Fantasmas tatuianos





Alguns casos não têm explicação plausível. Relatos de aparições, espíritos, vultos, atividades paranormais existem por todo o mundo. Pensando nesse assunto, lembrei-me de um caso que, para muitos, foi misterioso. No começo da década de 1960, meu tio Luiz tirou uma foto no quintal da casa de vovô Tonico e, junto com aqueles que faziam pose, apareceu uma imagem semitransparente de uma mulher aparentando olhar ao longe, protegendo os olhos do sol, vestida com roupas de minha avó, falecida em 1958.

A foto impressionou toda a família. O negativo e as cópias dessa foto foram analisados por um laboratório de São Paulo, que conclui não ter sido uma montagem e nem sobreposição. Quando observei a foto alguns anos depois, percebi que, além da imagem dessa mulher, aparecia também, deslocada de seu local original, a silhueta dos lambrequins da varanda, o que dava para deduzir uma sobreposição involuntária. Mas essa é apenas a minha opinião.

No jardim da casa ao lado, que também foi de vovô, poucos anos depois desse caso, familiares de Mauro Mota, inquilinos que lá residiram, assustaram-se em uma noite sem luar, com a visão de um vulto fantasmagórico que apareceu próximo à pitangueira que existia no quintal. Esse fato ainda é lembrando pelos filhos do casal que lá residiu. Mistérios.

Curioso, busquei saber de casos semelhantes pesquisando na internet e, então, descobri que são comuns os relatos desse tipo de aparição, mas em museus. Há, inclusive, alguns casos em que os vultos foram fotografados e até filmados. Muitos desses casos foram analisados por peritos, os quais concluíram que não ocorreu nenhuma manipulação de imagem Mas não há explicação para os fatos, permanecendo o mistério em todos os casos relatados. Entretanto, os relatos são recorrentes e acontecem por todo o planeta.

Pensei, então, no seguinte: será que em Tatuí há algum caso semelhante? Temos um museu instalado em um edifício que, durante muitos anos, funcionou como cadeia pública, um local em que muitas pessoas viveram períodos de intenso sofrimento. Não encontrei nenhuma prova fotográfica de atividades paranormais no museu, mas ouvi alguns relatos impressionantes.

Durante algum tempo, no prédio do museu funcionava uma parte do Conservatório de Tatuí. O museu estava praticamente desativado, com os objetos amontoados aqui e ali. Esse local foi edificado para abrigar a cadeia pública e o fórum. Teve essa destinação durante muitos anos. As celas da cadeia estavam localizadas no piso térreo e no porão, enquanto que o fórum funcionava no piso superior.

Não há dúvidas de que se trata de um local em que pessoas passaram por situações de aflição. Mesmo que essa cadeia não possa ser comparada com as atuais, superlotadas, era um local angustiante. Mas havia algum consolo, pois as celas em que os presos cumpriam suas penas eram arejadas, pé-direito alto, forro de madeira, bem construídas, a ponto de oferecer certo grau de conforto: quentes no inverno e frescas no verão.

Conta-se até que o Zezinho Sombra, famoso ladrão de bicicletas da década de 1960, na ocasião de sua prisão, resistiu tanto que foram necessários dois policiais para imobilizá-lo. Preso por um bom tempo, acostumou-se com a rotina da cadeia: comida boa e na hora certa (café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar), jogos de baralho e palitos, gibis doados, passeios no pátio, conversas infindáveis com os companheiros de cela.

Considerou que a cadeia havia sido uma “mãe” para ele. Tanto que, quando cumpriu sua pena, foi preciso que quatro policiais entrassem na cela para arrancá-lo de lá, na marra. Desejava continuar por ali, sem trabalhar, sem preocupações…

Mas, voltando ao assunto principal, na época em que estava instalado lá o Conservatório, quando algumas pessoas iam estudar seu instrumento em determinados locais, ouviam ruídos inexplicáveis. Outros, enquanto tocavam, ouviam sair de seu instrumento notas completamente fora da melodia, sem que tivessem sido tocadas.

No porão, onde estudavam alguns alunos, o próprio ambiente era tétrico, sendo que muitas pessoas não conseguiam entrar e permanecer lá por muito tempo, sentindo uma espécie de opressão invisível.

São inúmeros os relatos de pessoas que, em horários em que não havia mais nenhuma pessoa por ali, percebiam que o silêncio era constantemente interrompido por ruídos, conversas, estalos, sons musicais, gemidos… Essas pessoas saíam de lá “voando”, sem olhar para trás, arrepiadas…

Mas, pelo que sei, não há nenhuma fotografia em que uma assombração do museu aparece. Porém, se há realmente fantasmas, um belo dia, quando alguém fotografar algum objeto exposto no museu de Tatuí, pode ser que, ao revelar a foto, encontre por lá uma aparição inesperada de um espírito brincalhão fazendo “buuuu”!