Ivan Camargo abre Semana Paulo Setúbal com novo livro de humor

“Botão do Pânico” apresenta “histórias de amor com e sem dor”

Da reportagem

Editor de O Progresso de Tatuí desde 1995, Ivan Camargo tem lançamento do sexto livro de ficção nesta segunda-feira, 1º de agosto, no Museu Histórico “Paulo Setúbal”, a partir das 19h.

A publicação integra uma das ações do centenário do jornal – fundado em 30 de julho de 1922 – e abre a tradicional semana municipal dedicada à literatura e à memória de Setúbal, o “imortal” escritor tatuiano que ocupou a cadeira 31 da Academia Brasileira de Letras.

Equipamento cultural da Secretaria de Esporte, Cultura, Turismo e Lazer, da prefeitura de Tatuí, o Museu “PS” receberá o púbico em geral para a apresentação do livro, sem necessidade de convite.

Publicada a partir de recurso da Lei Aldir Blanc (edital de cultura 02/2021), a obra terá o valor da comercialização de todos os exemplares na noite de autógrafos revertido para o programa Patrulha da Paz, que presta auxílio às mulheres vítimas de violência doméstica em Tatuí.

“Botão do Pânico” é composto por uma coletânea de contos de humor, cujo principal, que dá nome à publicação, remete justamente ao aumento expressivo de casos de agressão contra as mulheres observado durante o período da pandemia de Covid-19.

Para coibir este tipo de crime, mesmo antes do surgimento da doença, a cidade já contava com o trabalho da Patrulha da Paz, serviço de proteção que partiu de iniciativa da chamada Justiça Restaurativa, do Poder Judiciário, implementado em conjunto com a Guarda Civil Municipal.

Nesse programa, o principal suporte garantido às vítimas tem sido o chamado “Botão do Pânico”, pelo qual as mulheres agredidas podem acionar com o celular, rapidamente, o socorro da GCM quando se encontram em situação de risco.

“Desta forma, além de concretizar-se em mais uma iniciativa no âmbito literário da terra de Paulo Setúbal, a publicação é parte de uma ação social de contribuição a esse serviço municipal de vital relevância”, observa o autor.

“Ainda, a publicação tem objetivo de servir como mais uma denúncia ‘impressa’ contra esse tipo de crime, um dos mais dramáticos da atualidade, tão negativamente impactado pela pandemia, que é a violência contra as mulheres”.

O jornalista diz acreditar que a Covid-19 será superada ao longo dos próximos anos, “mas suas ‘sequelas’, que não se resumem apenas às relacionadas à saúde, seguirão vitimando a população em vários outros aspectos, causando não apenas prejuízos materiais, mas profundos traumas emocionais”.

“Nesta realidade, a violência contra as mulheres, identificada por meio do volume crescente de boletins de ocorrência em 2020 e 2021 – que divulgamos pelo jornal O Progresso -, caracteriza-se como uma das mais graves e permanentes sequelas da pandemia, não devendo ser esquecida com o tempo”, defende Camargo.

“Assim, reportar esta realidade dramática para o futuro por meio de uma publicação – ainda que de ficção – não deixa de ser ‘saudável’, algo como uma espécie de ‘vacina’ contra o machismo e a violência, por ser a literatura também um instrumento de denúncia e registro histórico”, reforça o jornalista.

“Particularmente, este assunto me sensibiliza demais e, em razão disto, ter oportunidade de escrever a respeito é mais que um privilégio: é uma obrigação!”, acrescenta.

O principal texto da publicação, portanto, parte de relatos verdadeiros de abuso para apresentar uma situação de agressão doméstica de maneira ficcional, porém, “buscando retratar de forma fidedigna essa realidade tão dramática, estimulada pelo isolamento social”, reforça Ivan Camargo.

Na sequência, o relacionamento entre casais – o amor em particular, ou a falta dele – perpassa todas as demais narrativas, sustentando um aspecto em comum em toda a série de histórias da publicação.

