Muita complicação





Somos vítimas da complicação de temas relativamente simples, que vez ou outra surgem, aqui e acolá.

A vítima maior das controvérsias, como sempre, é a educação. O ensino religioso, obrigatório às escolas, mas constitucionalmente facultativo a cada estudante, tem originado discussões as mais diversas, e impedimentos práticos que acabam por deixá-lo prestes a desaparecer, como justo, do texto constitucional.

Em tese, as aulas não seriam lecionadas por religiosos, mas por pessoas preparadas para incutir o respeito às diversidades, cultos e credos, de fiéis e ateus. A ideia central seria liquidar com a intolerância religiosa.

O dispositivo legal acabou sendo mais uma letra morta, como tantas que há no Brasil. Se implantado, estaria fadado a ser mais um complicador do ambiente escolar, a começar pelo constrangimento de pais e filhos que optassem por não participar da matéria.

O respeito às diversidades tem argumentado posturas até ridículas, tamanha a ferocidade das discussões. No caso da diversidade sexual, deve haver algum método que não seja a negação do aparato sexual natural, como indicativo original de sexualidade.

Não devemos incutir, nas crianças, a ideia de que podem, todas, urinar em pé ou sentadas, ou beijar o amiguinho e a amiguinha, até perceber por qual sexo têm maior atração. A noção de que aparatos sexuais naturais nada indicam, até que surja a opção, é catastrófica, abusiva e deprimente.

Respeitar as diversidades, religiosas, sexuais, políticas e raciais, cabe plenamente no item respeito humano, ao lado do respeito à natureza, animais e aves. Mais que isso, é doutrinação e colonização cultural, e cabe razão, muita, aos que julgam que alguns temas devem ser ensinados no seio familiar.

O respeito aos negros não exige que pratiquemos seus rituais de origem, assim como devemos respeitar japoneses sem comer arroz sem sal, e respeitar os italianos, sem gritar. Compete às escolas detectar intolerâncias, tentar corrigi-las e até mesmo puni-las, quando necessário.

Existe uma tentativa pouco camuflada de instrumentar a escola, transformando-a em fábrica de militantes. Professores não podem, sob pena de lesa-pátria, transformar cátedras em tribunas.

A escola merece estar imune a idiotias e preferências pessoais, de professores, administradores, pais e alunos. Exemplos recentes, de literatura grosseira e pornográfica, prestaram relevante desserviço à educação.

Na verdade, compete aos pais assumirem a obrigação de acompanhar e sondar tudo o que está sendo lecionado aos filhos, e como anda o ambiente escolar. Muitos são os que reclamam, e poucos os que acompanham de fato, e cobram soluções.

Da maneira como vamos, nossos estudantes em breve saberão tudo, menos matemática, português, biologia, geografia, etc. Assim não dá!

* Engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.