A coqueluche é também conhecida como “Pertussis”, “tosse comprida” ou “tosse convulsa”. É uma doença infecciosa aguda e transmissível, responsável por acometer o aparelho respiratório (traqueia e brônquios). Ela é causada pela bactéria Bordetella pertussis,que produz uma toxina que faz com que se manifestem os sintomas de tosse comprida, em crises até “perder o fôlego”, constipação e outros. Além dessa bactéria, cerca de 5% a 20% dos casos podem ser causados por um outro tipo mais grave, a Bordetella parapertussis. Esta doença é extremamente grave para lactentes e crianças pequenas que não foram vacinados, principalmente recém-nascidos com menos de dois meses sem a primeira dose da vacina. As recém-nascidas têm as vias respiratórias muito finas e que podem ser facilmente obstruídas pelo muco da infecção. Por conta disso, elas podem até correr o risco de não conseguirem respirar.Além de ser altamente contagiosa, sua duração é de seis a dez semanas. Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, a coqueluche continua causando várias mortes. Isto ocorre devido à cobertura vacinal de adultos ser muito baixa, assim eles podem transmitir a doença para bebês ou crianças pequenas. No Brasil, observa-se aumento dos casos que afetam principalmente crianças menores de um ano.
Os sintomas – variam de paciente para paciente, sendo que, nos adultos, eles ocorrem de forma mais leve (cerca de 1/3 é assintomático), enquanto que, nas crianças com menos de seis anos, podem ser fatais. A coqueluche se desenvolve em três fases sintomáticas sucessivas: 1. Catarral -tem início com manifestações respiratórias e sintomas leves, os quais podem ser confundidos com a gripe. Podem durar algumas semanas e deixam o paciente extremamente cansado. Ele poderá sentir: febre ligeira, olhos lacrimejantes, coriza, rinorreia (nariz escorrendo muco), mal-estar, tosse seca e, em seguida, contínua, com duração de duas a quatro semanas. A crise de tosse da criança leva de 20 a 30 segundos sem parar e, depois, há a dificuldade para respirar. Lábios e unhas podem ficar arroxeados durante as crises de tosse, que geralmente ocorrem mais à noite. A multiplicação da bactéria causa a tosse comprida, por conta da diminuição do funcionamento da traqueia e brônquios. Assim, a tosse pode ser uma consequência ou sintoma.
- Aguda – as crises de tosse cessam, devido à inspiração forçada e prolongada; vômitos, fazendo com que o paciente tenha dificuldade de beber, comer e respirar.
- Grave ou convalescença- as crises de tosse desaparecem, voltando à tosse comum. Bebês menores de seis meses são os mais propensos a apresentarem formas graves da doença, que podem causar: desidratação, pneumonia, convulsões e lesão cerebral.
Recém-nascidos podem apresentar apneia e demais problemas respiratórios sem tosse. Bebês abaixo de seis meses estão muito vulneráveis, pois ainda não completaram o esquema primário de vacinação. Desde 2011, a incidência da doença vem aumentando no Brasil.
Transmissão 3- os principais transmissores estão dentro da própria família: a mãe, com 39%; o pai, com 16%; os avós, com 5%; e os irmãos, variando de 16 a 43%.
Prevenção – a melhor forma é através da vacinação. Os bebês devem tomar a vacina tríplice (DPTa) a partir de dois meses,e recomendamos que, nessa idade, tomem a vacina Hexa (que contém seis vacinas numa só aplicação, da qual faz parte a coqueluche acelular); como assimtambém a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Associação Brasileira de Imunizações (SBIM) recomendam que, logo nos primeiros dias de vida do bebê, todos os familiares mais próximos, como os pais, avós e irmãos, principalmente adolescentes, recebam a vacina.
Hoje, já se encontra disponível nas clínicas particulares, a chamada tríplice do adulto, que, neste caso, tanto como a Hexa do bebê,é produzida também através da proteína da Bordetella (DTPa) e não da cápsula da bactéria como a tríplice comum (DPT), ou seja,a tríplice acelular, que quase não provoca reações, como a DPT.
Os adultos devem fazer nas clínicas privadas a chamada vacina tríplice acelular do adulto – dTpa (Refortrix), que, além de proteger contra a coqueluche (impedindo de passar para a bactéria Pertussis o bebê),ainda estará fazendo um reforço contra a difteria e o tétano.
*Médico especialista em pediatria pela AMB e SBP e membro da Sbim