Ainda, Camargo destaca o fato de ser convidado para abrir a Semana Paulo Setúbal com o novo livro, o evento cultural mais tradicional da Cidade Ternura e que teve a origem justamente nas páginas do jornal O Progresso de Tatuí, entre as quais nasceu a ideia de criação do evento e se cobrou por ele até a concretização, em 1943.

“Sem dúvida, é o maior prazer e privilégio que a área de cultura de Tatuí já me dedicou até hoje, pelo que agradeço demais, em especial ao gestor do Museu ‘Paulo Setúbal’, Rogério Vianna, que tem alcançado seguidas conquistas também em favor da valorização da literatura tatuiana”, declara Camargo.

O autor

Ivan Camargo é jornalista, pós-graduado em comunicação social. Entre 1992 e 1994, editou o “Stopim”, um tabloide de humor inspirado no lendário carioca “O Pasquim”. Em 1995, assumiu a direção de O Progresso de Tatuí.

Em 2008, lançou o primeiro livro, o romance “Onde Moram os Tatus”, que recebeu duas premiações nacionais pela União Brasileira de Escritores (UBE) e uma estadual, entre estas, a seleção pelo Proac.

Nesse mesmo ano, somou duas distinções no II Prêmio de Literatura UBE/Scortecci. Além da menção honrosa a “Onde Moram os Tatus”, foi o vencedor desse concurso com a peça teatral “O Cativeiro”. Em 2009, também pelo Proac, lançou o segundo romance, “Assombrações Caipiras”.

Pela UBE do RJ, em 2011, conquistou a primeira colocação na categoria teatro do Concurso Internacional de Literatura, com a peça “Até que a Morte nos Enlace”. Em 2013, pelo mesmo certame, alcançou a terceira colocação, com a peça “Santa Casa da Luz Vermelha”.

Em 2017, teve a publicação do primeiro livro de contos, “Golpe Baixo”, uma coletânea de textos de humor “quase apolíticos e nada corretos”, que então satirizava os extremismos já em êxtase no país.

Entre roteiros e textos dramatúrgicos encenados e “na gaveta”, ainda escreveu diversos curtas-metragens, um longa para cinema como estudo de conclusão da pós-graduação (adaptação do romance “Clara dos Anjos”, de Lima Barreto) e adaptações para teatro, entre as quais, “Priscila, A Rainha da Caatinga” e “Vovó Delícia”, de Ziraldo.


Sinopse do livro

Ainda durante a pandemia de Covid-19, como fazer humor diante de tantas tragédias? Ou, melhor: por que fazer humor frente à dor? A resposta: porque humor é coisa séria!

Muito mais que reforçar o velho ditado de que “é melhor rir do que chorar”, o humor provoca e instiga o questionamento; como nas caricaturas, identifica e expõe com ênfase os traços tortos da vida pública e de suas figuras mais bizarras, expondo-lhes ao ridículo e, assim, ao riso.

Não por acaso, o “poder” nunca acha graça no humor, porque sempre deixa de ser levado tão a sério quando desnudado pela comédia. Justamente por isto, apelando a um outro clássico ditado (diferentemente da cloroquina contra o Sars-CoV-2), rir ainda é o melhor remédio!

“Botão do Pânico”, seguindo essa receita com efeitos colaterais adversos somente para quem se encontra contaminado pelo vírus extremista do mau humor, apresenta uma série de “histórias de amor com e sem dor”, divididas entre “pré” e “pós-pandemia”.

Em destaque, o conto a denominar a coletânea, inspirado em casos reais, observados a partir do aumento da violência contra as mulheres no período de confinamento imposto pela pandemia.

Além, há histórias de sequestro, estelionato, decepções, superações e até uma adaptação de “Romeu e Julieta” aos tempos do atual extremismo. Tudo em meio a muito ódio – e amor!