Roubos aumentam 51,95% no municí­pio





Polícia Militar

Armas e munição estavam com suspeitos de roubar lotérica; PM recuperou quase R$ 4.000 em notas

 

Assaltos em padarias, a pedestres, residências e, mais recentemente, a uma lotérica em Tatuí têm repercutido nas estatísticas da SSP (Secretaria de Segurança Pública) do Estado de São Paulo.

No início do mês, a “Capital da Música” apareceu em nono lugar – entre os 645 municípios paulistas – em “ranking” das cidades com maior número de roubos no Estado de São Paulo.

A listagem, divulgada pelo jornal “Folha de S. Paulo”, na edição do dia 6 de julho, apresentou Tatuí com taxa de 187,2 roubos para cada cem mil habitantes, à frente da capital, na 19a posição.

São Paulo registrou variação de 41,8% no comparativo do número de ocorrências registradas entre os meses de janeiro e maio deste ano e do ano passado.

Em Tatuí, em 2013, houve 62 assaltos e 15 roubos de veículos – totalizando 77 crimes. Neste ano, no mesmo período, a SSP contabilizou 98 assaltos, 16 roubos a veículos e 3 roubos a carga, variação “para mais” de 51,93%.

A taxa de roubos para cada mil habitantes é calculada com base no número de habitantes, obtido junto à Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), dividido pelo total de infração penal ocorrida no município durante determinado período. O resultado da operação é multiplicado por 100 mil.

No caso de Tatuí, o cálculo realizado pela reportagem de O Progresso difere do apresentado pela “grande mídia” por ter como fonte dados retirados da SSP e da Fundação Seade. A fundação aponta a cidade com 111.122 habitantes, gerando taxa de 105,29 roubos para cada mil residentes.

Além dos roubos, o município registra nível “alto de problemas ligados ao crack”. A constatação é do Observatório do Crack, no estudo denominado “Mapa do Crack”.

Conforme a publicação, a droga está cada vez mais presente nas pequenas cidades e zonas rurais. Em Tatuí, entretanto, não há dados específicos sobre a presença do crack.

Apenas, é constado no mapa que a cidade possui programa de combate ao entorpecente e que não tem unidade do Caps (Centro de Atenção Psicossocial).

A instalação do serviço estava prevista para o final do ano passado. Em agosto de 2013, o Caps teve projeto aprovado pelo Comad (Conselho Municipal Antidrogas), conforme antecipado pelo bissemanário. Na ocasião, o órgão previa envio de solicitação ao conselho gestor, situado em Itapetininga.

O serviço é uma das modalidades da Raps (Rede de Apoio Psicossocial), formada pelo Caps 1, 2, 3, Caps AD (álcool e droga), Capsi (infantojuvenil) e SRT (serviços de residências terapêuticas), disponibilizada pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

Para os serviços serem instalados, é considerado o número de habitantes. Tatuí encaixa-se na faixa das cidades com população entre 70 mil e 200 mil habitantes, nas quais os Caps 2 e Caps AD podem ser aderidos.

O Caps é um serviço que presta atendimento médico-psicológico e terapêutico. Ele realiza acompanhamento diário, visando à reintegração do paciente psiquiátrico à sociedade.

Além de Tatuí, municípios menores, como Capela do Alto, Cerquilho, Sarapuí e Conchas, apresentam nível alto de problemas relacionados à circulação de crack.

Conforme o estudo, a droga está presente em menor proporção nas cidades de Araçoiaba da Serra, Pereiras e Itapetininga (constadas com nível médio) e em Porto Feliz e Quadra, que apresentam “risco baixo”.

De acordo com autoridades policiais, a presença da droga em Tatuí contribui para o aumento da criminalidade e gera, na mesma proporção, mais ação por parte das forças de segurança. A Polícia Militar, por exemplo, intensificou combate ao crime no início do mês, por conta de registros de assaltos.

Apresentando números, o comandante da 2ª Cia. da PM, capitão Kleber Vieira Pinto, destacou que a polícia está “trabalhando duro” para coibir o aumento dos roubos. Kleber divulgou estatístico de produtividade operacional, com ações realizadas no período de uma semana (entre os dias 7 e 13 deste mês).

Da segunda-feira da semana passada até o domingo, os PMs realizaram um total de 1.275 procedimentos. Entre os principais, abordagem a suspeitos, vistoria, fiscalização e apreensão de veículos, flagrantes de roubos, furto, tráfico de entorpecente, detenções e apreensão de armas de fogo.

“Tem-se noticiado o aumento da criminalidade em Tatuí, mas isso não é um problema só local. Em todo o Estado está dessa forma. Mas, aqui, também tivemos aumento das atuações da Polícia Militar”, argumentou o capitão.

