Região de Tatuí­ é beneficiada por chuvas, pasto e condições

 

Grande incidência de chuvas, vastas áreas não impermeabilizadas e baixo índice de poluição de rios estão entre as condições que beneficiam a região de Tatuí no tocante à qualidade da água.

A avaliação é do diretor técnico da FABH (Fundação Agência da Bacia Hidrográfica) do CBH-SMT (Comitê da Bacia Hidrográfica dos rios Sorocaba e Médio Tietê), James Martins Pereira.

De acordo com ele, Tatuí faz parte de um “grupo de cidades privilegiadas”. Além dos fatores citados pelo representante da fundação como vantagens, Pereira argumentou que a “Capital da Música” está protegida pelo Plano Diretor.

“Não sou de Tatuí, mas conheço o plano da cidade. E ele não permite que as construções, hoje, impermeabilizem totalmente o solo”, comentou.

Pelo estabelecido no PD, os novos residenciais aprovados precisam dispor de áreas verdes que possam percolar água para o lençol freático e os poços artesianos.

Ao garantir que isso aconteça, o plano contribui para a manutenção da qualidade da água, uma vez que não há contaminações, de modo geral, por conta de resíduos sólidos. O lençol freático “abastecido” garante a manutenção de nascentes e córregos que, posteriormente, abastecerão os rios da cidade.

Também permitem, por exemplo, a exploração do uso da água por fábricas de refrigerante. Pereira citou que pelo menos duas captam água do subsolo de Tatuí para manter suas produções. Para ele, a presença das indústrias, por si só, é um demonstrativo da qualidade da água do município.

Sem enfrentar questões mais graves, como o “consumo de poluição da capital” (reportagem nesta edição), o diretor técnico enfatizou que a região sente outros efeitos colaterais.

Como registram volumes bastante grandes de chuva, cidades como Boituva e Tatuí enfrentaram problemas de “precipitações de pontes”.

Também contribuem, em uma proporção menor – mas não menos prejudicial -, para a poluição dos rios. Pereira alegou que todas as cidades, de modo geral, costumam ter responsabilidade na degradação da qualidade da água. Em especial, por conta de aglomerados urbanos que não contam com tratamento de esgoto.

“Onde há junção de pessoas e o esgoto não é tratado, sim, há poluição. É esse o problema das invasões, de bairros distantes. E em cima disso nós estamos com uma política de, dentro dessas áreas afastadas, colocarmos projetos de estação de tratamento compactas para atender à comunidades”, contou Pereira.

Este é o caso do projeto de implantação de fossas sépticas realizado em Tatuí pela Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente e noticiada por O Progresso. O diretor técnico da FABH disse que o comitê entende essa necessidade e, como tal, disponibiliza recursos para reduzir os impactos.

No entendimento de Pereira, as fossas sépticas são uma necessidade das comunidades rurais que ficam à mercê de potenciais investimentos de autarquias ou empresas, como a Sabesp.

“A companhia tem interesse de ter lucro, porque está na Bolsa de Valores. Então, vai tratar água e ‘tentar atender melhor’, mas é preciso destacar que uma área rural não dá lucro”, avaliou.

Dentro dessa perspectiva, o diretor técnico afirmou que muitas empresas preferem não investir em melhorias nas áreas rurais, por não obterem “retorno financeiro”. “É aí que entram os projetos do Fehidro”, argumentou Pereira.

Segundo ele, o órgão disponibiliza recursos do chamado “fundo perdido” (programas de subvenção). Neste ano, a fundação tem, até o momento, dois projetos em andamento, um de macrodrenagem urbana e outro, de macrodrenagem rural. Ambos, com o mesmo valor: cada um orçado em R$ 1,62 milhão.

Tatuí está entre os municípios que podem ser contemplados pelos projetos em andamento por meio de um consórcio tomador. Pereira explicou que as empresas que desenvolvem os planos estão trabalhando nas questões há uma década.

O papel da FABH é “induzir” os municípios a desenvolverem projetos voltados à macrodrenagem. Eles consistem em um conjunto de obras com o objetivo de melhorar o escoamento da água, de forma a diminuir problemas de erosão, assoreamento e inundações.

Para a área urbana, representaria melhoria na conservação da malha asfáltica; para o campo, de condições de uso das estradas utilizadas pelos produtores rurais para o escoamento da produção local.