Da redação
A Vigilância Epidemiológica, da Secretaria Municipal de Saúde, informou que, até a tarde de sexta-feira, 13, não havia sido notificado nenhum caso de suspeita de coronavírus (covid-19) em Tatuí, contudo, Itapetininga, a cerca de 40 quilômetros, registrou nesta semana o primeiro caso de suspeita da doença.
A informação foi confirmada pela prefeitura da cidade vizinha na tarde de quinta-feira, 12. De acordo com a secretaria de saúde de Itapetininga, a paciente com suspeita é uma mulher de 34 anos, que estava na Europa e chegou à cidade na sexta-feira da semana passada, 6, com os sintomas da doença.
A mulher fez exames que foram encaminhados para o Instituto “Adolfo Lutz”, em São Paulo, e aguarda o resultado. Conforme a prefeitura, a paciente está sendo monitorada dentro da casa dela.
A prefeita Simone Marquetto fez uma transmissão ao vivo nas redes sociais oficiais de Itapetininga, na tarde de quinta-feira, e apontou que “não há motivo para pânico”. Contudo, na manhã de sexta-feira, 13, suspendeu a realização da feira agropecuária Expoagro, marcada para o mês de abril, e outros eventos que seriam realizados na cidade.
Segundo o Executivo, as medidas são preventivas. Com a chegada de casos confirmados de coronavírus no Brasil, todo o país ficou em alerta e diversos municípios estão preparando equipes de saúde para o acolhimento dos possíveis casos que podem surgir.
A Vigilância Epidemiológica de Tatuí promoveu, na quarta-feira, 4, treinamento para assistência em casos suspeitos da doença. Cerca de 50 profissionais de saúde participaram da capacitação.
Na ocasião, o médico infectologista da Santa Casa de Misericórdia, Marcus Vinícius Landim Stori Milani, orientou os profissionais da rede sobre as instruções contidas no plano de contingência do estado, alinhado com o Ministério da Saúde.
Os participantes receberam instruções sobre como identificar casos suspeitos que cheguem às unidades de saúde, bem como sobre os protocolos de acolhimento, isolamento e coleta de material para análise em laboratório.
Também foram abordados estatísticas mundiais, definição de casos suspeitos, orientações para o preenchimento da ficha de notificação, procedimento de coleta para exames laboratoriais e fluxograma de atendimento.
A O Progresso, a coordenadora da VE, enfermeira Rosana Oliveira, informou que a intenção do encontro foi preparar os profissionais que trabalham em unidades consideradas portas de entrada de notificações, como o Pronto-Socorro e as unidades básicas de saúde.
Rosana salientou que a palestra fora “de grande importância” para integrar toda a rede, padronizar o atendimento das unidades de saúde e dar mais rapidez ao processo de comunicação dos casos.
“Lá, definimos um protocolo, e o profissional de saúde deve comunicar a VE imediatamente em caso de suspeita. Por enquanto, estamos focando nos profissionais de saúde para que, caso recebam um paciente com suspeita, saibam o que fazer”, apontou.
A coordenadora sustentou que todos os passos informados na capacitação estão embasados nos protocolos de atendimento estabelecidos pelo Ministério da Saúde, que atualiza diariamente os órgãos municipais sobre as ações de prevenção da doença.
Também reforçou que a conscientização da população é importante para que o vírus não chegue a Tatuí, acentuando que o único meio de prevenção da doença é evitar o contato com o vírus.
O estado de São Paulo criou um centro de contingência para monitorar e coordenar ações contra a propagação do novo coronavírus e, também na semana passada, divulgou algumas ações de prevenção.
Conforme material do governo do estado, a doença provocada pelo novo coronavírus é denominada oficialmente “covid-19”, sigla em inglês para “coronavirus disease 2019” (doença por coronavírus 2019).
O vírus causa doença respiratória pelo agente coronavírus. Alguns casos podem ser mais graves, por exemplo, em pessoas que já possuem outras doenças. Nessas situações, podem ocorrer síndrome respiratória aguda grave e complicações. Em casos extremos, pode levar a óbito.
Além disso, outros sintomas, como cansaço, dores, corrimento e congestão nasal, dor de garganta e diarreia, podem ocorrer.
As orientações incluem: lavar as mãos frequentemente com água e sabão e usar antisséptico de mãos à base de álcool gel 70%, principalmente, após tossir ou espirrar, depois de cuidar de pessoas doentes, após ir ao banheiro, antes e depois de comer.
Para se prevenir, o MS indica evitar contato próximo a pessoas com febre e tosse, procurar um serviço médico se apresentar sintomas como febre, tosse e dificuldade de respirar.
