Escola mobiliza estudantes em ação que resulta em doações de cadeiras





Gleicy Ellen A.D. da Silva

Lacres recolhidos por estudantes serão repassados para instituição

 

História, português, matemática e solidariedade. A partir das disciplinas e de iniciativa, os alunos da Escola Estadual “José Celso de Mello”, no CDHU (Conjunto Habitacional Orlando Lisboa de Almeida) realizaram campanha de arrecadação de lacres de latas de alumínio.

O material recolhido foi revertido em cadeiras de rodas para doação. A data para a entrega oficial dos assentos está prevista para o dia 20, às 15h, na sede da escola.

O projeto, que teve início no dia 11 de maio deste ano, foi idealizado pelo professor de história Jorge Luiz de Almeida. O docente contou que tinha o objetivo de despertar o sentimento de empatia dos alunos para com o próximo.

“Desenvolver essa sensibilidade junto aos estudantes era o nosso maior desejo, pois isso não é minuciosamente trabalhado em sala de aula. Pensei que seria interessante fazer algo que trabalhasse a sensibilidade e o meio ambiente”, contou.

Aproximadamente, 400 alunos, das 12 salas do período da tarde, das classes do 6º, 7º e 8º ano do ensino fundamental, participaram da campanha. Para motivar os discentes, a organização da escola preparou uma competição entre as classes. Cada garrafa pet de dois litros cheia de lacres equivalia a um ponto.

“Fizemos dessa forma, pois, ao mesmo tempo em que estávamos motivando eles com uma disputa saudável, conseguimos arrecadar com mais rapidez”, esclareceu Almeida.

Para Cleonice Alves dos Reis Silva, professora mediadora escolar e comunitária, a ação também fortificou a importância do ato solidário. “Aqui na escola também há alunos especiais, cada um dentro da sua especificidade. Então, a proposta era mesclar às questões ambientais e de sensibilidade, ao tratar com a pessoa especial”, disse.

O professor avalia que, no momento em que pensou abordar o meio ambiente, manteve cuidado para não atrapalhar o trabalho dos coletores de reciclagem.

“Com a latinha também conseguiríamos reverter o valor de uma cadeira de rodas, mas nossa preocupação era não interferir no trabalho dos catadores, e o lacre é um item que não prejudica”, declarou o professor. “Inclusive, vários coletores nos auxiliaram no projeto”, acrescentou.

A escola reservou um local especial para os alunos depositarem os materiais coletados. Para ampliar a visibilidade do programa, os estudantes promoveram diversas ações de interação nas redes sociais para atrair doadores.

“Eles arrumaram estratégias para divulgar a campanha pela internet e pelo ‘WhatsApp’. Até deram a ideia de fazer um teatrinho e filmar, e esse material foi disponibilizado na rede e compartilhado entre os amigos deles”, mencionou Cleonice.

De acordo com a professora, foi graças a essa divulgação que o projeto mobilizou outras empresas. Entre elas, a Toyota, que encaminhou um fardo de lacres. Um empresário também colaborou. Ele fez a doação de uma cadeira de rodas.

Oitenta quilos de lacres ou 120 garrafas pets de dois litros equivalem ao valor de uma cadeira de rodas (com o valor de, no máximo, R$ 300). O material deve ser entregue a empresas que fazem a compra ou a troca pelo assento.

Cleonice conta que esse foi o maior obstáculo no início da campanha. “A nossa preocupação era essa, onde nós trocaríamos esses lacres. Corremos atrás e descobrimos que a CCR SPVias desenvolvia um programa nesse sentido”, disse.

Ainda de acordo com ela, a cadeira de rodas adquirida pela concessionária é doada ao Rotary Club, que empresta a cadeira de rodas às pessoas que precisarem. A opção de empréstimo, segundo a professora, é devido à fragilidade das cadeiras.

“Cada cadeirante tem um problema. Então, ele precisa de um equipamento específico, adaptado à sua necessidade. Os suportes emprestados têm pouco tempo de duração, se comparados aos outros mais resistentes”, explicou a coordenadora.

Cleonice contou, ainda, que a cessão do assento é feita de acordo com o tempo que o interessado precisa. Segundo ela, além da coleta dos lacres de latas de alumínio, o Rotary Club faz a manutenção das cadeiras em caso de dano. Os materiais recolhidos pelos estudantes da escola também serão destinados a empresas.

Para Almeida, o resultado do projeto foi além do esperado. “Conversei com uma professora de Sorocaba, que desenvolveu a mesma atividade numa escola lá, e ela disse que levou seis meses para finalizar a ação. Nós, em um mês e meio, praticamente, já estávamos com toda a quantidade necessária”, comemorou.

Apesar de a campanha já ter sido concluída, o docente planeja uma nova edição para o próximo ano. “Nós só encerramos o projeto aqui, na escola, porque conseguimos atingir a meta a que nos propusemos, que era os 80 quilos. Fora que, também, temos outras ações a serem desenvolvidas”, completou.

A entrega oficial dos assentos no próximo dia 20, não será aberta ao público. O evento contará com a presença dos pais dos estudantes que estudam na classe com o maior número de lacres e representante do clube de serviços.