre motos. Entretanto, destacou que boa parte deles envolvem automóveis. Os dados são apenas do sistema dos bombeiros e não consideram os atendimentos do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

De acordo com o capitão, a razão é que o Samu atende mais casos clínicos (parada cardíaca, problemas de respiração, queda de pressão, entre outros). Já os bombeiros, têm o atendimento voltado a traumas (fraturas e escoriações, etc).

Na tentativa de reduzir a quantidade de acidentes nos trechos da rua 11, os bombeiros iniciarão campanha preventiva ainda neste mês. Em essência, o quartel promoverá a distribuição de panfletos educativos, preparados pelo governo do Estado que abordam especificamente acidentes com motos e de trânsito.

“Vamos imprimir alguns e distribuir para os condutores”, antecipou Antunes da Silva. “Estamos pensando em fazer algum tipo de bloqueio e entregar para quem passar pelo trecho no qual faremos a ação”, explicou o oficial.

O comandante também estuda a possibilidade de envolver as agências de mototáxi na iniciativa. “Como elas concentram muitas motos, podemos deixar alguns exemplares para que eles entreguem para os motoristas e clientes”, disse.

O comando ainda não definiu em qual data realizará as ações, nem a quantidade de material que será entregue. A intenção é de promover a distribuição em janeiro para motoristas de todas as idades. Contudo, a corporação deve concentrar os esforços nos condutores com idades entre 20 e 30 anos.

Essa é a média de idade na qual os motoristas mais se envolvem em acidentes na cidade. Também de acordo com o comandante, o RAC apontou que a maioria dos acidentes está relacionada à imprudência, com causas a partir de excesso de velocidade, distração e desrespeito à legislação. Ainda existe o uso de bebida alcoólica ou de drogas como agravantes.

Somados, esses fatores contribuem para que os bombeiros empenhem boa parte de sua frota para os atendimentos. Normalmente, a viatura de resgate é acionada uma vez por dia. “Chegamos a ter duas, mas nunca mais casos do que viaturas. Quando isso acontece, acionamos o Samu”, explicou o capitão.

Na opinião de Antunes da Silva, a situação de Tatuí é semelhante à do país. “Em todo lugar, o número de acidentes é muito alto. Não sei se porque aumentou o número de motociclistas ou se por causa do crescimento da frota”, falou.

Dado o número de ocorrências de acidentes, em comparação a outros atendimentos feitos na cidade, os bombeiros farão ações em dias específicos neste mês. Porém, a iniciativa pode ser estendida para outras prevenções.

“O RAC identifica desde ocorrência simples, de queda, como mais graves, como incêndio e salvamento. Daria para mensurar e realizar uma ação específica, se verificarmos aumento nos últimos meses, mas o que aconteceram foram casos pontuais e sem aumento”, concluiu Antunes da Silva.