Outros cuidados devem ser tomados ao tossir e espirrar, como cobrir a boca e o nariz, usar os braços ou lenço descartável e evitar usar as mãos. Caso a pessoa esqueça, é necessário lavar bem as mãos com água e sabão. Se usar um lenço, é preciso jogá-lo fora imediatamente e usar, preferencialmente, lenços descartáveis.
No momento, não há recomendação para uso de máscaras para a população. Mas, todos devem sempre fazer a higienização das mãos e evitar contato com mucosas de nariz, boca e olhos.
“São cuidados simples, importantes e que devem ser frequentes para prevenir doenças contagiosas, não só o coronavírus como outras doenças, como, por exemplo, a gripe”, comentou Rosana.
A Secretaria Estadual de Saúde alerta que quem esteve em países com casos confirmados da doença e apresentar sintomas suspeitos deve evitar o contato com outras pessoas, procurar um serviço médico imediatamente e seguir os cuidados recomendados.
A notificação deve ser feita pelo serviço de saúde que atender o paciente, em até 24 horas. A comunicação é feita pelas prefeituras ao Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde. Para casos graves, a rede estadual de saúde preparou hospitais de referência na capital, interior e litoral.
O Brasil registrou ao menos 151 casos confirmados de covid-19. O número foi atualizado nesta sexta-feira, 13, a partir de balanços divulgados pelas secretarias estaduais de saúde e pelo Hospital “Albert Einstein”.
Esse hospital, em São Paulo, é um centro de saúde privado que realiza testes de infecção por coronavírus, validados pelo Ministério da Saúde. Na quinta, o hospital informou que, até as 19h30, havia confirmado 98 infecções desde o primeiro caso no país.
O levantamento mais recente do Ministério da Saúde, divulgado às 16h20 da quinta-feira, 12, apontou que o Brasil tinha, até aquele momento, 77 casos confirmados de novo coronavírus. Após o balanço, Minas Gerais confirmou mais um caso, o segundo no estado.
O governador João Doria, o secretário de estado da Saúde, José Henrique Germann Ferreira, e o coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus, David Uip, anunciaram também na quinta-feira, sete macromedidas para enfrentamento completo e eficaz ao novo coronavírus.
O plano visa garantir estrutura e assistência eficaz nos hospitais públicos sob a responsabilidade do estado e aumento da prevenção à doença.
“É uma nova fase de combate ao vírus com decisões deste grupo de trabalho que mantém uma atividade diária de atenção e dedicação. Qualquer alteração necessária dos procedimentos para o enfrentamento à doença será objeto de deliberação deste grupo”, afirmou Doria.
A lista inclui criação de novos leitos SUS; compra de kits diagnósticos; aquisição de respiradores; reforço nos estoques de insumos hospitalares; esquema especial de gestão de leitos; treinamento de serviços de saúde para ativação de protocolo único de atendimento; e recomendações específicas para prevenção e atendimento aos idosos.
A primeira medida prevê a abertura de 441 novos leitos hospitalares estaduais para o atendimento a casos do covid-19, além de 600 sob a responsabilidade da prefeitura de São Paulo.
Coforme o governo, haverá 208 novos leitos de UTI e 233 de clínica médica com capacidade de assistência intensiva em unidades como Instituto de Infectologia Emílio Ribas, Hospital das Clínicas e Incor, Conjunto Hospitalar do Mandaqui, Hospital Geral de Vila Penteado e Regional Sul, na capital; Padre Bento, em Guarulhos; Hospital Regional de Piracicaba, no interior, e Guilherme Álvaro, em Caraguatatuba, no litoral.
São Paulo também irá solicitar ao Ministério da Saúde a habilitação de 93 leitos de UTI que já estão em funcionamento por meio de custeio integral apenas com recursos do estado e municípios.
O governo de São Paulo também determinou a compra de kits com capacidade para até 20 mil testes do covid-19; aquisição de 200 aparelhos respiradores; e compra de insumos para profissionais de saúde dos hospitais estaduais, incluindo: 5 milhões de máscaras descartáveis, 15 milhões de luvas, 48 mil litros de higienizadores em gel e mil aventais, além de máscaras cirúrgicas e óculos descartáveis.
Outra medida é a elaboração de um esquema especial de gestão de leitos hospitalares na rede pública e, se necessário, na rede privada, podendo determinar a eventual suspensão de cirurgias eletivas (não urgentes) para priorizar a internação de pacientes com quadros respiratórios agudos e graves.
Também haverá treinamento para ativação de um protocolo único de atendimento em cem hospitais estaduais para casos suspeitos ou confirmados da doença. Pessoas com mais de 60 anos de idade terão atenção especial porque estão mais vulneráveis a sintomas graves do covid-19.
“Como ainda não há vacina contra o novo coronavírus, precisamos fortalecer a rede para garantir atendimento adequado aos casos mais graves nos períodos de picos de transmissão, evitando mortes”, alertou David Uip.