Itens escolares sofreram reajuste de 5% em relação ao ano passado





Paula Bragalda

Consumidores durante pesquisa e compra de materiais escolares nas papelarias da região central

 

Contas a pagar. Assim o mês de janeiro é esperado pelos brasileiros, que terão que desembolsar mais dinheiro para liquidar pendências do ano velho, como: luz, telefone, IPVA (Imposto sobre a Propriedade dos Veículos), além da compra do material escolar dos filhos.

Apesar dos gastos que acabam assombrando os pais nesta época do ano, os comerciantes de papelarias garantem que o reajuste do material escolar foi de 5%, ocasionado pela inflação nos produtos de uma maneira geral.

“O aumento de 5% no material tem acompanhado a inflação. No geral, há uma diferença na margem dos preços, entre produtos comuns e os licenciados, ou seja, de marca própria”, assegura o proprietário de uma livraria, José Antonio Lanaro.

Alguns pais garantem que pesquisar os preços e conhecer mais de um orçamento na hora da compra dos materiais escolares é fundamental, para se garantir a economia.

Exemplo do pai e engenheiro Alexandre Jardim, que tem quatro filhos, sendo que apenas dois ainda estão em idade escolar, no 3o e 7o ano. “Eu realizei pesquisas em internet e nas próprias livrarias, e já consegui 10% de desconto nas compras escolares com pagamento à vista”, ressaltou.

Para Jardim, que quis evitar o corre-corre de última hora, não foi possível reaproveitar os materiais escolares dos filhos, exceto os livros didáticos, devido à mudança de escola deles.

Já a fisioterapeuta Penha Vassoler Cavinato, mãe de um garoto de sete anos, que está no 2º ano escolar, optou por não realizar pesquisas este ano, por ter uma livraria de preferência e “confiança”.

Ela ainda procura por um atendimento de qualidade e que seja satisfatório. “Venho nesta livraria porque conheço o atendimento, gosto, e já conhecem o que procuro”.

Quanto à questão do reaproveitamento dos materiais escolares, Penha elogia a escola do filho, por não desperdiçar e utilizar tudo o que pede na lista fornecida aos pais. Ainda diz que apenas reaproveitou um caderno e uma tesourinha do ano letivo de 2013.

Conforme o proprietário da livraria, a indústria nacional apenas acompanha a inflação, e a divulgação de produtos licenciados pela mídia, como bolsas e mochilas da Barbie (boneca infantil), “adorada” pelas meninas e assistidas em desenhos animados, fazem com que os preços sejam exorbitantes e que variem de R$ 100 a R$ 200.

Porém, Lanaro acrescenta: “Há material escolar mais em conta e de tanta qualidade e preço acessível quanto às de cartuns e tantas outras marcas próprias”.

Ao compartilhar da opinião de Lanaro, o representante comercial de materiais escolares e de escritório David Pedro Felício constata que os preços não tiveram reajustes significativos.

“A majoração nos valores dos produtos escolares está próxima à inflação, de 4%, 5%. A correção foi simbólica, na linha de commodities, ou seja, material escolar básico”.

Para ele, a margem do mercado funciona igualmente aos produtos básicos de sobrevivência, como exemplo, no aumento do arroz e do feijão.

“Cada indústria tem a sua licença, e nelas, embutidas os ‘hoyalties’, o que encarece os produtos e eleva os impostos na pré-fabricação destes produtos”, ressalta.

Felício, que é da cidade de Bauru e revende cadernos com marcas próprias (licenciados) e comuns, afirma que os preços estão quase iguais ao ano anterior, e é taxativo ao dizer que o problema são os altos encargos cobrados sobre o material escolar, mais especificamente o caderno.

“O imposto tributário de substituição, assim, conhecido entre os comerciantes e que é estabelecido pelo governo do Estado de São Paulo, onera os preços dos materiais.”

“Dinheiro retido na fonte”, este é o termo utilizado pelo representante comercial para explicar o que acontece com o reajuste sofrido na venda dos materiais escolares, antes mesmo de o produto chegar à revenda.

“A indústria produz o caderno e, antes dos mesmos serem repassados ao mercado e chegarem ao consumidor final, no ponto de venda, o governo recolhe os seus encargos e faz com que o produto já chegue com aumento ao mercado, daí o aumento, para se obter uma pequena margem de lucro”.

Apesar da via de mão dupla, que se estabelece entre a oferta versus procura, Lanaro considera que as vendas de materiais escolares, em Tatuí, ainda não estão aquecidas para o início do ano letivo mesmo com a antecipação do calendário escolar.

Contudo, acredita que a fase pode melhorar nas próximas semanas, pois as “pessoas deixam as compras para a última hora, nas vésperas do retorno às aulas”.

Para o comerciante, o destaque nas vendas depende de diferenciais em relação ao concorrente, como: oferecer materiais do mais simples ao mais elaborado, que sejam de qualidade, e em cativar os consumidores com melhores preços, descontos e ofertas.

Para os pais que ainda não compraram o material escolar dos filhos, as livrarias dispõem de uma variedade vasta de produtos da linha comum a licenciados, os quais variam os preços.

Entre os kits que lideram as vendas, estão o caderno de dez matérias com espiral, ou sem e/ou decorados ou não, lápis, canetas e borracha, todos “populares”.

Lei do material escolar

De acordo com o site www.todospelaeducacao.org.br, a lei federal 12.886/13 proíbe a inclusão, na lista de materiais escolares, itens de uso coletivo, como papel higiênico, detergente, álcool, copos e talheres descartáveis, grandes quantidade de papel, tinta para impressoras, grampeador, grampos e pastas classificadoras.

Os custos de material de uso coletivo devem ser considerados no cálculo do valor de anuidades.

Dois meses após a entrada em vigor da lei que proíbe as escolas de incluírem nas listas produtos de uso coletivo, “já é possível perceber a redução de exageros”, dizem os consumidores.