O árduo caminho de uma mulher rumo à liberdade

Fabiana Guntovitch *

Em tempos passados, a condição feminina era definida pela submissão a outros, seja a Deus, à igreja ou ao convento. Ser mulher significava estar sujeita ao controle e posse de alguém sobre nosso corpo e vida.

Embora hoje muitas de nós não se vejam mais como propriedade exclusiva de um homem, ainda sofremos influências sociais que nos moldam de maneiras igualmente cruéis.

A pressão para corresponder a estereótipos impostos pela sociedade afeta nossa saúde mental, física e emocional, enquanto nós, muitas vezes, seguimos adiante como se tudo estivesse normal.

Frente à mídia e à sociedade, é justo perguntar: o que determina nosso valor? A idade, o peso, a aparência? Nossa posição social, estado civil, saldo bancário? Nossa profissão, família, maternidade? São os bens materiais, a aceitação social, o número de seguidores?

Nossa expressão da sexualidade, crenças religiosas, afiliações políticas? O que nos define como mulheres? E quem tem o poder de nos definir? Será que nos libertamos do domínio de pais e maridos apenas para nos tornarmos objetos moldados por expectativas restritivas impostas por outros?

Por décadas, lutamos pela autonomia e estamos conquistando essa batalha, embora muitas vezes a um custo muito alto, até mesmo com nossas vidas, como evidenciado nos casos de feminicídio, um crime motivado pela incapacidade dos homens em aceitar a igualdade de poder nas relações.

No entanto, ainda estamos longe da verdadeira liberdade. A verdadeira liberdade reside na capacidade de autodeterminação, livres de prisões internas e externas, capazes de nos bastar e nos amar incondicionalmente.

Embora o caminho rumo à liberdade plena possa ser longo, não o abandonaremos. Enquanto uma única mulher não tiver espaço para ser autenticamente ela mesma, estaremos ao seu lado, lutando não apenas por ela, mas por todas as mulheres que estão por vir.

Este planeta, cheio de desafios e oportunidades, merece que todas as suas habitantes possam desfrutar plenamente de sua existência.

* Psicanalista, especialista em comportamento feminino.