A GCM (Guarda Civil Municipal) intensificou, desde o início do mês, as fiscalizações para inibir o uso de cerol. A incidência de apreensões do material diminuiu neste ano em relação às férias de julho do ano passado.
De acordo com a corporação, foram apreendidos, nestas férias, 19,5 mil metros de linha com cerol, em 18 carretéis grandes e 130 pequenos, e 200 pipas.
De acordo com o inspetor Fábio Luciano Leme, a fiscalização é reforçada com guarnições que fazem a ronda escolar. No período de férias, os veículos são remanejados para a fiscalização nos bairros, com o objetivo de inibir o uso de materiais proibidos.
“Não sei o que tem ocorrido, mas, nas fiscalizações que fizemos, tivemos menos apreensões do que em outras épocas. Não sei se foi devido à maior conscientização ou outras causas”, declarou.
A utilização de cerol e de linha chilena é proibida desde 1997 no município e, a partir de 2006, no Estado. Ambos os materiais são altamente cortantes, entretanto, a linha chilena é cerca de quatro vezes mais perigosa que a análoga caseira.
O cerol é preparado com pó de vidro e cola. A mistura é passada na linha da pipa. Já a linha chilena é industrializada e usa pó de quartzo e óxido de alumínio na composição.
De acordo com o inspetor, as apreensões são mais comuns nos bairros periféricos. A maior incidência de flagrantes envolve crianças e adolescentes, embora haja casos de adultos pegos usando o material proibido.
“Fazemos o policiamento preventivo com vistas à conscientização dos adolescentes e adultos que são flagrados. Nós apreendemos o material e encaminhamos para incineração”, explicou.
Embora o trabalho tenha caráter educativo, o inspetor afirmou que, na reincidência, o infrator é notificado – no caso de crianças, os pais – e o setor de fiscalização emite uma multa. O valor da penalidade é de R$ 235,50, que pode dobrar em caso de recidiva.
A população é uma das principais aliadas na prevenção de acidentes com cerol e linhas cortantes, disse o inspetor. A maior parte das apreensões acontece após ligações de moradores que denunciam.
“Nós recebemos a denúncia e vamos averiguar. A população dá uma ajuda importante para a gente, ao nos passar os casos”, contou.
Entre os denunciados pela população, estão os de comerciantes que vendem a linha chilena em bares e mercearias nos bairros. Neste caso, a GCM leva o responsável pelo estabelecimento infrator até o plantão policial, onde é autuado e multado.
Neste ano, a GCM não registrou casos de acidentes com linhas cortantes, entretanto, de acordo com o inspetor Leme, há subnotificação de lesões corporais envolvendo cerol.
“Sabemos que houve casos de pessoas que se cortaram com cerol, por meio de guardas que trabalham no Pronto-Socorro. Muitas vezes, a vítima não registra o caso no plantão policial”.
De acordo com a coordenadora do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), enfermeira Roberta Lodi Molonha Machado, os acidentes com cerol envolvem, na maioria dos casos, motociclistas, que podem até morrer caso a linha cortante lesione importantes artérias, como por exemplo, na região do pescoço.
A linha cortante pode, ainda, ocasionar lesões na traqueia e nas cordas vocais, e, em último caso, decapitar a vítima. “Há dois anos, ocorreu um caso aqui na cidade. A linha entrou no capacete e causou lesões na boca da vítima. Felizmente, ela não morreu”, afirmou.
O tempo de resposta do atendimento médico conta bastante na sobrevida da vítima. Em casos de lesão na artéria jugular, o paciente pode perder todo o sangue do corpo caso não seja atendido rapidamente.
Para conscientizar os adolescentes sobre os riscos do cerol, a equipe do Samu faz, a cada dois meses, palestras nas escolas. O projeto prevê, ainda, a prevenção de acidentes domésticos e os riscos com o vício de álcool e drogas.
“Visitamos as escolas e trabalhamos a prevenção. Mostramos as imagens para os alunos, mas, ainda assim, a gente percebe que eles acham que nunca vai acontecer com eles”, lamentou.