Júlia Abrame deve ser internada nesta quarta-feira

A pequena Júlia, que vai receber doação de medula do pai

Júlia Abrame de Oliveira, de seis anos, será internada nesta quarta-feira, 7, para iniciar o tratamento pré-operatório necessário ao transplante de medula óssea. A cirurgia deve ser realizada no Hospital Santa Marcelina, em São Paulo.

Diagnosticada com leucemia linfoide aguda, ela aguardava a chegada de um medicamento importado, chamado Tiotepa, para a realização de quimioterapia que vai prepará-la para a cirurgia.

De acordo com a mãe, Adriana Cristina Delaroli Abrame de Oliveira, a internação foi agendada na tarde de segunda-feira, 5, após a chegada da remessa completa do medicamento necessário.

Havia mais de dois meses a família aguardava a chegada do medicamento. A aquisição aconteceu via convênio, em dezembro do ano passado. Até o mês de janeiro, apenas uma parte da medicação tinha chegado.

A cirurgia está prevista para os próximos sete dias, tempo necessário para o tratamento pré-operatório. A mãe informou que o medicamento será administrado na radioterapia.

Júlia receberá a medula óssea do pai, Antônio Sérgio de Oliveira. Ela será submetida ao transplante de medula haploidêntico, feito com alguém “metade compatível”.

Conforme informado anteriormente, os médicos não localizaram, no banco de dados do sistema nacional, alguém totalmente coadunável com a menina. Por essa razão, sugeriram aos pais que autorizassem o procedimento com alguém da família que fosse 50% compatível.

De acordo com a mãe, Júlia está com imunidade baixa e necessita de transplante de medula porque o organismo dela já não responde mais aos medicamentos.

“Infelizmente, ainda não apareceu um doador, e já fazem mais de quatro anos lutando. A doença volta e a Júlia não pode esperar, pois existe o risco de novas recidivas”, comentou a mãe.

“A Júlia não suporta mais quimioterapias, podendo vir a prejudicá-la gravemente, já que sua medula está cansada de tanta droga”, acrescentou. Em razão disso, o corpo médico decidiu fazer o transplante com 50% da compatibilidade, do pai.

Júlia foi diagnosticada com leucemia quando tinha apenas dois anos. Desde então, começou a fazer o tratamento e os pais foram informados de que ela precisava do transplante de medula óssea para continuar com as sessões de quimioterapia e radioterapia.

“Segundo os médicos – apenas para os médicos, porque, para Deus, não existe o impossível -, essa é a única alternativa de cura pra ela”, desabafou a mãe.

Campanha de arrecadação

A campanha iniciada em novembro para a arrecadação de donativos para a reforma da casa de Júlia Abrame de Oliveira, que luta contra o câncer, ainda não conseguiu levantar o valor necessário para as obras.

O prazo inicialmente previsto para o encerramento da campanha esgotou-se na última sexta-feira de fevereiro, 23. Apenas 3,7% do valor necessário foram arrecadados. O montante representa pouco mais de R$ 2.000.

A ação foi feita por meio do site “Vakinha Virtual”. Uma amiga da família criou a mobilização na internet, no ano passado, com o objetivo de arrecadar R$ 60 mil, suficientes para reformar a casa onde Júlia vivia, com os pais e a irmã.

De acordo com Adriana Cristina, depois do transplante de medula óssea, é preciso tomar muitos cuidados, porque se trata de um procedimento muito complexo, e qualquer coisa pode oferecer risco.

Além disso, Adriana explicou a O Progresso, em dezembro do ano passado, que, conforme os médicos recomendaram, a menina não pode ficar exposta a poeira, mofo e bolor.

Como a casa onde viviam tem muitas infiltrações é necessário efetuar uma reforma para oferecer a Júlia um ambiente propício à recuperação.

Ainda conforme explicou, a menina tem crise alérgica e, se continuasse na casa, poderia ter complicações. Júlia toma antibióticos para controlar o processo e, na casa onde vivia com os pais, a família notou que os medicamentos não faziam o efeito desejado.

Como os pais estão investindo no tratamento, eles não têm condições financeiras de promover a reforma em tempo da realização da operação. Enquanto a família não consegue arrecadar os fundos para a obra, os quatro estão vivendo temporariamente em um imóvel emprestado por amigos da família.

“Preciso voltar para lá (a casa da família) com ela. Onde estou morando agora é provisório, é uma casa emprestada, cedida. Mas, depois que eu voltar do transplante com a Júlia, não sei se dá para continuar lá. Ela vai ter que ficar mais isolada. Então, talvez, eu não consiga ficar na casa que estamos”, concluiu.