‘PM está fazendo a parte dela’, diz comandante sobre assaltos





A Polícia Militar desencadeou ação preventiva para reduzir o número de roubos no município. Em entrevista a O Progresso, o comandante da 2ª Cia., capitão Kleber Vieira Pinto, afirmou que a PM está “fazendo a parte dela”.

O oficial divulgou números de ações promovidas pela corporação na semana passada e falou na existência de um “gargalo”, referindo-se ao número de pessoas detidas no período e a quantidade de vagas oferecida pelo sistema prisional.

Kleber disse, também, que a população precisa colaborar com a PM no tocante ao reconhecimento de suspeitos. Conforme o capitão, muitas pessoas – por medo ou “falta de cidadania” – se recusam a prestar depoimento.

Entre os dias 7 e 13 deste mês, a PM efetuou a prisão de 20 pessoas – a maioria delas por envolvimento em roubos e tráfico de drogas. O número é considerado alto, uma vez que contabilizam somente as detenções feitas pela corporação.

Segundo Kleber, os dados de produtividade operacional excluem prisões realizadas no mesmo período pela GCM (Guarda Civil Municipal) e PC (Polícia Civil).

No período de uma semana, 779 pessoas foram abordadas pela PM. Os militares realizaram, ainda, 415 fiscalizações e vistorias, 34 autuações e 20 apreensões de veículos (entre carros e motos); 1 flagrante de roubo, 2 de furto, 3 flagrantes de tráfico de entorpecente, 13 prisões em flagrante, apreensão de seis adolescentes, uma captura de procurado e uma apreensão de arma de fogo.

“Existe, aí, um gargalo. Nós estamos prendendo muitas pessoas – média de 250 por mês –, mas o governo do Estado não constrói um CDP (Centro de Detenção Provisória) e uma penitenciária a cada quatro meses”, comentou o capitão.

Kleber informou que o 22o Batalhão, com sede em Itapetininga, abrange 11 municípios – entre eles, Tatuí. Ainda segundo ele, as polícias que atuam nessas cidades prendem uma quantidade de pessoas suficiente para encher uma unidade prisional por mês. “Para aonde estão indo esses presos?”, questionou.

O capitão afirmou que há um problema estrutural – atribuído ao governo do Estado e à Justiça – que não faz parte da gestão das polícias (tanto Militar como Civil). De acordo com ele, a parte que cabe à PM está sendo realizada, com os policiamentos preventivos, as operações e o número de detenções.

“Temos feito a nossa parte. Se as coisas, lá na frente, continuarem acontecendo, não é por falta de atuação da Polícia Militar”, defendeu o capitão.

Kleber apontou como exemplo de falha do sistema carcerário e judicial o número de reincidentes. Conforme ele, é “muito comum um policial deter uma pessoa mais de uma vez”.

O capitão afirmou que o problema é recorrente com os menores infratores recolhidos pelas equipes da PM. “Eu diria que um percentual bem alto dos reincidentes já praticou outros ou o mesmo delito pelos quais foram pegos”.

Para ele, essa situação cria a famigerada sensação de impunidade, colocando o criminoso num “círculo vicioso”. “É importante constar que esse é um problema de legislação. Se as leis fossem cumpridas a rigor, com eficácia, essa sensação não existiria e as reincidências não seriam tão frequentes”, disse.

Kleber destacou, também, a importância da colaboração da população no combate aos crimes e no esclarecimento. O capitão considerou que há “dois pontos principais” para o aumento da segurança pública, sendo o primeiro a adoção de cuidados e o segundo, a ajuda na realização de denúncias – anônimas ou não.

“Pedimos que a população nos auxilie com cuidados e informações, porque a polícia não pode estar 24 horas em todos os locais. Então, é muito importante que haja colaboração do cidadão e que ele tenha consciência disso”, frisou.

A PM recomenda que, em caso de suspeita, o munícipe acione sempre o telefone 190. Também orienta que as pessoas evitem andar sozinhas em determinados horários (especialmente durante a madrugada) e que, ao ligar para fazer qualquer tipo de denúncia, passem o máximo de informações possível.

O capitão afirmou que não é necessário se identificar durante a ligação. Entretanto, ressaltou que o cidadão deve estar “convicto da informação”.

“É importante que a pessoa seja séria na hora de solicitar uma viatura, para que evitemos um trote, ou uso da PM para questões de ‘simples picuinha’”, comentou.

As mesmas recomendações valem para comerciantes – que têm se tornado alvos constantes de assaltos cometidos no município. Nesse caso em específico, a PM orienta, também, a instalação, quando possível, de câmeras de segurança. “Pedimos que o cidadão tome atitudes preventivas”, afirmou.

Outro “pedido” feito pela corporação é o de colaboração no reconhecimento dos criminosos. Kleber disse que grande parte das vítimas se recusa a prestar depoimento com medo de represália. Segundo ele, essa atitude prejudica o esclarecimento dos casos e, até mesmo, a prisão dos autores.

De acordo com o comandante, o papel das vítimas é extremamente importante porque pode impedir que o criminoso volte a cometer crimes – no caso, assaltar.

“É importante que a pessoa vá até a delegacia, quando solicitado pela Polícia Civil, ou até mesmo à PM. Nós nos deparamos, às vezes, com vítimas que, por medo, ou falta de cidadania, não querem colaborar”, disse.

O capitão afirmou que, em todos os casos, as vítimas têm a identidade preservada. Também declarou que a colaboração deve ser feita como um reconhecimento da população ao esforço da PM. “Nós nos desdobramos, ficamos horas atrás de um criminoso, além de deslocarmos viaturas”, encerrou.