Sabesp perfura ‘grandes poços’ em Tatuí­ para garantir abastecimento





Cristiano Mota

Represa do distrito de Americana tem maioria das comportas fechada por conta da alta do nível do Sorocaba

 

A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) está perfurando “dois grandes poços artesianos” visando atender Tatuí. A informação foi divulgada pela assessoria de imprensa da empresa a O Progresso, em resposta a questionamentos apresentados na quarta-feira, 28.

Na data, o jornal encaminhou perguntas à gerência de comunicação do órgão sobre a situação do abastecimento na cidade. A assessoria respondeu com comunicado, no qual não confirmou informações extraoficiais.

Por e-mail, a Sabesp informou que, desde o ano passado, intensificou o monitoramento dos mananciais que abastecem Tatuí. Declarou, ainda, que adotou a medida preventiva como “frente a uma das piores estiagens dos últimos 84 anos no Estado de São Paulo”.

Também sustentou que os níveis dos rios Tatuí e Sarapuí tem se mantido “satisfatório”. A condição tem sido verificada pela companhia “mesmo com o índice de chuvas abaixo do esperado”.

Em função disso, a empresa citou que o abastecimento à população não sofreu alterações. Entretanto, a Sabesp não respondeu se pode ou não adotar medida de “redução de pressão” na rede de abastecimento em Tatuí, como em São Paulo.

Há duas captações no município: uma no rio Tatuí e outra no Sarapuí. Neste último, a Sabesp instalou um novo “booster” (unidade de bombeamento). Ainda conforme a empresa, o equipamento ampliou a capacidade de abastecimento de água tratada na cidade.

A empresa anunciou que está perfurando “dois grandes poços artesianos” para “maior garantia de abastecimento”. Contudo, não informou onde eles se localizam, qual capacidade de produção (de captação para bombeamento em estação de tratamento) e qual região eles atenderão.

Mesmo com os investimentos, a Sabesp destacou que é preciso que “a população continue usando a água de forma responsável, sem desperdícios”. O motivo é que o índice de chuvas está abaixo do esperado e as altas temperaturas desta época do ano contribuem para o aumento do consumo.

Por fim, a Sabesp divulgou “dicas de economia”. Entre elas, banhos curtos; não uso de mangueira para lavar calçada e carro; retirada de excesso de comida de louças com esponja antes de usar a torneira; acumular roupas por períodos para utilizar a máquina de lavar na capacidade máxima; e manter a torneira fechada enquanto a pessoa escova os dentes ou faz a barba.

Na nota, a companhia não menciona se os níveis dos rios estão baixos. Também preferiu não constar – como havia feito anteriormente em outras duas oportunidades – se a cidade corre risco de desabastecimento e se a Sabesp vem utilizando outras represas para manter o fornecimento de água.

A Sabesp produz e distribui 30 milhões de litros de água por dia na cidade. Ela é fornecida com “padrão de qualidade que atende todos os quesitos da legislação vigente”.

A companhia tem sido consultada pela reportagem de O Progresso desde o início do ano passado, por conta da estiagem e das altas temperaturas registradas a partir de novembro de 2013.

Em fevereiro de 2014, medições da Defesa Civil apontavam que, no penúltimo mês do ano retrasado, as precipitações somaram apenas 60 milímetros. Em dezembro de 2013, o órgão totalizou 39 milímetros de chuva e, em janeiro do ano passado, 70 milímetros.

Em seu primeiro comunicado, a Sabesp afirmou que, “apesar dos esforços que estavam sendo realizados para garantir o atendimento, a situação impunha aos sistemas uma condição de extrema atenção e delicada operação”.

Na ocasião, a empresa informou que nenhuma cidade da região atendida por ela corria risco de desabastecimento por conta da situação climática.

Havia destacado, ainda, que os consumidores deviam “fazer uso de água com racionalidade”. A empresa citou que a medida valia tanto para redução de despesas (no tocante a consumo e produção) como para preservação ambiental.

Também por conta de solicitação de O Progresso, em agosto de 2014, a Sabesp voltou a divulgar nota. Na ocasião, enfatizou que Tatuí não corria risco de desabastecimento, mas relatou que dezenas de municípios do Estado já enfrentavam problemas por conta da estiagem. Segundo ela, a falta de chuvas havia causado redução da vazão dos principais mananciais paulistas.

Sorocaba

Apesar de não intensas, as chuvas deste mês provocaram alta do nível do rio Sorocaba. No distrito de Americana, a cheia fez com que a empresa que administra a Usina Hidrelétrica Santa Izabel fechasse a maioria das comportas.

A elevação pode ser vista “a olho nu” por quem passa pela estrada que dá acesso à barragem. Na rua Maria Conceição Martins, boa parte das casas (ribeirinhas) que ficam na beira do rio já registra água bem próxima aos quintais.