Imunoterapia específica com alérgenos – parte 2

Dr. Jorge Sidnei Rodrigues da Costa – Cremesp 34708 *

Quais os benefícios da Imunoterapia?
A modificação da resposta imune do paciente alérgico é o ponto primordial e imprescindível da imunoterapia. Muitos estudos demonstram a eficácia dela com alérgenos na rinite, na asma e nos quadros de alergia a veneno de insetos.

As vacinas para alergia provocam diminuição dos sintomas de rinite e asma, com melhora importante na qualidade de vida da pessoa alérgica. Em pacientes com rinite, existem estudos demonstrando que a imunoterapia pode prevenir o surgimento de sensibilização para outros alérgenos e também impedir a evolução de rinite para asma.

Este fazemos em nosso consultório há cerca de 25 anos. O emprego de imunoterapia com veneno de insetos é muito eficaz em bloquear a reatividade do alérgico, provocando o desaparecimento da sensibilização alérgica. Este é feito no ambulatório da FMUsp, em S. Paulo – no ambulatório de alergologia.

Por que fazer Imunoterapia?
A sensibilização (formação de anticorpos IgE) para alérgenos do ambiente é fenômeno duradouro. É difícil controlar totalmente a exposição a alérgenos ambientais. Desta forma, a continuação do contato determina a perpetuação da reação imune nos tecidos (mucosa nasal, conjuntivas, brônquios).

A Organização Mundial da Saúde (OMS), em relatório elaborado por especialistas internacionais, aprovou e endossou o emprego das vacinas com alérgenos:

  • Em pacientes que apresentam reações graves (anafiláticas) a insetos (abelhas, vespas, marimbondos e formigas) e;

2 – Nos indivíduos sensíveis a alérgenos ambientais causados principalmente por pó caseiro (que contém ácaros e restos de baratas e fungos), melhorando sensivelmente as manifestações clínicas, como rinite, asma, conjuntivite.

Ainda temos, em nossa clínica, vacinas de imunoterapia para pacientes que têm infecções repetidas por herpes simples, candidíase (duração – 18 semanas), e ainda Imunoterapia bacteriana, feita por VO, aplicando-se na boca da criança duas gotas ao dia – iniciando com o frasco um, passando para o dois e, depois, terminando com o terceiro e último frasco.

Este tratamento dura seis meses, para infecções repetidas de vias aéreas superiores e inferiores, como pneumonias, faringites, laringites, sinusites et. Na sua composição, consta uma suspensão de oito bactérias + diluente oral para antígenos bacterianos (água estéril, polissorbato 20 e fenol).

Qual a melhor forma de aplicação?
O método mais utilizado de aplicação de imunoterapia é através de injeções subcutâneas, porém, estudos recentes com vacinas orais têm demonstrado efeito similar às preparações injetáveis e não causam o desconforto das aplicações injetáveis (mais indicados para crianças menores).

É necessário alertar que as vacinas com alérgenos não são disponíveis em farmácias. A pessoa alérgica somente tem acesso a esta forma de tratamento através de indicação e “orientação médica detalhada” (até porque são vacinas controladas por temperatura entre 2 e 8ºc e devem ser prescritas por médicos).

A duração da imunoterapia após a obtenção do máximo efeito clínico ainda não foi estabelecida. Para muitos, deveria ser de três a cinco anos. Outros advogam tempo maior de aplicação. A decisão sobre a duração do tratamento deve ser tomada em bases individuais. Em média, fazemos quatro anos de tratamento.

Quem deve orientar a Imunoterapia?
Para fazer a orientação adequada de imunoterapia, o médico deve estar familiarizado com alérgenos relevantes na região e com métodos apropriados de diagnóstico. A escolha do(s) alérgeno(s) para imunoterapia deve ser baseada na identificação da presença de anticorpos IgE específicos para alérgenos ambientais de importância na região.

As alergias respiratórias no Brasil estão associadas à sensibilização aos ácaros da poeira doméstica, principalmente. Para orientar a aplicação de imunoterapia, o médico deve ter capacitação específica.

A imunoterapia com alérgenos é acompanhada de algum risco, porém, até hoje, depois de 25 anos administrando vacinas de alergia, nunca tivemos nenhuma reação colateral de importância.

Raramente, alguns pacientes apresentam um certo agravamento transitório da manifestação clínica após iniciar a aplicação do extrato alergênico. Nestas condições, é necessário ajustar a dose empregada de alérgeno.

Produtores de vacinas:

As usadas em nossa clínica Sou Doutor Cevac – Dr. Jorge Sidnei são dois produtores que fazem a formulação magistral – a Asacpharma (vacinas por via oral de antígenos bacterianos), com sede em São Paulo, e a Immunotech (vacinas injetáveis manipuladas na farmácia de manipulação Eireli), com sede no Rio de Janeiro, sendo estas últimas usadas há quase duas décadas.

Fontes: arquivos do autor; http://rbac.org.br

* Médico especialista em pediatria pela AMB (Associação Médica Brasileira) e SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) e membro da Asbai (Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia) – diretor clínico da primeira clínica de vacinação de Tatuí: “Sou Doutor Cevac” (antiga Alergoclin Cevac).