Aqui, Ali, Acolá
José Ortiz de Camargo Neto *
“Quando, entre cem nomes, escolho um para governar, ganho 99 inimigos e um ingrato” (Napoleão Bonaparte).
Se você faz o bem, não espere muita coisa do próximo, senão inveja e ingratidão. Uma vez ou outra, alguém beneficiado pela sua generosidade ou sucesso pode sentir-se realmente grato ou admirado. Mas, via de regra, sua bondade ou êxito vai despertar muita inveja e ataques do próximo.
A psicanálise, desde Freud e após, com seu desenvolvimento, mostrou que temos muitas patologias, nos sentimentos, ideias e ações, o que bate com a teologia, na questão de sermos contaminados pelo pecado original.
Por mais que nos esforcemos para ser bons (como fomos criados na origem), frequentemente (ou quase sempre) caímos, ora na raiva, ora na soberba, ora na inveja, na vontade invertida, nos vícios, em tudo que nos envergonha e embrutece. Porém, com paciência, esforço e dedicação, pouco a pouco poderemos conscientizar isso e melhorar.
Daí a importância de nos humilharmos e conscientizarmos os nossos assim chamados pecados.
Santo não é a pessoa que é perfeita, que só tem bondade, beleza e verdade – é aquele que, mesmo sendo mau, luta heroicamente para ser bom. Por isso eles se sentem pecadores – justamente porque se esforçam para serem virtuosos.
A única maneira de controlarmos essa patologia advinda de nossos primeiros pais e que pode ser atenuada ou agravada pela nossa conduta, é percebendo, conscientizando isso e procurando melhorar.
Só quem vê o erro pode mudar para acertar (com muita dificuldade), e assim mesmo cometerá outros erros; mas quem não vê suas falhas, permanece nelas. A conscientização é um processo para a vida inteira.
Viver não é fácil não. Seria, se estivéssemos de acordo com nossa origem. Mas como nos separamos desse mundo divino, agora temos de lutar para conseguirmos nos religar ao Ser Divino.
Felizmente Ele é bom e é perdão infinito, senão, ai de nós. Ele sempre está pronto para perdoar quem realmente quer ser perdoado e espera, em contrapartida, uma mudança de atitude de nossa parte. Mas, findo o tempo de nossa vida neste planeta, entraremos na Eternidade conforme nossa ação e escolha.
De qualquer modo, conscientes disso ou não, somos nós que escolhemos nosso destino.
Até breve.
* Jornalista e escritor tatuiano.