Como consequência, Kleber afirmou que houve aumento no número de prisões. Nos sete dias em que houve intensificação do policiamento, a 2a Cia. registrou 20 prisões.

Dessas, nove são relacionadas a roubo, nove por tráfico de entorpecente, uma por violência doméstica e uma por porte de arma (munição).

Segundo o capitão, as ações intensificadas em Tatuí são denominadas de positivas. Entretanto, elas não são suficientes para reduzir o indicativo de roubo, uma vez que há casos nos quais os bandidos atuam em mais de um município.

O crime registrado em uma lotérica situada no centro (reportagem nesta edição) é citado como exemplo pelo comandante. Kleber informou que um dos veículos utilizados pelos bandidos (uma moto) havia sido furtado em Cesário Lange.

Esse tipo de comportamento (cometer um crime numa cidade a fim de cometer outro num segundo município) é mais comum entre os adolescentes infratores.

Conforme Kleber, há registros desse tipo de ação em cidades com menor número de habitantes, como Capela do Alto, Boituva e Cerquilho.

“Também há o inverso, casos de marginais que furtam em regiões mais populosas para cometer crimes em regiões menores”, descreveu.

Kleber também fez questão de frisar que o aumento de roubos no município se refere a um período comparativo (de cinco meses) entre 2013 e 2014. Afirmou, ainda, que o roubo é um dos indicadores do índice de violência divulgado pelo governo do Estado, por meio do site da SSP (www.ssp.sp.gov.br).

“Aumentou-se o percentual de roubos. Isso não quer dizer que a criminalidade, no total, teve um aumento”, justificou o comandante. Ainda conforme ele, o crescimento é uma das consequências das metas estipuladas pelo Estado.

O capitão explicou que a SSP estabelece, anualmente, metas para os índices estatísticos. Como houve redução em 2013, em comparação a 2012, uma nova queda nos indicadores seria “muito difícil”.

“Nós tínhamos essa consciência de que esse número (de roubos) nós não conseguiríamos cumprir. E, além do mais, existe uma tendência de alta em todo o Estado nos crimes patrimoniais, com relevância de roubo e furto de veículos”.

Para fazer frente aos indicadores, a PM também melhorou canal de comunicação com a PC (Polícia Civil). Tendo por base os registros de ocorrência, a Civil promove levantamento das áreas mais afetadas, dos crimes, horários mais propensos a delitos, entre outros dados.

As informações são repassadas à PM para elaboração de plano de policiamento preventivo. “Então, é isso o que nós chamamos de proatividade”, declarou o comandante.

Meio a meio

Conforme Kleber, os roubos em Tatuí apresentam um “equilíbrio nos números”. Na prática, os assaltos a pedestres ocorrem quase na mesma proporção a estabelecimentos comerciais.

Entretanto, há diferença na repercussão e no número de vítimas. O capitão disse que os assaltos a munícipes são considerados “menores” se comparados aos praticados contra o comércio, uma vez que são menos comentados.

“Os pequenos são quando um adolescente andando para casa, enquanto mexe na rede social, tem o celular tomado por um bandido que dá um empurrão. Os roubos maiores são os mediante violência, com grave ameaça e mais vítimas. Ocorre que tudo entra na estatística e vai parar no site (da SSP)”, disse.

Desta forma, tanto o assalto a um estabelecimento pode ser “menos violento” como o contrário. O capitão citou o roubo a um minimercado no Jardim Wanderley. Segundo ele, quatro adolescentes invadiram o espaço e anunciaram assalto sem revólver.

“Eles entraram com as mãos por baixo da camisa e, na ameaça verbal, disseram que estavam armados. Provavelmente, não estavam, porque nós não localizamos arma nenhuma”, disse o capitão. No entanto, o crime ganhou maior repercussão, mesmo não gerando grave ameaça para as vítimas.

“O que há é um impacto maior na sociedade, por envolver o comércio e clientes. Daí é que há uma apreensão maior com relação aos crimes”, afirmou Kleber.

Independentemente do número de vítimas, o capitão afirmou que todos os casos são tratados como roubo. Contudo, apontou ser necessário pontuar os casos, justamente para o planejamento de ação de policiamento ostensivo.

Na análise, a PM verifica se o bandido fez uso de arma de fogo para cometer o crime, qual é a maneira de agir do ladrão e traça o perfil do criminoso. O estudo inclui outros dados, como idade e integração junto a uma quadrilha.

“Toda essa análise é diária. Fazemos isso todo dia, até para priorizarmos as ações e direcionarmos o policiamento com objetivo de prender os autores”, declarou.