Aeroclube da cidade integra a nova edição do projeto ‘Voa São Paulo’





Formar atletas, oferecer oportunidade profissional e consolidar-se como ferramenta social. Esses são três dos objetivos do projeto “Voa São Paulo”, iniciativa da Federação Brasileira de Voo a Vela, em parceria com a Secretaria Estadual do Esporte, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo, a ser realizada por meio de captação de recursos da iniciativa privada.

O projeto, que tem captados R$ 802 mil para a realização – R$ 42 mil a mais que o orçado – está em fase final de promulgação. A ação irá beneficiar cinco aeroclubes do Estado, e o de Tatuí está entre eles.

O projeto prevê, inicialmente, a formação de atletas e, além disso, a abertura de oportunidade profissional e envolvimento social dos aeroclubes com a comunidade.

Será a segunda edição do projeto que, entre 2013 e 2014, formou 12 atletas no município. O projeto é realizado por meio da “Lei de Incentivo a Esportes”, via captação de recursos pelo Imposto de Renda, na esfera federal, e ICMS, na estadual.

“A Federação Brasileira de Voo a Vela, que concentra todas as atividades de formação de atletas no Brasil, encabeçou o projeto, apresentou à secretaria estadual, que o aprovou”, diz Cesar Augustus Mazzoni, presidente do Aeroclube de Tatuí e membro da federação.

“Num segundo momento, foi realizada a captação de recursos, e foi possível captar até mais que o esperado. No último mês de julho, o projeto foi endossado e, agora, está em fase final de aprovação. Aguardamos apenas a liberação e publicação para iniciarmos, em janeiro, os voos de avaliação”.

A exemplo do que vem sendo realizado desde o ano de 2010, o projeto Voa São Paulo prevê a formação de pilotos de planador e futuros pilotos competidores.

Por meio de duas edições do projeto “Santos Dumont” (realizadas entre 2010 e 2012), 30 atletas foram formados na cidade. A próxima edição do Voa São Paulo prevê a formação de 58 atletas no Estado, que receberão instruções nos aeroclubes de Tatuí, Bebedouro, Itápolis, Marília e Rio Claro.

A ideia é inscrever interessados (meninos ou meninas) com idades de 16 a 18 anos incompletos. Em Tatuí, deverão ser abertas 12 vagas. A única exigência é estudar em escola pública. As inscrições devem começar tão logo o projeto seja homologado via publicação no “Diário Oficial” do Estado.

“Faremos palestras nas escolas, e os alunos interessados poderão efetuar inscrição no projeto. Uma vez inscrito e selecionado pela Federação Brasileira, o candidato fará dois voos testes, com instrutores diferentes, que preencherão uma ficha de avaliação. A seleção final será feita pela federação com base nessas fichas”, informa Mazzoni.

“O candidato selecionado terá de passar por exame médico e realizar prova teórica de cinco matérias: navegação aérea, regulamentos, meteorologia, teoria de voo e conhecimentos técnicos”.

Também irá atuar diretamente no aeroclube. O aluno receberá instruções sobre o hangar, inspeção, limpeza, todos os detalhes de atuação junto a uma aeronave. “Há todo um processo”, diz o presidente.

Além da preocupação em formar atletas, o projeto permite novas possibilidades profissionais aos participantes. A partir da formação de piloto de planador, é possível habilitar-se como piloto de avião e, posteriormente, certificar-se como piloto comercial e atuar profissionalmente em companhia aérea.

“Temos experiência de pilotos que começaram em Tatuí com o planador, tiraram carteira de avião, depois, a carteira de piloto comercial, conseguiu emprego num táxi-aéreo e, hoje, é comandante da Lan Chile e pilota um Boing-767, um dos maiores aviões comerciais do mundo”, destaca Mazzoni.

O tempo estimado de duração de um curso de pilotagem é de oito meses, uma vez que, além das aulas teóricas, os pilotos precisam realizar voos de instrução, que dependem de condições climáticas.

O aeroclube de Tatuí conta com nove instrutores e quatro pilotos rebocadores. São utilizadas quatro aeronaves de dois lugares para instrução e seis aeronaves de um lugar para treinamento avançado. Os cursos são realizados de forma contínua.

Para Mazzoni, formar-se como piloto representa uma boa opção profissional. “A aviação como um todo está na contramão da crise. Ela continua crescendo, tanto que as principais companhias áreas estão contratando pilotos e empresas regionais estão surgindo”.

“Um bom piloto tem emprego garantido não só no Brasil, pois as empresas estrangeiras estão buscando pilotos aqui, pela capacidade técnica e capacidade de gerenciamento”, diz ele.

Dos alunos que efetuaram cursos de piloto de planador em Tatuí, cerca de 20 atuam em companhias áreas brasileiras e estrangeiras. Há, ainda, casos de pilotos executivos e, até, oficiais e militares da Força Aérea Brasileira.

Segundo Mazzoni, 95% dos pilotos comerciais iniciaram as carreiras em aeroclubes. E, em se tratando de oportunidades, o de Tatuí está em posição de destaque em termos de potencial de formação de profissionais.

“Tatuí está muito bem situada, não somente pela infraestrutura, que é muito boa, sem obstáculos na pista, mas também pela disponibilidade meteorológica para voo”.

“Aqui, a disponibilidade é de, aproximadamente, 95% durante o ano todo. O potencial para que o aeroclube se torne centro de treinamento de pilotos, eventual centro de manutenção de aeronaves pequenas e formação de escola é alto”, observa ele.

“É importante destacar que a estrutura do aeroclube é preservada há anos pela própria cidade. Temos uma ação proativa da Prefeitura no sentido de verificar se as construções não irão interferir no aeroporto. Tatuí tem uma pérola, que é o aeroporto. Trata-se do único público entre as cidades de Tatuí e Itararé”, ressaltou.

Ele acrescenta que a pista de pousos e decolagens de Tatuí costuma receber executivos que trabalham em multinacionais ou mantêm fazendas na região.

Visitas

O Aeroclube de Tatuí está aberto para visitas monitoradas. Em setembro, foram registradas visitas de 140 alunos da escola municipal “Maria Helena Machado”, localizada no bairro do Enxovia. Já no último dia 16, o local recebeu novo grupo de visitantes, desta vez da escola Positivo/Bem Me Quer.

Durante a visita, os grupos têm o primeiro contato com a aviação civil, podendo conhecer de perto os aviões e os planadores. “Eles ficaram maravilhados”, destacou o presidente. O aeroclube está localizado na via municipal Karlheinz Jahmann, s/n, no bairro dos Fragas. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 15 3251-4368, ou pelo e-mail secretaria@aeroclubedetatui.com.br.

O voo funciona a partir das correntes de ar. Com o aquecimento solar do solo ao longo do dia – que entre 13h e 14h chega à temperatura máxima -, as correntes de ar quente se desprendem do solo e os planadores utilizam essas correntes, assim como os pássaros, e conseguem subir de 2.000 a 3.000 metros de altura e percorrer distâncias de até 500 quilômetros.

A história do voo a vela no Brasil começou na década de 30, com uma expedição alemã. Os alemães foram os responsáveis pela instalação dos aeroclubes de planador no país. São 80 anos de voo a vela no Brasil e, no mundo, o esporte é praticado há mais de 110 anos.