Da reportagem
A prefeitura de Tatuí e a Litac (Liga Tatuiana de Assistência aos Cancerosos) firmaram, na manhã de segunda-feira, 15, um termo de colaboração para a implantação da Capec (Casa de Apoio aos Pacientes com Câncer) em Jaú (SP).
O espaço servirá para abrigar os pacientes tatuianos e os acompanhantes deles durante o período em que estiverem realizando tratamento contra câncer no HAC (Hospital “Amaral Carvalho”).
De acordo com o prefeito Miguel Lopes Cardoso Júnior, o termo de colaboração formaliza a casa de apoio, passando a gestão do imóvel à Litac.
“A Litac vai ser nossa parceira e nos ajudar identificando os possíveis pacientes, os acompanhantes e outros detalhes necessários”, informou o prefeito.
O termo foi assinado na sala de reuniões do paço municipal, com a presidente da entidade, Gilda Bertanha, na presença de voluntários representantes da diretoria, além de vereadores e secretários municipais.
Gilda está na Litac há mais de 40 anos e destaca ter percebido a necessidade da casa de apoio nos últimos três anos, devido ao aumento do número de pacientes em tratamento contra a doença.
Segundo ela, o número de pessoas atendidas em consultas e tratamentos no HAC pode chegar a 80 por mês, sem contar os que também são atendidos em Sorocaba, Itapeva, Botucatu e outros hospitais da região.
“Precisávamos muito de um espaço como este, e eu estou muito feliz por saber que vamos inaugurá-lo em breve. Ali, os pacientes poderão tomar um lanche, almoçar, ter uma cama para descansar, um chuveiro para tomar um banho e outros serviços necessários para garantir um pouco de conforto”, disse a presidente.
A casa de apoio servirá, diariamente, café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar às pessoas em tratamento, aos acompanhantes e aos motoristas responsáveis pelo transporte deles.
Para o atendimento no local, serão contratados alguns funcionários, como uma governanta, responsável pelo preparo da alimentação básica e uma nutricionista, que elaborará os cardápios destinados a cada paciente, de acordo com a dieta passada pelos médicos.
A prefeitura enviará os insumos duas vezes por semana, para que as refeições, e a Litac, conforme o acordo agora firmado, ficará responsável pela gestão da casa.
Gilda ressaltou a importância do espaço, principalmente para os pacientes em quimioterapia, devido à agressividade do tratamento, que pode causar náuseas, vômitos e outros transtornos, debilitando-os.
“Na casa, eles poderão se recuperar para retornarem a Tatuí com um pouco mais de conforto. Poderão se alimentar, tomarem um banho para voltarem, enfim, acredito que isso ajudará muito esses pacientes”, reforçou Gilda.
A presidente também destacou o empenho do prefeito e dos vereadores da cidade para a abertura da casa. “Todos eles se mostraram muito interessados em ajudar os pacientes e se empenharam para que o nosso sonho se tornasse realidade”, disse ela.
Por trazer mais conforto aos pacientes, a disponibilidade de uma casa de apoio ainda pode ajudá-los a manterem-se no tratamento. Conforme a presidente, o HAC é referência contra o câncer, mas está a 193 quilômetros de Tatuí.
“A distância fazia com que alguns pacientes, mais debilitados, desistissem de seguir com o tratamento”, conta a presidente. Para irem ao hospital e, posteriormente, retornarem ao município, eles têm de percorrer, no mínimo, 390 quilômetros.
O contrato de locação do imóvel para a casa de apoio está assinado desde julho, deste ano, e tem validade até 2024. A casa passou por reformas de estruturação e a previsão de entrega para a inauguração é para meados de setembro.
O imóvel é térreo e possui duas salas amplas, cozinha, lavanderia, três banheiros, quatro quartos, sendo uma suíte destinada ao público feminino e outra aos motoristas que transportam os tatuianos.
“Hoje é um dia muito importante para a gente em busca da dignidade para o nosso povo e, neste caso, para os pacientes que precisam deste serviço na cidade de Jaú”, disse o prefeito durante a cerimônia de assinatura do convênio.
A reivindicação de um espaço de apoio para os pacientes em tratamento no HAC começou no ano passado, quando vereadores solicitaram, junto à prefeitura, a disponibilidade de um imóvel com este fim, em fevereiro, na primeira sessão do ano, com o requerimento 1/21.
Conforme a justificativa, a casa de apoio permitiria aos tatuianos descansar após receberem a medicação e aguardar, nesse local, até que outros pacientes que viajam no mesmo veículo que eles terminassem o tratamento ou consulta.
Para os vereadores, a iniciativa deve evitar que os pacientes e os respectivos acompanhantes tenham de ficar aguardando no hospital, dentro de vans ou caminhando pela cidade, além de acolher as pessoas que necessitam pernoitar em Jaú para continuar o tratamento no dia seguinte.
Na atual legislatura, os vereadores solicitaram três vezes à prefeitura uma Capec aos tatuianos. Os pedidos foram assinados, pelo presidente da Câmara, Antonio Marcos de Abreu (PSDB), João Éder Alves Miguel (MDB), Paulo Sérgio de Almeida Martins (PRTB), Fábio Antônio Villa Nova (PP) e Márcio Antônio de Camargo (PSDB).
Em resposta ao primeiro requerimento, a Secretaria Municipal de Saúde informou que o assunto seria analisado sobre a possível viabilidade. Já nas respostas ao segundo e ao terceiro pedido, a pasta afirmou que a situação inexiste nas diretrizes estabelecidas pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
Já no final de 2021, a situação mudou. O Legislativo entrou em acordo com o Executivo e fez a devolução do duodécimo à prefeitura para a destinação da casa de apoio, com o intuito de custear o aluguel e as pessoas que trabalharão na casa.
Na ocasião, o presidente da Câmara ainda antecipou que, além de realizar a devolução da verba à prefeitura para a destinação da Cacep no final de 2021, repetiria a ação no final de 2022.
De acordo com Gilda, a prefeitura e a Litac estão definindo os últimos detalhes da gestão para poderem inaugurar a casa de apoio. Os órgãos também estão em busca de doações de móveis e outros itens faltantes na casa para o atendimento.
Geladeira, camas, fogão, sofás, micro-ondas, TV e máquina de lavar roupas, entre outros móveis e eletrodomésticos, já foram arrecadados com instituições, empresas e pessoas físicas, mas ainda há uma lista de itens faltando.
Gilda observou que “o trabalho agora é sensibilizar pessoas físicas e jurídicas para que possam contribuir”. Ainda faltam cinco cadeiras de fio para varanda, um suporte de micro-ondas, um suporte de televisão universal, dez travesseiros, varal sanfonado, “cadeira do papai” (pode ser usada, em bom estado), cadeiras de roda, mesa de jantar, assentos sanitários elevados, lençóis de solteiro, toalhas de banho e panos de prato.
Quem se interessar em doar deve entrar em contato com ela pelo (15) 99758-8943.