Fatalidades no trânsito têm queda de 21%

Redução é resultado de ações educativas, fiscalização e engenharia de tráfego, diz DMU

DMU atua com fiscalização e auxílio a pedestres no trânsito (foto: AI Prefeitura)
Da reportagem

Entre janeiro e dezembro de 2021, o número de fatalidades no trânsito tatuiano apresentou redução em comparação ao mesmo período de 2020. Os dados foram divulgados na quarta-feira, 19, pelo Infosiga (Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito no Estado de São Paulo).

De acordo com as estatísticas do programa “Respeito à Vida”, as mortes no trânsito caíram 21,05% nos 12 meses, em comparação ao mesmo período de 2020, passando de 19 para 15 óbitos, enquanto os acidentes fatais baixaram de 18 para 15 (menos 16,66%).

O número é o menor desde 2015 (início da série histórica do órgão), quando o município também havia registrado 16 mortes em 12 meses. Em 2019, 22 pessoas perderam a vida em acidentes de trânsito; em 2017 (o pior da série histórica), 29 óbitos foram registrados; e em 2016, ocorreram 19 mortes.

Os óbitos contabilizam vítimas que se envolveram em ocorrências tanto no perímetro urbano (dentro do município) como nas rodovias, que estão fora da zona urbana, mas no limite territorial.

O Infosiga SP mostra que as mortes em rodovias baixaram. No ano passado, o índice de fatalidades nas estradas representou 60% do total de óbitos, contra 33,33% dentro do perímetro urbano e 6,67% em locais não especificados. Em 2020, as rodovias envolveram 78,95% das mortes e as vias municipais, 21,05%.

Segundo o Infosiga, nos dois anos, morreram mais homens que mulheres. Em 2021, entre janeiro e dezembro, 14 homens perderam a vida no trânsito, representando 93,33% do total de vítimas. As mulheres representam 6,67%, com uma vítima fatal.

Já nos 12 meses de 2020, das 20 pessoas falecidas em decorrência de acidentes envolvendo veículos leves, motocicletas, ônibus, caminhões e atropelamentos, duas eram mulheres (10,53%) e outras 17, homens (89,47%).

Quanto à idade das vítimas, nos dois anos, entre janeiro e dezembro, os indicadores do Infosiga apontam predominância entre os mais jovens. Em 2021, a maior incidência aconteceu entre pessoas na faixa de 25 a 29 anos, com quatro óbitos.

Em seguida, aparecem as faixas de 18 a 24 anos, 40 a 44, 50 a 54 e 70 a 74, com dois óbitos cada. E ainda: de 35 a 39, 45 a 49, 50 a 54, 60 a 64 e 65 a 69, com uma vítima fatal em cada uma das faixas etárias.

Nos 12 meses de 2020, o Infosiga registrou a maior incidência de óbitos entre pessoas na faixa de 25 a 29 anos e na de 40 a 44, com três falecimentos em cada.

Os demais acidentes vitimaram pessoas entre 18 e 24 anos, 45 a 49, 50 a 54 e 60 a 64, com dois óbitos cada, além de dois óbitos com idades não definidas, e ainda: 30 a 34 (um), 35 a 39 (um), 70 a 74 (um).

De acordo com o diretor do Departamento de Mobilidade Urbana, Yustrich Azevedo Silva, a redução é resultado de três ações que envolvem educação para o trânsito, fiscalização e engenharia de tráfego.

“Como nos anos anteriores, trabalhamos com ações educativas e intensificamos as fiscalizações. Atrelado a isso, temos também a engenharia de tráfego. Essas ações formam um triângulo em que se baseiam as nossas atividades e planejamentos”, apontou o diretor.

Silva também atribuiu a queda nos índices de acidentes com vítimas fatais à criação de minirrotatórias (reportagem nesta edição) em cruzamentos que dependiam de direcionamento de tráfego.

“A partir do momento em que colocamos minirrotatórias em conjunto com as pinturas viárias e direcionamento de fluxo, fazemos com que as pessoas respeitem o outro condutor na mão de direção e, consequentemente, a legislação de trânsito, contribuindo muito para a redução de acidentes”, afirmou o diretor.

O diretor aponta que o DMU também tem como base de planejamento o mapa de calor do Sistema de Gerenciamento de Informações de acidentes de trânsito com vítimas do estado de São Paulo.

“Pelo sistema, temos os locais com maior índice de acidentes e, por ele fazemos os trabalhos necessários para reduzir os índices. As ações envolvem engenharia de tráfego, intensificação de fiscalização e, se for o caso, implantação de dispositivos de redução de velocidade”, explicou Silva.

Os dispositivos de redução de velocidade implantados na cidade para a redução de acidentes, conforme citado pelo diretor, são: lombadas, faixas elevadas e o mais novo projeto, chamado “Urbanismo Tático”.

A ação é experimental e faz parte do projeto “Tráfego Calmo”, que envolve uma série de mecanismos físicos para possibilitar que aqueles que estão se locomovendo a pé em regiões específicas da cidade tenham o “deslocamento priorizado”.

“O programa Tráfego Calmo nasceu da necessidade de se desenvolver aparatos que contribuam para o respeito no trânsito. A ação consiste na implantação de um novo desenho urbanístico para melhorar o convívio entre os veículos e os pedestres”, explicou o diretor.

