‘Força de vontade’ e patrocínio direcionam casal para atletismo





Arquivo pessoal

Leila e o marido, Renato, competiram em Boituva; atletas representam município em eventos na região

 

Renato Fernandes de Medeiros trabalha no almoxarifado de uma empresa multinacional. É casado e tem como meta obter índice para as “Paralimpíadas” – versão dos jogos olímpicos voltada a atletas com deficiência.

O tatuiano começou no esporte após receber um convite, mas permaneceu nele por conta de incentivo dentro de casa. Com patrocínios, conquistou medalhas e troféus e já leva a esposa, Leila Prestes Fonseca, para o mesmo caminho.

Ele e ela representam Tatuí em competições fora do município. Medeiros faz parte da equipe da Apodet (Associação dos Portadores de Deficiência de Tatuí) e é treinado pelo professor e técnico Eronides dos Santos, o popular Nide.

Atualmente, recebe patrocínio da planta local da Guardian do Brasil Ltda., multinacional norte-americana do setor vidreiro. Ele também é apoiado pela Utiloc Materiais Médicos e Hospitalares. Por meio delas, tem uniforme, suplemento e ajuda de custo para participações em eventos em outras cidades.

O atleta começou no esporte há um ano e meio, após receber convite da associação. Por conta do peso – ele tinha, na época, 87 quilos –, recusou a oferta. “Eu pensei, eu não vou correr. Eu vou rolar. Não aceitei”, relembrou Medeiros.

Ao conversar com a esposa sobre o convite, o então futuro atleta recebeu a primeira “injeção de ânimo”. “Ela me disse que a oportunidade bate à nossa porta e a gente pode não vê-la. E me perguntou por que eu não poderia tentar”, disse.

Direcionado por Nide, o atleta ganhou condicionamento físico e passou a disputar provas na categoria PCD (pessoa com deficiência). Competiu em circuitos em Itu, São Paulo, nos Jogos Regionais e nos Abertos. Também se sagrou vice-campeão no Circuito de Itu de 2013 e terminou a 89ª Corrida Internacional de São Silvestre, em São Paulo, em quarto na categoria 30 a 34 anos.

O amor ao esporte – que hoje exige dedicação diária – aumentou com as primeiras conquistas. “Quando eu ganhei meu primeiro troféu, nos cinco quilômetros de Cerquilho, aí eu fui ver do que eu era capaz”, descreveu o esportista.

Para manter o ritmo e reduzir o tempo de percurso, Medeiros faz treinos diários. Ele descansa somente no domingo. De segunda a sábado, a rotina começa depois do expediente. De casa, ele vai ao trabalho, a uma academia e encerra a bateria na pista municipal de atletismo, no Complexo Desportivo “Magalhães Padilha”. Ela fica na rua Professor Oracy Gomes, na vila Primavera.

Atleta de velocidade, Medeiros compete em provas de 400, 800 e 1500 metros. Desde que começou a “correr como gente grande”, ele conseguiu baixar as marcas em alguns segundos. A média atual dos 400 metros é de 1min19seg. No início da carreira, ele completava o mesmo percurso em 1min50seg.

“É muito custoso baixar a marca. Cada segundo é um sentimento de dever cumprido”, contou. Além do tempo, o atleta baixou o peso e elevou a autoestima. “A única coisa que sinto em ter emagrecido é que aparento menos idade”, brincou.

Medeiros tem 35 anos e compete com atletas da mesma faixa etária em diferentes provas. Para se despontar, ele participa de corridas que apresentam “circuito normal”, com atletas não deficientes. “Aí, eu fico em 10º, 12º lugar, mas, nesse caso, participo somente para pegar ritmo de prova”, explicou.

No domingo da semana passada, 26 de janeiro, ele acompanhou a esposa em competição em Boituva. Leila completou a terceira prova dela na oitava colocação. “Ela está começando, mas somos uma família de atletas”, disse Medeiros.

Além dele, a equipe paralímpica que representa Tatuí nas competições é composta por mais quatro atletas que competem em PCD. Eles recebem apoio da Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Juventude e estão se preparando para a temporada 2014, que inclui o Circuito Caixa, em abril, os Jogos Regionais e os Abertos do Interior, além de provas em Itu, em Salto e realizadas pelo Sesi (Serviço Social da Indústria).