O primeiro ponto a receber a ação experimental foi o cruzamento da rua Prudente de Moraes com a Capitão Lisboa. No local, o DMU efetivou o alargamento da calçada, por meio da instalação de pneus pintados – que estão sendo reutilizados como vasos – e uma pintura diferenciada no solo.

Segundo Silva, a ação trouxe diversas mudanças para o trânsito. Uma delas é permitir ao pedestre atravessar a rua de forma mais segura, realizando o trajeto em menos tempo, em razão da diminuição do espaço.

Além disso, o diretor ressalta que os veículos tendem a transitar em menor velocidade quando chegam ao local, o que acabou resultando na redução de atropelamentos de pedestres.

A redução de ocorrências envolvendo pedestres também é apontada pelo levantamento do Infosiga. Conforme o órgão estadual, as mortes por atropelamento caíram 75% em 2021, passando de quatro casos nos 12 meses de 2020 para um no ano passado.

Entre os modais, o considerado mais perigoso pelo DMU continua sendo a motocicleta. Em 2021, nove motociclistas morreram em decorrência de acidentes de trânsito – o que representa 60% das mortes em Tatuí. Os outros 40% envolveram automóveis (cinco, 33%) e pedestres (um, 7%).

Conforme o Infosiga, em 2020, oito das 19 pessoas que perderam a vida envolveram-se em acidentes com motocicleta (42,10%). Outras quatro ocorrências vitimaram pedestres (21,05%), seis eram ocupantes de automóveis (31,57%) e uma era condutor de caminhão (5,26%).

As colisões vitimaram mais pessoas nos dois anos, com nove óbitos de janeiro a dezembro de 2020 e nove no mesmo período de 2020. O número de mortes por choque (ocasião na qual um dos veículos ou objeto atingido não está em movimento) aparece em seguida, com dois em 2021 e três em 2020.

Já os óbitos provocados por “outros tipos” de acidentes (capotamento, tombamento e quedas) ou causas não identificadas em boletins de ocorrências registraram três mortes em 2021 e três em 2020.

Os condutores representam 93,33% das mortes no ano passado (14), contra 63,16% em 2020 (12). Em seguida, aparecem os pedestres, com 6,67% dos óbitos em 2021 e 21,05% em 2020.

Para reduzir o número de acidentes com motocicletas, o diretor apontou estar trabalhando com ações de fiscalização em conjunto com a Guarda Civil Municipal e a Polícia Militar em determinados pontos do município.

“Um dos principais pontos fiscalizados, atualmente, é a avenida Teófilo Andrade Gama, no bairro Vida Nova Tatuí. Também temos ações planejadas para o Jardim Aeroporto, vila Angélica e outros pontos com ocorrências frequentes de motociclistas desrespeitando a legislação de trânsito”, antecipou o diretor.

Silva ainda apontou ter planejamento para aumentar o número de agentes de trânsito para intensificar as fiscalizações, principalmente nos horários de pico e próximo às unidades escolares, para “puxar” o trânsito, direcionando os condutores pelo tráfego seguro.

Nos três primeiros meses de 2021, a cidade registrou consecutivos aumentos na comparação com 2020: de zero para um em janeiro, de um para dois em fevereiro e de um para dois em março.

Em abril, o número de mortes por acidente ficou zerado, enquanto, em 2020, um caso havia sido registrado. Em maio, o número de fatalidades permaneceu equivalente ao ano passado, com um acidente no quinto mês de 2020 e um em 2021.

Em junho, as fatalidades subiram de uma para duas; em julho, caíram de cinco para uma; em agosto, novamente, não houve registro de morte, contra três no ano passado; em setembro, o número voltou a subir, passando de um para dois casos.

No mês de outubro, a estatística ficou estável, com um caso em 2020 e um em 2021; em novembro, novamente ficou estável, com um caso em 2021 e outro em 2020.

Dezembro

No mês de dezembro, o mais recente divulgado pelo órgão estadual, as estatísticas também apontaram queda nas fatalidades de trânsito em Tatuí. Conforme o Infosiga, o município somou duas mortes em 2021 e outros três óbitos em 2020.

O primeiro acidente de dezembro de 2021 ocorreu na tarde do dia 11, uma segunda-feira, vitimando uma mulher de 22 anos. A jovem conduzia uma motocicleta e colidiu com um carro na rua Maneco Pereira.

Outra fatalidade foi registrada na madrugada do dia 13, uma quarta-feira, no quilômetro 129,86 da rodovia Castello Branco (SP-280), vitimando o motorista Edson de Souza Correa, 48 anos, morador de Osasco (região metropolitana de São Paulo).

De acordo com o boletim de ocorrência, por volta da 1h50, uma equipe da Polícia Militar Rodoviária foi acionada para atender ao acidente. No local, os agentes constataram que o veículo, um Ômega GL, conduzido por Correa, colidira com a traseira de um caminhão.

Conforme o boletim, o motorista do veículo pesado prestou socorro à vítima, entretanto, ela acabou falecendo em uma unidade hospitalar de Tatuí. O veículo de Correa e o tacógrafo do caminhão foram apreendidos.

Os dados do Infosiga são atualizados mensalmente pela Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal e Corpo de Bombeiros. As corporações encaminham dados do SioPM (Sistema de Informações Operacionais da PM), que soma os acionamentos de viaturas para atendimentos.